Professor único?
Ainda não se encontram definidos os contornos da proposta que se está a forjar de dotar os alunos portugueses de um professor único no 2.º Ciclo, ou seja, nos actuais 5.º e 6.º anos. A história chegou-me aos ouvidos por via de uma conhecida que se quer fazer professora profissional. Na história que me foi contada, a ideia era não «traumatizar as crianças» vindas da instrução primária com a passagem abrupta de um para vários professores no ciclo preparatório. Haveria apenas um único professor para acompanhar as crianças durante seis anos.A única notícia que descobri na Internet sobre o assunto, foi esta, na TSFonline. Trata-se de uma versão mais soft da história ouvida, mas não completamente esclarecedora: no 2.º Ciclo (5.º e 6.º anos) passaria a haver um professor-tutor responsável pelo ensino de Português, Matemática, Ciências da Natureza, História, Geografia de Portugal. Um dirigente da Fenprof, Francisco Almeida (o qual, apesar do apelido, não é da minha família), já criticou o projecto afirmando ser «impossível um único docente preparar tantas áreas».
A crítica à exigência de preparação do docente-tutor parece-me pertinente. Na discussão que tive com outras pessoas acerca do assunto, outras desvantagens do sistema vieram à baila. Todos nós sabemos como nessas tenras idades a aprendizagem é inseparável da relação que se estabelece com o professor. Quantas vezes um aluno, mesmo inconscientemente, é classificado como mau por um professor numa determinada disciplina e, quando muda de professor, passa a ser bom? Ou quantos alunos têm resultados muitíssimos desiguais em diferentes disciplinas? Se um aluno, de dez ou onze anos, embirrar com um professor-tutor, ou vice-versa, os resultados serão desastrosos. Mas, pelo contrário, se um aluno adorar o seu professor-tutor, a brusca passagem de um professor para dez, aos treze anos, não será menos traumática do que a actual chegada ao 2.º Ciclo.
Falando pela minha experiência, eu senti, nesse súbito acréscimo de professores ao chegar ao «ciclo preparatório» a sinalização de um grau de maturidade. Já não era criança como na instrução primária e gostei de me sentir mais adulto. E quer-me parecer que, actualmente, os miúdos de dez, onze anos, já são mais adolescentes do que crianças graças aos ipods, à Internet, aos telemóveis, à televisão por cabo e outras parafernálias que não existiam nos «meus tempos» de pré-adolescente.
Até mais ver, o «eduquês» que prepara a aceitação do professor-tutor, esconde uma abordagem «simplex» das questões de ensino não descortinando grandes diferenças entre «professor único» e «cartão único» com funções integradas. Talvez a curto prazo o professor único saia mais barato, mas, a longo prazo, também e principalmente na educação, o barato sai caro.








A luz que emana dos faróis instalados em Bruxelas e em Estrasburgo (ainda) não seduz uma boa parte dos eleitores sérvios.




Depois de (aparentemente?) titubearem e muito (sinceramente?) pedirem publicamente desculpas após o atentado da ETA em Barajas, Zapatero




















