quinta-feira, janeiro 04, 2007

Apocalipses.

«Gripe das aves - Todos os anos, o mundo prepara-se para um novo Apocalipse. Em 2006, o Apocalipse seria aviário, com um vírus da gripe que, nas estimativas mais conservadoras, acabaria por dizimar milhões de seres humanos. Morreram umas seis dezenas, sobretudo em países sem grandes cuidados de saúde e de higiene, ou seja, incomparavelmente menos do que os milhares de infelizes que, todos os anos, tombam para lado com uma gripe "normal". A aves foram como vieram. Sem ninguém ver. Para o ano há mais.»
Da ciência e da razão muito dependemos (para o bem quero dizer). Mas muitas vezes, também, ela, ou quem fala em seu nome, nos prega partidas. Talvez nessas alturas não seja ciência mas sim embuste ou uma outra (mais uma) espécie de religião dos tempos modernos. Não sei. Para o caso, e a propósito do texto acima transcrito de João Pereira Coutinho sobre o “flop” que se revelou a “pandemia” da “gripe das aves” – que até artigo na Foreign Affairs mereceu –, já para não falar nas “vacas loucas”, ou nos “nitroforâneos” (?), como querem que alguém leve a sério o “aquecimento global”, as suas causas e as receitas que poderão inverter a sua (suposta) dramática progressão? Ainda alguém se lembra das proporções dramáticas e irreversíveis que atingia o “buraco no ozono” que tirou o sono a tanta gente? Às vezes parece que estes novos apocalipses – como foi na minha adolescência um outro que garantia a inevitabilidade de uma guerra nuclear que destruiria a vida na terra – não fazem mais do que maçar-me. E maçar-me tanto ao ponto de ter que escrever estas linhas. Mas faço-o pragmaticamente. É que quando nos cansarmos do “aquecimento global” (como nos cansámos das certezas de um regresso de uma nova Idade do Gelo de que muito se falava quando eu tinha 9 ou 10 anos), e outro apocalipse for anunciado, eu já só terei que vir aqui ao arquivo do «Amigo do Povo» pescar este texto, também ele maçador. Mas útil. Ao menos do ponto de vista da minha sanidade mental.