sexta-feira, outubro 31, 2008

Leituras matinais

A questão do entrismo nada tem de novo, imaginar que é agora que reaparece... o verdadeiro entrismo de PCP e BE está feito há muito. Consistiu em entrar nos parlamentos (nacional e europeu), esses órgãos ao serviço dos interesses burgueses. A ideia de dar cabo do PS, essa, é tão velha como o seu falhanço, só isso.
Já a propósito de coisas discutidas ontem, na agenda pós-laboral, vale a pena mencionar este artigo. O trânsito de ideias é o que faz a liberdade, daí a importância de se observar o código da realidade.

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quinta-feira, outubro 30, 2008

Agenda (pós-laboral)

Aqui.
Cortesia destes senhores, que terei mais logo o prazer em conhecer em pessoa.

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quarta-feira, outubro 29, 2008

Publicidade Profiláctica

Sendo que prevenir é ainda o melhor remédio, atentem em Como Evitar Golpes Militares, novo livro de Luís Salgado de Matos, que será lançado amanhã pelas 18:00h, no Museu Militar, em sessão presidida por Jorge Sampaio. O obra será apresentada por General Loureiro dos Santos e de Jorge Reis Novais.

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Pequena história de um centro periférico

José Cardoso Pires (1925-1998) nasceu numa aldeia do centro de Portugal. Um centro literal que ele descrevia a norte, tão longe o tinha. Desse calcanhar do mundo*, duro tanto quanto periférico, não guardou boa memória. Carregou o Peso natal como coisa imprecisa e indesejada, lembrança de várias pobrezas - sempre o disse sem meias palavras. Meias, inteiras, quem pense que nem as de um escritor duram bem se pode desenganar: a memória das dele marcou muito os que de lá tiraram outras melhores. Chegado o dia de dar nome à biblioteca do concelho, e avançado o do autor no rescaldo de um colóquio sobre a sua obra, discutiu-se como se não discutia há muito. Meses e meses de artigos em jornais regionais, conversas entusiasmadas, desabafos tasqueiros, abaixo-assinados. Como dizem os vilarregenses, uma deceinação: afrontaram-se uns, confrontaram-se outros, enfrentaram-se a si mesmos os que a tanto se dispuseram.
Domingo passado inaugurou-se o novo edifício, homónimo e depositário de algumas das obras que guarneceram a vida ao autor. Julgo que nenhum dos discursos proferidos omitiu nem arredondou os cantos à sua perspectiva, nem à polémica, ainda viva, em torno da homenagem a esse filho da terra que amou outras que não a de origem.
Se soar optimista, paciência - leio nisto um Portugal um bocado mais franco, menos ressentido consigo mesmo.
O que há num nome? Tanta coisa.

[Fotos: entrada da Biblioteca Municipal José Cardoso Pires; pormenor do espólio bibliográfico do escritor, doado pela família]

* Expressão e título de um dos romances de Vergílio Godinho (1902-1987), escritor e advogado natural de Ferreira do Zêzere , mais tarde habitante da Fundada, em Vila de Rei. Prémio Ricardo Malheiros em 1942.

segunda-feira, outubro 27, 2008

Já que falas em Biblioteca Municipal, Carlos

[Vila de Rei, 26 de Outubro de 2008]

, tenho a história de uma nova para contar. A postagem segue dentro de momentos.

Estudos exílicos

Adolfo Casais Monteiro, por aqui muito referenciado, está a ser objecto de uma série inédita de iniciativas. No próximo dia 11 de Novembro , ao fim da tarde, a BNP irá acolher uma mesa redonda, com Fernando J. B. Martinho, Teresa Cascudo e este vosso criado já confirmados. No dia 28 do mesmo mês, a sua relação com Régio será objecto de uma intervenção minha na Biblioteca Municipal de Vila do Conde.
Nada mau, especialmente se atendermos a que o exílio de homens como Casais foi causado desde logo pela experiência anterior de exílio interno: sem direitos políticos, sem carrreira viável, sem segurança pessoal ou familiar... E se pensarmos que vários dos que partiram nunca voltaram (pense-se no recém-celebrado Eduardo Lourenço), mais a evocação dos nossos exilados é útil e pertinente.

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quinta-feira, outubro 23, 2008

Com a vossa licença,

...declaro o Dia Comemorativo da Não-Comemoração. É certo que vem de muito longe a evocação anual de divindades, personalidades históricas, acontecimentos verdadeiros e míticos, que assim chegaram até nós (muito, pouco ou nada intactas) as festividades civis, os feriados religiosos, os memoriais, e que estes encerram valor civilizacional na sua lógica celebrativa; mas esta actual tendência para comemorar tudo o que se possa imaginar anda a transformar o calendário gregoriano numa agenda saturada e saturante. É claro que a ideia - em grande medida propulsionada pela ONU, e em particular pela UNICEF e UNESCO, depois mimetizada por várias outras organizações e estados - de instituir dias nacionais, internacionais e mundiais para sensibilizar as pessoas para determinada causa ou problema é positiva, mas como há-de uma pessoa sequer acompanhar todos sentidos propostos para cada dia, todos os dias? Levante a mão quem nestes últimos deu pela celebração do dia da música, do vegetarianismo, as pessoas idosas, dos correios, dos animais, da redução dos desastres naturais, do acesso livre ao conhecimento científico, da erradicação da pobreza e da lavagem das mãos, da alimentação, dos direitos autorais, do combate à osteoporose, dos professores, da animação, das biblotecas escolares. Chiça.

Uma espécie de hino...

A canção que tiveram oportunidade de ouvir foi proposta, de um modo provocatório, para substituir o hino nacional. O número de assinantes que sugeriu esta troca cresce diariamente através de uma petição que circula pelos correios electrónicos.
Este desejo de mudança reflecte o estado do país? O que é que isto significa? Tem algum tipo de pertinência?
O certo é que a música é um fiel retrato do nosso Portugal. Deliciem-se com esta música aspirante a hino da nação.

terça-feira, outubro 21, 2008

E o passado aqui tão perto

[Estação Arqueológica de Mesas do Castelinho*, Almodôvar (geocaching.com)]
Se me pedissem para apontar uma actividade em que os portugueses têm sido consistentemente bem sucedidos ao longo da sua história, o meu indicador tomaria sem grandes hesitações a direcção da diplomacia. Por isso espero que por aí haja ainda alguma margem de manobra negocial (estabelecimento de protocolos de investigação a longo prazo, termos de aquisição de espólio, etc.) relativamente à nau quinhentista portuguesa achada ao largo da Namíbia. Pela sua espectacularidade, o caso tem sido debatido em jornais e blogues nos últimos dias, ao contrário do que se verifica no caso das (menos cinematográficas) descobertas ocorridas no nosso país. Exemplos recentes? A demanda em curso pela antiga cidade de Dipo, a identificação da maior inscrição da enigmática Escrita do Sudoeste, entre vários outros. Ora, sendo a arqueologia um dos domínios do conhecimento que geram verdadeiro entusiamo entre maiores e mais pequenos, não se compreende que ela permaneça um campo tão subestimado pelos media portugueses. Não vejo como possa ser perda de tempo apostar no acompanhamento um pouco mais aprofundado destes trabalhos por meio de grandes reportagens, da publicação de artigos com bom infografismo, de reconstituições. Por regra só temos disponíveis notícias curtas, sem sequência, sem pedagogia e quase nenhuma ilustração (indispensável nos casos de achamentos importantes mas com limitada expressão monumental). É ver o movimento nas bancas sempre que se oferecem fascículos e séries documentais do género, sejam italianas, inglesas, norte-americanas. Terreno por escavar, este da divulgação arqueológica.

*Lugar onde em meados dos anos noventa, a par de tantos outros estudantes de Arqueologia&História&História da Arte da FLUL, sob direcção dos professores Amílcar Guerra e Carlos Fabião, aprendi um pouco de teoria de mãos na prática. O empreendimento científico de Mesas de Castelinho comemora este ano o seu vigésimo aniversário. Daqui envio parabéns aos seus promotores, bem como a todos os que com persistência, generosidade e alegria mais para ele têm contribuído.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Ao princípio do dia

Entendeu bem a marca de Weber, Alexandre, mas na verdade nem está assim tão longe do que eu digo como imagina. Verdade que, com um post como o seu, tínhamos de escrever livros inteiros para esclarecermos tudo... E eu mal consigo acompanhar o ritmo incessante do seu blog.

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quarta-feira, outubro 15, 2008

Urgências

Caro Alexandre,
Concordo com tudo, ou quase. O «quase» resume-se a, como escrevi por aqui há pouco tempo, eu pensar na Justiça como o problema fundamental de Portugal. Mas isso é um ranking dispensável, creio. Esta é apenas uma saudação e link para o seu blog.

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terça-feira, outubro 14, 2008

Saúde pública, bem público

Uma notícia clara, para variar. Além do debate que dará em certos locais (como este blog), louve-se o espírito republicano da iniciativa referendária. É que, se as questões de justiça são as que mais uniformemente atravessam os vários sectores da sociedade, as questões médicas radicais (de vida ou de morte, literalmente) são as que mais reclamam decisões colectivas. O acto médico, aqui (como no caso do aborto), tem não só uma integridade própria mas além disso um valor social que tem de ser atendido antes de tudo o mais. Tem toda a razão o proponente da iniciativa ao afirmar que todos os partidos políticos devem dizer o que pensam (mesmo que seja ainda de forma provisória) na campanha para as eleições de 2009.

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segunda-feira, outubro 13, 2008

Krugmania

Sempre fui um fã do novo nobel da economia: Paul Krugman, ao vivo (em conferências várias) ou em diferido (via New York Times). O debate sobre o seu peso científico é ponto a que o Miguel Morgado e o Manuel Pinheiro já aludiram com mais propriedade do que eu. Mas ainda direi mais...

Vale a pena, em tempos que se advinham de perigosa reacção proteccionista, recomendar ao bom povo o seu clássico Pop Internationalism; Return of Depression Economics ou Accidental Theorist. Ensaios de vulgarização que provavelmente quase lhe custaram o respeitável Nobel.




Não respondem a tudo. Não pretendem responder a tudo. Uma das preocupações fundamentais de Krugman tem sido precisamente mostrar o perigo das ideologias rígidas no campo económico: "The history of economic doctrines teaches us that the influence of an idea may have nothing to do with its quality - that an ideology can attract a devoted following, even come to control the corridors of power, without a shred of logic or evidence in its favor."



Sobretudo o que Krugman mostra é que é possível escrever de forma interessante, clara e divertida sobre a economia internacional. Ele também deixa claro que as notícias sobre a morte intelectual de Keynes foram fortemente exageradas. Portanto vale a pena comprar os livrinhos antes que os preços comecem a inflaccionar.

Miguel Morgado, Manuel Pinheiro e muitos outros - facto a que o próprio Krugman aludiu - ficaram chocados e surpreendidos com o vigor das suas críticas a George W. Bush e companhia. Afinal Krugman tinha fama de moderado.

No entanto, Krugman é um moderado por gosto pelo rigor e pelo bom-senso. Foi em nome desse rigor e desse bom-senso que ele denunciou frequentemente as políticas desastradas e desastrosas de Bush Junior sem se preocupar que subitamente o considerassem um radical. Em suma, um perfeito exemplo do vital center tão necessário em tempos de crise como estes.

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Falta à chamada



Se há problema central na sociedade portuguesa é o da Justiça, que atravessa e condiciona a resolução dos problemas de todos os outros subsectores sociais. Não fico convencido com as fórmlas «desvendar a justiça» ou «tornar a linguagem jurídica acessível a todos», mas os objectivos no seu todo são bons e urgentes. Não vou poder estar, mas espero que o Hugo Mendes possa e queira voltar à activa...

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sexta-feira, outubro 10, 2008

Coisa séria

Para variar, uma coisa séria, a que a «imprensa de referência» nem sequer se refere, claro.

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Repeat

No DN de hoje, assinado por três jornalistas com evidentes dificuldades com a língua portuguesa. Parece que no PS também há quem não perceba. Mas bastava lerem o que citam...
«O PS deixou cair a promessa de nas legislativas de 2009 fazer do casamento gay um compromisso eleitoral. É o que resulta da leitura da declaração de voto que hoje o partido apresentará para justificar no Parlamento o voto contra os dois projectos que vão ser votados (um do PEV e outro do Bloco de Esquerda). Nessa declaração lê-se que os socialistas só estarão em condições de fazer a "assunção clara e inequívoca de um compromisso político específico" sobre esta matéria depois de uma "maturada discussão" que gere "adesão na sociedade portuguesa" a esta ideia, ou seja, que permita "a criação dos necessários consensos que conduzam a soluções que garantam a realização duradoira e consistente dos princípios da liberdade e igualdade de direitos".Esta formulação, contrasta, pelo seu carácter vago, com o que José Sócrates prometeu na moção que sustentou a sua reeleição como líder do PS no último congresso do partido (Novembro de 2007). Aí lia-se que entre "novos desafios e objectivos" que o partido colocaria "ao escrutínio dos cidadãos em próximos actos eleitorais" estava o de "remover as discriminações que restam, na ordem jurídica e social portuguesa, designadamente as fundadas no sexo e na orientação sexual". Não havia referência nem a "consensos" nem a "adesão da sociedade portuguesa" e muito menos a "maturadas discussões".»
Ler até perceber, mesmo a má fé de considerar uma fórmula mais vaga que a outra não impedirá um módico de luzes. Já a confusão da posição do partido com a posição do grupo parlamentar é outra coisa, ainda que relacionada, a despolitização geral.

Adenda - Ainda a propósito da mesma realidade (não a mudança na questão gay mas a despolitização), o título de Público de hoje também é óptimo: «PS não garante casamento gay na próxima legislatura». Nem garante isso nem garante nada, como ninguém o pode fazer a um ano de eleições. A menos que o nosso jornalismo de referência dê como resultado oficial o anúncio de maioria absoluta do PS saído hoje no JN... Pobre povo,que não foges daqui, pensará o impoluto JMF...

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quinta-feira, outubro 09, 2008

Almanaque do Povo [Um Bocado Atrasado]

Há vinte anos: mais precisamente entre Outubro e Novembro, três revistas dirigidas ao público feminino português chegaram às bancas, mexendo na modorra do consumo estrito de congéneres francesas e anglo-saxónicas, ou dos tradicionais magazines de lavores e mundanidades cá do quarteirão. A Máxima, a Elle e a Marie Claire foram expressão e referência populares de um país em mudança de usos e costumes, onde entre anúncios a cremes e inventários de tendências estilísticas couberam também, entre outros, textos de Agustina Bessa-Luís, ou de Lobo Antunes, produções de moda com o trabalho de jovens criadores que hoje temos por valores seguros, entrevistas com personagens da cena política nacional e internacional, dossiers sobre saúde, cultura. Parabéns às duas primeiras, que resistem, ainda que com cada vez menos letra e cada vez mais imagem. Ante a incipiência vistosa da quase totalidade das suas novas concorrentes, ambas (quanto a mim, em particular a Máxima) seguem a léguas de qualidade. Parabéns também a jornalistas como Margarida Marante, Maria Elisa Domingues ou Maria Antónia Palla, que ao longo dos anos fizeram desses títulos mais que um exercício de saudável futilidade.

Pela Bloga: Quem ainda não deu pela Dieta Rochemback ou pelo Tame The Kant espreite por lá, que não perde a viagem. Ah, também não conhecia o blogue do João Tordo.

Ocidente-Oriente: Passam trezentos anos sobre a morte de Tomás Pereira, matemático, astrónomo, geógrafo e músico português. Este cientista jesuíta, personalidade de percurso e obra singulares, será objecto de reflexão no colóquio internacional a realizar-se de 13 a 15 de Outubro, no Centro Científico e Cultural de Macau.

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quarta-feira, outubro 08, 2008

Morto Vivo


É uma espécie curiosa e que é sobretudo visível no cinema. No entanto, eles existem, são bem reais, andam aí entre a vida e a morte. Desde os condenados à pena capital, os dead men walking americanos ou chineses, até aos doentes terminais ou com doenças com real risco de morte. O que todas estas espécies de mortos-vivos partilham, parece-me, é a distância, o alheamento face a muito do ram-ram que se convencionou chamar vida. O zoombie é por excelência um alheado. Vejam no cinema. Noutra coisa essencial o cinema acerta ao tratar do morto-vivo. Ele concentra-se compreensivelmente em comer. Ou seja, em manter-se vivo. Quem o poderá culpar? Vivo, ou morto-vivo - como diriam os profissionais da gestão - há que definir prioridades. Mas como George Romero (um especialista na espécie) deixa antever em obra mais recente, um total alheamento é capaz de cansar até um morto-vivo. A vida entranha-se realmente; embora, segundo parece, só possa acabar mal.

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Para que servem as polémicas à portuguesa

Em toda a polémica das casas da CML só espanta o desinteresse pela situação das casas devolutas em Lisboa, já para não falar do estado de abandono e de cuidados mínimos de conservação (a começar pela higiene pública) de tantas (todas?) as habitações em uso. Como em tantos outros casos, é para isto que serve a polémica à portuguesa: fala-se das mentalidades para não se falar das práticas, fala-se do pessoal para não falar do essencial. E todas as outras casas de Lisboa, as que não são da CML, será que a CML tem com elas o comportamento que devia?

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Oh Pereira Coutinho, deixa a Liga em paz!

Seria de estranhar que a opinião "iluminada" não viesse tecer considerações em defesa da ruralidade ignorante, que não compreende o complexo fenómeno da comunicação. Seria de estranhar que esta gente captasse o carácter genuíno das personagens que fazem uma terra ser especial e única, tão diferente dos condomínios onde a intelectualidade pensa e escreve.

quinta-feira, outubro 02, 2008

Refresh

Quantas vezes se ouve um poeta dizer a sua poesia? Cem anos são pretexto para muita coisa, nem toda a poesia caminha para o silêncio.

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quarta-feira, outubro 01, 2008

Actualização

A propósito do convite de ontem, uma actualização. Está na webpage da BN e conhecerá desenvolvimentos nos próximos meses, alguns dos quais bem invulgares.

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