segunda-feira, janeiro 01, 2007
Depois de ter lido que a “superioridade moral do Ocidente” passara a andar pelas ruas amargura pelo facto de Saddam Hussein ter sido julgado e executado, já para não falar em inúmeros outros textos que falam do antigo ditador iraquiano ora como “vítima” ora como “mártir”, só falta elegê-lo, em concurso televisivo, ou não, como o “grande iraquiano” da história. Desde que, claro está, as outras "vítimas" (as verdadeiras?) não tenham voto na matéria. Mas cheira-me que não votariam. Porque será? Por estarem mortas? Não. Por causa da superioridade moral de Saddam Hussein!
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8 Comments:
A foto está mal escolhida. Esta imagem não reporta o massacre dos xiitas por Saddam,mas o massacre dos Curdos comunistas por guardas da revolução xiitas iranianos.
"já para não falar em inúmeros outros textos que falam do antigo ditador iraquiano ora como “vítima” ora como “mártir” "
A que textos se esta' a referir. Importa-se de apontar algum link para alguem, com um minimo de credibilidade (evidentemente), que tenha defendido que o Saddam era um martir, ou uma vitima?
Agradeço a correcção sobre o verdadeiro “objecto” da foto, embora no “google image” a imagem em causa identificasse vítimas produzidas pelo regime de Saddam Hussein. Quanto ao segundo comentador devo dizer que, de facto, me apanhou na curva. Em primeiro lugar por que Saddam não tem sido apresentado em lugar algum – neste país ou no mundo – como “vítima” ou “mártir” e porque, claro está, quem deliberadamente se engana na escolha da foto que ilustra o seu post só deve andar aqui a atirar areia para os olhos dos “outros”. Pena é que eu me tenha esquecido que os “outros” são muitíssimo espertos.
"Quanto ao segundo comentador devo dizer que, de facto, me apanhou na curva."
Como? Limitei-me a pedir alguns links para perceber a que se referia, e a resposta que me da' e' "que os “outros” são muitíssimo esperto"?!?
A tese do Fernando Martins é a seguinte: "Ai estão falar mal do Ocidente, é? O Saddam era muito mais mau! E agora, heim, heim?"
E o la-c evitava de armar-se em esperto a pedir links para textos que não existem. Pra mim vens de carrinho!
caramelo
Aceito a pena de morte apenas no caso de julgamento de chefes políticos e militares responsáveis por crimes, por exemplo, como aqueles cometidos na Alemanha de Hitler ou no Iraque de Saddam (podia dar outros exemplos como Pinochet, Mao, Pol-Pot, Estaline, Lenine, Franco, etc., etc.).
Não estou aqui na qualidade de historiador por isso, e como não tenho todo o tempo do mundo para escrever os meus textos aqui para o amigo do povo, nem sempre ponho links para justificar aquilo que digo. Quem quiser acreditar acredita, quem não quiser acreditar também está à vontade. Mas um dos comentadores do meu post facilitou-me a vida ao escrever, por exemplo, que "assumir que estas questões de massacres e genocídios de Estado podem ser explicados e expiados por um indivíduo e pelo Mal que ele encarna pessoalmente" ou ainda "Passa também por cima do facto de Saddam ter sido executado sem que o seu julgamento tenha chegado ao fim. Foi condenado por um massacre cometido em 1982, mas não foi julgado pelo genocídio dos curdos, nem pelos outros crimes que cometeu. Por fim, claro esta', não foram apuradas as responsabilidades dos muitos cúmplices (indivíduos, organizações privadas, Estados) que teve ao longo das décadas."
Se isto não é ver Saddam como uma vítima não sei o que é. Imagine-se, aliás, o que seria julgar Saddam por todos os crimes antes de, eventualmente, o executar. Só sairíamos daqui quando o meu filho chegasse à "meia-idade". Tal faria todo o sentido se se estivesse apenas perante um problema de justiça. Ora nestes casos o que conta é a POLÍTICA. Quanto ao "Mártir" é só ler declarações de líderes sunitas e a reacção da rua sunita a propósito da condenação e execução de Saddam Hussein. Nada mais tenho a acrescentar mas estou sempre disposto a reconhecer a superioridade moral daqueles que me criticam. Passem muito bem! Sinceramente!
Caro Fernando Martins,
A foto ganhou o Prémio Pulitzer em 1980. Só este ano se revelou o nome do fotografo (Jahangir Razmi) que manteve o anonimato com medo de represálias.
A imagem data de 1979 e é um fuzilamento de curdos por guardas da revolução iranianos.
Caro Nuno,
Agradeço mais esta informação e louvo-lhe os conhecimentos vasto nesta e noutras áreas.
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