sexta-feira, maio 30, 2008

Debate esclarecedor

Depois de, na última vez, ter declarado que há sindicatos sérios (os que nunca se comprometem) e outros que não o são (os que negoceiam), o deputado Louçã descobriu agora que há sindicalistas sérios (os do PCP e do BE) e outros que não o são (os do PS). No fundo, é a mesma tese, resta saber se vai de novo reescrever as suas intervenções no Diário da AR.
Em todo o caso, ainda bem que é assim: tudo o que diminua as hipóteses de confusão entre BE e Esquerda democrática é clarificador.
PS - Cláudia, deixa estar, o PSD sempre foi um saco de gatos. De ideologia parda, como se nota quando se agarra ao poder a todo o custo (2004) enquanto insulta quem o largou para voluntariamente clarificar as coisas. Estas são apenas as últimas eleições internas antes das próximas...

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quinta-feira, maio 29, 2008

Posologia


Tenho lido algumas entrevistas e acompanhado outros tantos momentos televisivos dos candidatos à liderança do Partido Social Democrata. Porquê? Apenas porque gostava que o maior partido da oposição convalescesse rapidamente para voltar a fazer isso mesmo, oposição. Depois desse primeiro momento terapêutico que será a eleição, talvez o prognóstico permita que o partido volte a apresentar-se (mais que aos militantes, aos eleitores do tão apoucado quão decisivo centrão) como alternativa a quem de momento governa. Dito isto, que posologia tem sido apresenta nos debates e nas entrevistas individuais? Mário Patinha Antão, entre o grave e o indignado, insistindo nas virtudes naturais de se ser 'membro da sociedade civil'; Pedro Santana Lopes, sempre sofrido, agarrando a oportunidade para pouco mais que submeter a sua memória futura a cirurgia reconstrutiva; Pedro Passos Coelho, sereno, intentando a metabolização da novidade em impulso agregador; Manuela Ferreira Leite, apreensiva, esforçando-se por fazer valer o sublimado clássico (composição: experiência política; conhecimento técnico). Mesmo para não-militantes, parece evidente que Patinha Antão não seria mais que homeopático. Santana Lopes? Testes anteriores apresentam bastas provas de contra-indicação, não? Restam dois excipientes: uma Ferreira Leite mais conservadora, com algumas garantias e efeitos secundários; um Passos Coelho desenvolvido recentemente, com potencial inovador, de eficácia a comprovar. É caso para dizer: PSD, cura-te a ti mesmo.

[Foto: Artefacto recuperado durante a campanha para as autárquicas, c.2005. Não sei se acham bem lembrado um candidato personalizar uma caixinha-de-comprimidos para brinde eleitoral - eu acho hilário. E como factos são factos, convirá dizer que o candidato em causa ganhou.]

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terça-feira, maio 27, 2008

As Coisas

A acção decorre no teatro da Trindade entre dois caixeiros viajantes e o amor que têm pelas coisas. Serão as coisas mais importantes do que as pessoas ou as pessoas é que se esquecem delas próprias e tornam-se coisas? No fundo, esta peça de teatro apresenta-nos o debate da condição humana e dá-nos a descobrir o significado e o valor das relações num mundo onde escasseia o espaço e o tempo físico para se estabelecer ligações com os outros, onde o trabalho e a azáfama das cidades nos engole. A não perder!

segunda-feira, maio 26, 2008

Desigualdades

As recentes notícias que dão conta de um agravar do fosso que separa ricos e pobres são deveras preocupantes. Todo o ruído que normalmente surge em torno de quase todos os temas da vida nacional associado ao monopolismo noticioso a que assistimos hoje com a selecção nacional de futebol não ajudam a uma reflexão séria sobre estas graves constatações.
O problema de fundo prende-se com a distribuição da riqueza. Eu não sou economista, nem comunista, nem capitalista, nem penso sequer que seja possível evitar que, quer a nível do Estado, quer a nível privado, os lucros ou os méritos de uma carreira possam ser divididos de uma forma minimamente justa por todos os colaboradores.
Tenho no entanto uma proposta que, porventura ingenuamente, aqui partilho.
Uma forma de intervenção possível, na tentativa de diminuir este fosso, seria as instituições empregadoras facilitarem as actividades de voluntariado dos seus colaboradores. Com o acréscimo do trabalho voluntário, uma tarde ou manhã por semana, por exemplo, certamente que as múltiplas iniciativas que existem poderiam ajudar a minimizar este fosso. Só uma "sociedade civil" (não gosto muito deste termo) activa poderia influenciar decisivamente os processos de formação e auxílio daqueles que se encontram numa situação não privilegiada.
Fica a proposta de uma consciência cristã que se aflige com toda a alienação de um individualismo excessivo. Ajudar o outro sem fazer "caridadezinha" é ajudar, parece-me, toda a comunidade. Não só os "pobres" mas também os "ricos". Mesmo aqueles que se estão nas tintas para a fome que existe em Portugal.

domingo, maio 25, 2008

Almanaque do Povo

A Vanessa Fernandes: é a maior. Parabéns a ela, que segue cometendo, entre outras, a proeza de descentrar as nossas atenções do centrífugo futebol.

Cautionary Tales: sobre malta que levou a bloga um bocado longe e agora reflecte sobre a irreversibilidade das suas acções. Muito interessante.

Para ir acompanhado: o que se faz por aquele que foi em tempos considerado o país blogueiro por vocação, aqui fica a ligação para o Anuário de Blogues Franceses.

Divulgação: Quem não tenha podido assistir às Conferências de Maio 2008 e nelas tenha interesse, saiba que têm sido gravadas e postadas uns dias mais tarde, estando acessíveis no Youtube, mais especificamente no canal do Marco Oliveira, e também no blogue do Centro de Reflexão Cristã. A última ocorrerá na próxima quarta-feira, dia 28, pelas 18:30 (aqui), sob o título 'Portugal, Democracia Laica e Plural'. Nela intervirão José Lamego e P. o Peter Stilwell.

[Reprodução: Hagley Museum and Library]

sexta-feira, maio 23, 2008

Leituras para o fim de semana

1. Boas notícias, e uma notícia que seria bom confirmar-se.
2. Infelizmente, as confirmações são tristes: a ignorância é muito atrevida, ou toda esta conversa abrupta teria mencionado o fechamento dos subsistemas sociais de que Manuel Villaverde Cabral há muito fala. Eu referi-me ao assunto pela primeira vez quando o entrevistei para o Expresso há já 10 anos, e depois disso o tema não morreu. Decididamente, querer ser original à força dá mau resultado, especialmente para neoconservadores....
3. Mas mau mesmo é o resultado do estudo da UE sobre desigualdade social agora divulgado e que não espanta ninguém que, lá está, preste atenção ao que se passa. Se ao menos servisse para calar os que gostam de falar dos EUA (pese a comparação não fazer grande sentido)... Nota, como de costume má, para o título do Público, que apresenta a coisa como se fosse um estudo que retrata a situação gerada pela política actual e não pela política tradicional da cleptocracia nacional. Os dados relativos ao que se fez de 2005 para cá ficam numa peça à parte, sem destaque, para sobrar espaço para mais dados desactualizados...como se percebe na versão da entrevista publicada em papel.
4. Pior, só mesmo isto, o que resulta quando o laicismo não se implanta...assinar já.

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quinta-feira, maio 22, 2008

Ataques a imigrantes

Desde o início do ano que se registam, com uma frequência cada vez maior, na África do Sul, ataques aos imigrantes ilegais, sob a desculpa autóctone de falta de trabalho decorrente da presença de zimbaueanos e moçambicanos. O Congresso dos Sindicatos Sul-Africanos (COSATU) reconheceu que os problemas económicos sul-africanos não se devem à imigração. Bem pelo contrário, foi à custa desta que se tem desenvolvido o tecido económico sul-africano.
Paradoxalmente, ou talvez não, os imigrantes são o alvo de um povo que parece movido por um antigo refugiado dos anos do regime de apartheid e que voltou ao país sob a protecção do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados. É preciso não esquecer as disputas entre o presidente Thabo Mbeki que tem sido tolerante com o Zimbabué e Jacob Zuma, que quer uma maior pressão sobre Mugabe. Poderão estes distúrbios e desacatos estarem relacionados com o Zimbabué e com o Congo?

terça-feira, maio 20, 2008

Almanaque do Povo

Pergunta de bloguegibeira: O Diário migrou, ou "O Coveiro" fê-lo finar?

Um problema lusófono?: Não, não me refiro ao Acordo Ortográfico, refiro-me ao imponente perímetro de segurança que também por cá ainda é comum observar.

Aniversários: Mais dois weblogs completaram cinco anos de actividade - parabéns ao Em Busca da Límpida Medida e ao Almocreve das Petas; o Bicho Carpinteiro já conta três, por isso saúde, também.

Lá para as bandas do Utah: Dooce, o blogue de Heather Armstrong, née Hamilton, de que por aqui já falei, leva para cima de sete anos e é presentemente um dos mais lidos nos EUA e arredores. O que começou como diário de uma designer desaguada em L.A. é hoje relato-e-ganha-pão de uma família pouco típica na América profunda, por via da geração de receitas em publicidade. Isto foi possível porque Heather escreveu (e fotografou, e filmou) de forma atípica desde o início; quem a acompanha pôde ir sabendo uma parte do que lhe foi passando pela cabeça desde que foi despedida por gozar com a chefe e colegas de trabalho no dito blogue. Entretanto foi contando como casou, mudou de terra, teve uma filha, uma depressão pós-parto com direito a internamento, um contrato verbal com uma editora que acabou em processo judicial, alguns melanomas, dois cães e quilos de críticas por exposição da vida privada. Em consequência da publicação do seu primeiro livro (em co-autoria com outros amigos da bloga), vários mainstream media têm agora corrido a entrevistá-la (por exemplo, o WSJ), se bem que não sabendo muito bem por que ponta lhe pegar, ou rotulando-a de simples dotmom. É surpreendente constatar que mesmo lá, no país em que qualquer salão de cabeleireira tem ligação à internet há mais de uma dúzia de anos, o modo de vida blogueiro é visto como novidade.

[Reprodução encontrada no mui curioso Dias Que Voam]

Recordar é viver

Aproveitando o facto de o Esplanar ainda estar na barra lateral deste blog, um link já com quase dois anos. O que eu gramei há dois anos de leitores metidos a besta por dizer o óbvio a respeito de Ronaldo. Hoje, sem Nistelroy no MU e já melhor goleador da Europa, ainda tem de ouvir os entendidos nacionais dizer que na Selecção «não rende» - com o mesmo treinador que secou Pauleta e fez do Brasil campeão do mundo a jogar anti-futebol, pudera. E mesmo assim é de longe o melhor jogador de Portugal.

PS - Da Taça, e da final, nada a dizer, tão evidente foi a vitória do SCP. Igual evidência só a falta de dignidade do FCP e a impunidade dos seus «atletas» de boxe e afins...

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segunda-feira, maio 19, 2008

Pela hora da morte

Na minha ainda jovem vida é a primeira vez que sinto, realmente, o que significa uma crise inflacionista de preços. Estudei algumas do passado: as do pão, sobretudo, em várias épocas diferentes. Mas nunca senti um momento como este, em que não há outro assunto que aflija tanto as pessoas e de forma tão global, como a escalada do preço dos combustíveis, na nossa sociedade altamente dependente do gasóleo e da gasolina. Aparecem petições, apelos ao boicote, correntes de e-mails...
Ao contrário de outros temas mobilizadores da nossa sociedade (ou da nossa comunicação social), como o caso Maddie ou o futebol (em que as pessoas não podiam ou não podem fazer quase nada...), este problema é assustadoramente universal. Desde a classe média mal-remediada que se desloca ao shopping ao domingo, aos novos-ricos que preferem um mergulho no Algarve: todos irão necessitar de combustível para os seus automóveis.
Estaria a SEDES enganada quando falava da proximidade de uma crise social? Sabemos bem como a liberalização destes valores trouxe e trará consequências dramáticas, como o aumento dos transportes públicos ou de bens essenciais. Sabemos bem também como o Estado beneficia destes aumentos, pela cobrança do ISP, como se previa há quase um ano.
Mas como travar esta situação? Esta situação pode ser travada?

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sexta-feira, maio 16, 2008

A política depois da sua cultura

A despolitização, isto é, o esquecimento do que é a política, e, consequentemente, a sua confusão com uma série de peripécias fúteis, é coisa já antiga. Bem pode o PR queixar-se da ignorância dos «jovens» quando o jornalismo dito de referência se entretém, por motivação meramente facciosa, a reduzir uma visita de Estado de real importância a um «caso» que não interessa a ninguém, realmente.
Em vez dos acordos económicos (e do que eles revelam sobre o estado actual da Venezuela), em vez da situação de 600 mil portugueses emigrados, em vez da relação entre os problemas de energia e o investimento da Galp na Venezuela, todos os dias a conversa do cigarro, o triste «peço desculpa» e o fatal «prometo deixar de fumar». Eis a despolitização em pleno.
Nada disto é novo, nem sequer o caso concreto. O aviso foi feito a tempo, sobre o que a lei do tabaco aprovada o ano passado significa em termos de espírito de denúncia (viu-se logo na primeira noite da sua vigência, na «marcação» ao director da ASAE). Entretanto, Sócrates entusiasmou-se com a obamização (nas Novas Fronteiras dedicadas aos 3 anos de governo, a conversa estafada da «mudança»). Na despolitização nada se deve ao acaso...

PS - Outro caso, infelizmente com demasiados episódios para valer a pena seguir todos, é a campanha do PSD, com o seu Obama (Passos Coelho), com a sua favorita (Ferreira Leite) e com o seu desmancha-prazeres (Santana). Tudo, desde os ataques a Sampaio até à colagem de Cavaco a Ferreira Leite, é redução da política a uma inanidade tal que já nem é preciso refundar o partido sem ideologia que o PSD sempre foi, basta continuar sempre a fingir que nada se tem a ver com «aquilo», afinal o que todos fazem. A despolitização como substituto da política.

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Despedida

Há um tempo para tudo e o meu tempo na blogosfera, pelo menos na blogosfera de carácter geral e de comentário da actualidade, está a chegar ao fim. Despeço-me deste blogue agradecendo a todos os que comigo o fizeram com postes, comentários e visitas.

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Blade Runner - Perigo Eminente

A reposição nas salas da sétima versão de Blade Runner tem, a par da emoção de rever um clássico, um efeito inquietante: onde está o «verdadeiro» filme e onde está a réplica? É como se o tema deste filme de ficção científica – a dificuldade em distinguir entre seres humanos e «replicantes» - tivesse contaminado a película, a nossa ideia da obra, a nossa memória da história. Não gostei desta versão. Como não tenho uma colecção de DVDs com as versões anteriores estou impedido de fazer críticas seguras e rigorosas. Admito que a voz «off» debitasse informação irrelevante, mas acho que não devia ter sido totalmente eliminada, pois para mim é indissociável do filme, como a voz off de Apocalypse Now de Coppola ou de Europa de Lars von Triers. O filme de que me lembro começava com um mergulho no caos das ruas de Los Angeles em 2019 e rapidamente se transformava uma caçada de morte do «blade runner» Rick Deckard (Harrison Ford) à replicante Zhora. Na versão actual a sequência só parece ao fim de um terço do filme. O que está antes permite compreender melhor a história, mas adia o pathos, o «perigo eminente» sem o qual o drama perde intensidade e a sensação de beleza se dilui.
Blade Runner não foi um êxito de bilheteiras quando estreou, em 1982. Hoje está de novo em exibição e, por muito que enfraqueça em réplicas, penso que continuará a iluminar os nossos sonhos e pesadelos durante o século XXI. À distância, foi um filme a contra-corrente dos anos 80, década em que o cinema europeu se afundou, e Hollywood parecia imbatível com os seus filmes de «ingenuidade sofisticada». Na televisão e na música Michael Jackson parecia mostrar a capacidade da tecnologia e do dinheiro realizarem um mundo à parte e à medida dos sonhos mais íntimos, moldarem o próprio corpo à imagem dos desejos. Blade Runner era o lado negro do sonho. Como, também na área da ficção científica e também realizado por Ridley Scott, Alien, o oitavo passageiro. Ou, num género muito diferente, Blue Velvet, de David Lynch.
Hoje a imagem que temos dos «replicantes» tem outro nome: «clones». Mas o problema ético que uns e outros colocam é o mesmo: um cenário tecnológico que permite construir «sub-homens» destinados à exploração. Outros temas que fazem parte da agenda dos nossos dias estão lá – o descontrolo climático indutor de uma chuva asfixiante, uma sociedade sujeita a uma hiper-vigilância policial, o poder das corporações colocado acima de qualquer código ético e da vida sem horizontes do comum dos mortais. E, para a par de todos os problemas, a possibilidade do amor, de dar sentido e valor a uma vida neste mundo que pode ser curta e é certamente mortal.

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Sempre a aprender

Hoje, em amena cavaqueira, aprendi que na vida há duas "vias": a primeira não é bem uma via porque nos conduz imediatamente ao centro, na ignorância do caminho; a segunda também não é uma via lato sensu, porque nada está traçado: é preciso inventar o caminho à medida que se vai avançando.

quinta-feira, maio 15, 2008

Direito à indignação (IV)

Ver a candidata Ferreira Leite referir-se à falta de respeito de Sócrates pelos deputados é boa: o PM que voluntariamente limitou o número de mandatos do cargo e aumentou a frequência da presença na AR não é modesto o suficiente para quem, quando ministra de Estado, foi ao Parlamento dizer a um deputado da oposição que ele não merecia o dinheiro que ganhava (sic).
Mas afinal é a mesma administradora da banca espanhola em Portugal, saída do ministério das Finanças (bons tempos, acções não cotadas em bolsa do SLB a servir de penhor...), gente séria. Enquanto isso os palermas falam de Jorge Coelho.
Seriedade à portuguesa...
PS - E desta, que dizer?...

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quarta-feira, maio 14, 2008

Duas tragédias, duas respostas diferentes


Percebo pouco de relações internacionais, mas não há nenhuma "ralação" internacional com o que se passa em Myanmar? Depois deste escândalo, outra tragédia, agora na China. E a resposta foi diferente. Autoritário por autoritário, o regime chinês ficou aparentemente melhor na fotografia. E um pouco melhor também que a diplomacia internacional que assiste impávida e serena à morte de 35000 pessoas (coloco os zeros para não dar hipóteses a qualquer tipo de eufemismo!), 28000 desaparecidos, 1,5 milhões a necessitar de ajuda urgente...

terça-feira, maio 13, 2008

Direito à indignação (III)


Ouvir Mariano Gago falar da seriedade e transparência dos concursos do Compromisso para a Ciência, meu Deus, até eu que sou ateu...

Felizmente há esta, impagável...

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Direito à indignação (II)

Punições exemplares (eheheh), etc. e tal, mas para dirigir a final da Taça apenas um dos maiores ladrões do futebol podreguês, o grande Olegário Benquerença... só falta o globo de ouro Jesualdo vir queixar-se por antecipação...

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Micro-casos

A imaginação do Público continua em grande forma. Para quando uma manchete escatológica?
Já o Presidente, apesar da desculpa jesuítica, esteve bem ao deixar de fora os «activistas» juvenis do BE no encontro que promoveu com juventudes partidárias. Há quem finja não entender mas também há quem não se deixe tomar por parvo.

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segunda-feira, maio 12, 2008

Almanaque do Povo

Nargis: Nestes dias de comunicação instantânea é impressionante o tanto que não se diz, ouve, ou vê sobre a catástrofe provocada pelo ciclone Nargis. Os números (oficiais e oficiosos) relativos à mortalidade e problemas epidémicos vão subindo. No Rule of Lords, página alinhada com a oposição democrática birmanesa, pode-se ir obtendo noção do esforço diário de sobrevivência das cidades, vilas e aldeias do país. Será que nem agora as potências da vizinhança pressionarão tão miserável regime?

Divulgação: Já saiu a Minguante nº 10, passem por lá a espreitar.

Aniversários: Dois blogues que há muito gosto de acompanhar completaram recentemente o seu quinto ano de existência - parabéns ao Abrupto (dia 6) e Mar Salgado (dia 8).

Povo Cor-de-Rosa: Ontem vi dezassete minutos dos Globos de Ouro. Estacionei na SIC a meio de um zapping pela altura que Peter O'Toole tentava explicar a Bárbara Guimarães o conceito de bookie (Cultura by proxy não inclui Cassavetes?). Pensei estar a delirar. Não sei se isto foi antes ou depois de a apresentadora ter intimado Ivo Canelas a cuspir a pastilha elástica que lhe enrolava o discurso para dentro de um envelope. Depois fui beber um chazinho.

Ai, o auto-autoritário a censurar...

Se isto é verdade, então sempre que este inquisidor disser que «PS declara guerra à Esquerda», deve-se-lhe lembrar quem declara guerra à verdade.

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domingo, maio 11, 2008

Doutrina sobre a laicidade

«A fé cristã – seguindo o caminho aberto por Jesus – baniu a ideia da teocracia política. Dito em termos modernos, ela promoveu a laicidade do Estado, em que muitos cristãos convivem em liberdade com aqueles que têm outras convicções, unidos pela comum responsabilidade moral fundada na natureza humana, sobre a natureza da justiça. (…) o Estado laico é resultado da opção cristã original, embora tenha precisado de longos esforços para se compreenderem todas as suas consequências. Pela sua natureza, este carácter secular, “laico”, do Estado inclui aquele equilíbrio entre razão e religião que, antes, procurei ilustrar. Aliás, ele opõe-se ao laicismo como ideologia que, por assim dizer, gostaria de edificar um Estado da razão pura, separado de toda a raiz histórica e que, portanto, só poderá reconhecer os fundamentos morais evidentes para toda a razão. E de tal maneira que, no fim, só lhe resta o critério positivista do princípio maioritário, cuja consequência é o declínio de um direito governado pela estatística. Se os Estados do Ocidente percorressem esta única via, a longo prazo, não poderiam resistir à pressão exercida pelas ideologias e pelas teocracias políticas. Um Estado laico pode e, até, deve apoiar-se nas raízes morais inspiradoras que o constituíram; pode e deve reconhecer os valores fundamentais sem os quais não teria nascido nem poderia sobreviver. Não pode existir um estado da razão abstracta e a-histórica.»
Joseph Ratzinger, Europa. Os seus fundamentos hoje e amanhã, Apelação, Paulus Editora, 2005, p. 108-109

«A neutralidade ideológica do poder do Estado que garante idênticas liberdades éticas a todos os cidadãos, é incompatível com a generalização política de uma mundividência laica. Os cidadãos laicos, na assunção do seu papel de membros da sociedade, não devem negar liminarmente o potencial de verdade das concepções religiosas do mundo, nem tão pouco contestar o direito dos seus concidadãos crentes a intervir, numa perspectiva religiosa, em discussões públicas. Uma cultura política liberal pode, inclusivamente, esperar que os seus cidadãos laicos colaborem no esforço de traduzir contributos relevantes da área religiosa numa linguagem que seja acessível a todos.»
Jürgen Habermas, «Diálogo de Jürgen Habermas e Cardeal Joseph Ratzinger em torno dos fundamentos morais pré-políticos do Estado constitucional», in Estudos. Revista do Centro Académico de Democracia Cristã, Coimbra, Nova Série N.º 3 – Tomo I, Dezembro 2004, p. 55.

«VI – A separação das Igrejas e comunidades religiosas do Estado – ou seja, a independência recíproca entre elas – aparece, simultaneamente, como exigência de liberdade de religião e como corolário da laicidade do Estado moderno.
(…)
VII – Laicidade e separação não equivalem, contudo, a laicismo ou a irrelevância, menosprezo ou desconhecimento da religião.
Uma coisa é o Estado, enquanto tal, não assumir fins religiosos, não professar nenhuma religião, nem submeter qualquer Igreja a um regime administrativo; outra coisa seria o Estado ignorar as vivências religiosas que se encontram na sociedade ou a função social que, para além delas, as confissões exercem nos campos do ensino, da solidariedade social ou da inclusão comunitária.»
Jorge Miranda; Rui Medeiros, Constituição Portuguesa Anotada, Tomo I, Coimbra Editora, 2005, p. 448.

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sexta-feira, maio 09, 2008

Liberdade e horizonte juvenil

Quarenta anos depois do Maio de 68, evoca-se o acontecimento como um período absolutamente marcante na história da segunda metade do século XX através de uma série de iniciativas. Perspectivando aquela data mítica, Zuenir Ventura, autor de um livro clássico, lançou agora no Brasil outro livro intitulado O que Fizemos de Nós. O pertinente título da obra transporta uma pergunta inevitável sobre o que dos anos 60 vai restando.
Poderá haver quem se lamente do alheamento da juventude relativamente a um certo empenhamento social e político, mas nada disso poderá, na verdade, ser um motivo de espanto. Existem diferenças existenciais profundamente marcantes onde cada geração integra a sua experiência vivida. De uma maneira geral, os jovens de hoje, herdeiros do Maio 68, usufruem de uma liberdade conquistada mas sem perspectivas numa vida condenada à precariedade, ao provisório e à instabilidade, em contraste com aqueles que nos anos 60 eram jovens, porventura sem liberdade, mas que tinham no horizonte a perspectiva de uma estabilidade reconfortante. Na nossa contemporaneidade, a ansiedade juvenil, não pela falta de liberdade, mas pela falta de futuro (que era o que antes abundava) surge como um novo desafio a superar. Quando se tenta, hoje em dia, interrogar o afastamento da juventude, deve-se ter em conta esta ansiedade que, frequentemente misturada com desânimo, se torna na mentalidade reinante porque também é esse o enquadramento da realidade que é transmitido.

quinta-feira, maio 08, 2008

Respeito seria aprender com a experiência

Numa comunicação social em que ninguém sabe o que se passou ontem, muito menos tem memória, ler as excepções é sempre recompensador. Mas, por vezes, a vontade de ter algo para dizer a contracorrente subtrai à memória a reflexão que a deveria acompanhar - e que a torna pertinente. Medeiros Ferreira, por exemplo: lembrar a lei de segurança interna do governo do Bloco Central pela oposição que Cardia expressou (os outros seguiram-no, para quê nomear apenas alguns?...) é esquecer o óbvio. E, não custa dizê-lo, Cardia enganou-se, essa lei não foi «liberticida». Ainda bem que Cardia se enganou! Nada permite pensar que ele continuasse a acreditar naquilo que então disse da lei e das suas consequências. A memória, bem trabalhada, talvez servisse, isso sim, para não ser tão severo a respeito da aprovação actual de novas regras. A menos que haja argumentos, aquilo de que Cardia, certo ou errado, nunca prescindia. Isso é que seria bonito!

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quarta-feira, maio 07, 2008

Almanaque dos Povos

Como a Cláudia está algures nos 4 Caminhos, um pequeno contributo de actualidade...
Primeira paragem: Luanda, e a sua cleptocracia, reproduzindo de forma extremada a cleptocracia lusitana, só foram referidas abertamente por um ex-músico inglês (ou irlandês?), mas foi o bastante para uma enorme frente comum, capaz mesmo de unir o PCP aos Espírito Santo, o condenar. Como os compreendo... há uns anos, num e-zine dito de Esquerda, ousei observar que Angola não é democracia nenhuma e que Portugal tem nisso responsabilidades - pois não só não saiu o artigo como em seu lugar apareceu uma prosa entusiasmada com o regime internacionalmente reconhecido, etc. (um ano depois, descobriram o caso do jornalista Rafael Marques...)
Segunda paragem, Lisboa, à Lapa. Cavaquismo sem Cavaco: episódio IIIb ou VI ? O primeiro episódio de Cavaquismo sem Cavaco foi Fernando Nogueira; o segundo foi Barroso; a partir do terceiro, Santana, estávamos a descer ao nível de secretários de Estado, pois a seguir esteve Marques Mendes e, em quinto, Menezes. Tudo indica que, agora, tenhamos o episódio III em remake ou o take VI, com Ferreira Leite. Também, se virmos que a alternativa é o vazio de Passos Coelho (um verdadeiro Obama, sim senhor!)... Mas sejamos justos: o único líder que não foi emanado do cavaquismo foi o aliado pré-eleitoral de Portas, o tele-Professor...
Terceira paragem, Rua Viriato: por fim, uma oportunidade para elogiar o pasquim que sai a acompanhar o Inimigo Público! Destaque, na última Sexta, para o ressurgimento editorial do último grande historiador (cientista social) português, Vitorino Magalhães Godinho. Com o desaparecimento de Oliveira Marques e de Joel Serrão, a sua voz é hoje verdadeiramente única. E se A Expansão Quatrocentista Portuguesa tiver algures um leitor interessado em criticá-la na Prelo, é favor ter a prosa pronta até ao fim de Junho.

Entretanto, nas primárias democratas, a candidata rebaixa-se a ideias fiscais dignas do pensamento político do seu oponente - nulas. Mais uma vez as mulheres são vítimas das campanhas dominadas pelos media, pelo dinheiro e pelos homens, está visto...

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terça-feira, maio 06, 2008

Palavra puxa palavra

O repto linguístico tem passado de "mão" em "mão". Aceitando o desafio, aqui ficam enunciadas algumas das palavras que, não sendo das minhas preferidas, são certamente das que mais me fazem sorrir pelo seu carácter tipicamente português dado pelo seu significado ou pela sua sonoridade:

1) Gaiato
2) Pândega
3) Esbaforido
4) Morro
5) Galheta
6) Biltre
7) Afagar
8) Paradeiro
9) Hirto
10) Vagar
11) Acanhado
12) Renhido

segunda-feira, maio 05, 2008

Charles «Chuck» Tilly (1929-2008)

Morreu um dos maiores cientistas sociais do século XX, e um dos que certamente dará mais trabalho ao século XXI, um dos nomes grandes da sociologia histórica: Charles Tilly, ou «Chuck» Tilly, como gostava de ser tratado. Assim se apresentou a mim depois de nos cruzarmos numa conferência em que lhe levantei um par de objecções que ele quis discutir mais a fundo. Nos testemunhos que li de quem o conheceu realmente vejo sublinhados traços que também me impressionaram nesse breve encontro: a curiosidade intelectual, a disponibilidade para discutir as suas próprias teses e ouvir as dos outros.

Basta olhar para qualquer CV ou bibliografia para ver como, com os seus 78 anos, continuava a ser uma força da natureza. (Nesse encontro falei-lhe do seu último livro, e ele logo me corrigiu, «último não, já saiu outro!»)

Infelizmente só uma obra sua parece ter sido traduzida para português (aparentemente por fazer parte de uma colecção traduzida na íntegra) e parece estar esgotada. É pena. Ele até tem livros para todos os gostos e todas as carteiras. Num dos últimos - intitulado: Why? - dedicou-se a procurar uma tipologia básica das explicações que damos a nós próprios e aos outros pelas nossas acções.

Um cientista social incontornável para quem queira pensar o Estado e a Violência, um pensador deleitoso de ler para quem goste de análise ambiciosa, arriscada, interdisciplinar, comparativa.

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Vidas em comum



A beleza da reportagem especial, transmitida hoje no "Jornal da Noite" da SIC, não se prende simplesmente com o pouco que se pode fazer quando já quase nada resta num concelho tão desertificado e abandonado como o concelho de Odemira. Pouco podemos sempre fazer. Mas aquilo que a Taipa faz é sobretudo dar esperança e vida aquelas pessoas. E isso não é só muito como espanta onde o poder do associativismo e de uma vida de partilha, em comunidade, nos pode levar. A sociedade da abundância não compreende a taxa de suicídio de Odemira. Não compreende que a única coisa que nos pode salvar desse abismo da solidão são os outros. Só neles e para eles a vida deve ter o seu sentido. Sem quaisquer falsos sentimentalismos, permitam-me uma pergunta: há algo mais humano e belo do que o sorriso do agricultor Anastácio André - que mora a 1 h de distância da localidade mais próxima, sem luz e completamente isolado - quando vê um grupo de crianças a entrar pelo seu monte, para conhecerem onde é feito o seu "cabaz da horta"?

sábado, maio 03, 2008

Já agora

, aproveitando que mais uma vez aqui se fala de relações entre Estado e Religião, permitam-me que apresente o programa das Conferências de Maio 2008:

Questões sobre Laicidade

1 - Laicidade, Laicismo e Modernidade
Dia 7 de Maio, 4ªfeira, 18h30m
Fr. Bento Domingues
José Vera Jardim
Maria Lúcia Amaral

2 - Laicidade, Laicismo e Democracia
Dia 14 de Maio, 4ªfeira, 18h30m
Esther Mucznik
José Carlos Calazans
Pe. José Tolentino Mendonça

3 - A Construção da Laicidade
Dia 21 de Maio, 4ªfeira, 18h30m
José Eduardo Franco
Leonor Xavier
Luís Salgado de Matos

4 - Portugal, Democracia Laica e Plural
Dia 28 de Maio, 4ªfeira, 18h30m
José Lamego
Pe. Peter Stilwell


Iniciativa promovida pelo Centro de Reflexão Cristã
Entrada Livre
Local:
Centro de Estudos da Ordem do Carmo

Rua de Santa Isabel, 128-130. Lisboa (Metro: Rato)
[vide mapa aqui]

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A teima do Estado laico

Regressado a Portugal após uma semana fora, tento pôr em dia as leituras de periódicos, aproveito para arrumar velhos jornais deixados «à solta», dou uma vista de olhos em O Amigo do Povo e deparo com este poste do Bruno Cardoso Reis a propósito de uma discussão em torno do Estado Laico em Portugal. Algo não bate certo. É que o Bruno considera que «Estado Laico» é a expressão favorita de puristas dos modelos francês, turco e mexicano. Mas eu tropeço em defesas do «Estado Laico» em notícias e artigos de opinião de figuras religiosas portuguesas. Vejamos de perto uma amostra colhida ao acaso de O Público: Esther Mucznik, judia praticante, escreveu em 24 de Abril: «É por isso também de salientar o facto deste memorial hoje inaugurado [às vítimas do massacre de judeus/cristãos novos de 1506], produto da colaboração de duas entidades religiosas, se encontrar em espaço público e com o apoio e contributo da Câmara Municipal de Lisboa, entidade oficial do Estado laico, que assim entendeu que a Lisboa de hoje, para além da sua diversidade cultural e étnica, é também um espaço de liberdade religiosa onde a livre expressão das confissões religiosas em nada contraria o carácter laico da autarquiaFaranaz Keshavjee, uma islâmica investigadora e colunista, escreveu em 27 de Abril: «Considero a laicidade, ou a separação entre Estado e Igreja, um passo importante e “irrenunciável”». E a 1 de Maio é publicada uma pequena notícia afirmando que Bento XVI elogiou a «sã laicidade dos Estados Unidos». Bem sei que a tradição de laicidade norte-americana é diferente da tradição da Europa continental, mas a declaração mostra que o Papa não tem engulhos com a palavra.
É certo que «um Estado laico não é a única via para a liberdade», mas é uma via possível, bem mais praticável em Portugal do que a do Reino Unido em que a Rainha de Inglaterra é simultaneamente chefe do Estado e da Igreja Anglicana. Resta saber se as relações Estado-Igrejas não mudarão na Grã-Bretanha se se mantiver a tendência de diminuição da prática anglicana associada ao crescimento da confissão católica e no caso dessa instituição tão peculiar que é a monarquia britânica entrar em colapso…Também é verdade que a caracterização do Estado português como laico é mais uma interpretação do que está implícito no texto constitucional do que uma fidelidade à letra. Não vejo qual é a vantagem em anatemizar essa interpretação, quando ela é adoptada e usada por representantes de minorias religiosas em Portugal.

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