Blade Runner - Perigo Eminente
Blade Runner não foi um êxito de bilheteiras quando estreou, em 1982. Hoje está de novo em exibição e, por muito que enfraqueça em réplicas, penso que continuará a iluminar os nossos sonhos e pesadelos durante o século XXI. À distância, foi um filme a contra-corrente dos anos 80, década em que o cinema europeu se afundou, e Hollywood parecia imbatível com os seus filmes de «ingenuidade sofisticada». Na televisão e na música Michael Jackson parecia mostrar a capacidade da tecnologia e do dinheiro realizarem um mundo à parte e à medida dos sonhos mais íntimos, moldarem o próprio corpo à imagem dos desejos. Blade Runner era o lado negro do sonho. Como, também na área da ficção científica e também realizado por Ridley Scott, Alien, o oitavo passageiro. Ou, num género muito diferente, Blue Velvet, de David Lynch.
Hoje a imagem que temos dos «replicantes» tem outro nome: «clones». Mas o problema ético que uns e outros colocam é o mesmo: um cenário tecnológico que permite construir «sub-homens» destinados à exploração. Outros temas que fazem parte da agenda dos nossos dias estão lá – o descontrolo climático indutor de uma chuva asfixiante, uma sociedade sujeita a uma hiper-vigilância policial, o poder das corporações colocado acima de qualquer código ético e da vida sem horizontes do comum dos mortais. E, para a par de todos os problemas, a possibilidade do amor, de dar sentido e valor a uma vida neste mundo que pode ser curta e é certamente mortal.
Etiquetas: anos 80, Blade Runner, filmes
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