Liberdade e horizonte juvenil
Poderá haver quem se lamente do alheamento da juventude relativamente a um certo empenhamento social e político, mas nada disso poderá, na verdade, ser um motivo de espanto. Existem diferenças existenciais profundamente marcantes onde cada geração integra a sua experiência vivida. De uma maneira geral, os jovens de hoje, herdeiros do Maio 68, usufruem de uma liberdade conquistada mas sem perspectivas numa vida condenada à precariedade, ao provisório e à instabilidade, em contraste com aqueles que nos anos 60 eram jovens, porventura sem liberdade, mas que tinham no horizonte a perspectiva de uma estabilidade reconfortante. Na nossa contemporaneidade, a ansiedade juvenil, não pela falta de liberdade, mas pela falta de futuro (que era o que antes abundava) surge como um novo desafio a superar. Quando se tenta, hoje em dia, interrogar o afastamento da juventude, deve-se ter em conta esta ansiedade que, frequentemente misturada com desânimo, se torna na mentalidade reinante porque também é esse o enquadramento da realidade que é transmitido.
6 Comments:
E a juntar a isso os jovens tem outro grande desafio inerente à sua condição natural: nas palavras do Papa têm de ter cuidado pois "o sexo pode tornar-se numa droga".
« a ansiedade juvenil não pela falta de liberdade, mas pela falta de futuro» é uma frase bem achada. Toma nota, David, frases assim não surgem todos os dias.
Falta de liberdade/abundância de futuro
Sempre pensei que um dos motivos pelos quais se luta pela liberdade é conquistar o direito a ter futuro.
Afinal, há liberdade mas não há futuro. Liberdade, para quê se não há nada para além do presente (e do passado)?
Ensinámos aos jovens que o mundo deles é diferente do nosso, mas definhamos porque não tentam conquistar o futuro à nossa maneira.
Os jovens desconhecem o futuro e não se dão ao trabalho de o querer ver com os nossos olhos de velhos. É um direito da liberdade alcançada.
MJP
Caro abençoado,
O desafio enunciado circunscreve-se certamente aos jovens católicos a quem, no geral, é oferecido um sistema de fins últimos que dão sentido à vida e que tendem a ser critérios mediante os quais se julgam factos e acções. Apontam um caminho para esses fins que implica uma aceitação: para muitos, esse desafio é real e absoluto, para outros tal desafio passa por uma auto-determinação da sua vida.
Caro João,
Obrigado pela dica.
1 abraço
Cara(o) MJP,
Parece-me que um dos motivos pelos quais se luta pela liberdade é conquistar o direito de escolha, a ter ou não futuro.
O uso da liberdade é um direito de liberdade alcançado.
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