quinta-feira, maio 29, 2008

Posologia


Tenho lido algumas entrevistas e acompanhado outros tantos momentos televisivos dos candidatos à liderança do Partido Social Democrata. Porquê? Apenas porque gostava que o maior partido da oposição convalescesse rapidamente para voltar a fazer isso mesmo, oposição. Depois desse primeiro momento terapêutico que será a eleição, talvez o prognóstico permita que o partido volte a apresentar-se (mais que aos militantes, aos eleitores do tão apoucado quão decisivo centrão) como alternativa a quem de momento governa. Dito isto, que posologia tem sido apresenta nos debates e nas entrevistas individuais? Mário Patinha Antão, entre o grave e o indignado, insistindo nas virtudes naturais de se ser 'membro da sociedade civil'; Pedro Santana Lopes, sempre sofrido, agarrando a oportunidade para pouco mais que submeter a sua memória futura a cirurgia reconstrutiva; Pedro Passos Coelho, sereno, intentando a metabolização da novidade em impulso agregador; Manuela Ferreira Leite, apreensiva, esforçando-se por fazer valer o sublimado clássico (composição: experiência política; conhecimento técnico). Mesmo para não-militantes, parece evidente que Patinha Antão não seria mais que homeopático. Santana Lopes? Testes anteriores apresentam bastas provas de contra-indicação, não? Restam dois excipientes: uma Ferreira Leite mais conservadora, com algumas garantias e efeitos secundários; um Passos Coelho desenvolvido recentemente, com potencial inovador, de eficácia a comprovar. É caso para dizer: PSD, cura-te a ti mesmo.

[Foto: Artefacto recuperado durante a campanha para as autárquicas, c.2005. Não sei se acham bem lembrado um candidato personalizar uma caixinha-de-comprimidos para brinde eleitoral - eu acho hilário. E como factos são factos, convirá dizer que o candidato em causa ganhou.]

Etiquetas: