Tenho lido algumas entrevistas e acompanhado outros tantos momentos televisivos dos candidatos à liderança do Partido Social Democrata. Porquê? Apenas porque gostava que o maior partido da oposição convalescesse rapidamente para voltar a fazer isso mesmo, oposição. Depois desse primeiro momento terapêutico que será a eleição, talvez o prognóstico permita que o partido volte a apresentar-se (mais que aos militantes, aos eleitores do tão apoucado quão decisivo centrão) como alternativa a quem de momento governa. Dito isto, que posologia tem sido apresenta nos debates e nas entrevistas individuais? Mário Patinha Antão, entre o grave e o indignado, insistindo nas virtudes naturais de se ser 'membro da sociedade civil'; Pedro Santana Lopes, sempre sofrido, agarrando a oportunidade para pouco mais que submeter a sua memória futura a cirurgia reconstrutiva; Pedro Passos Coelho, sereno, intentando a metabolização da novidade em impulso agregador; Manuela Ferreira Leite, apreensiva, esforçando-se por fazer valer o sublimado clássico
(composição: experiência política; conhecimento técnico). Mesmo para não-militantes, parece evidente que Patinha Antão não seria mais que homeopático. Santana Lopes? Testes anteriores apresentam bastas provas de contra-indicação, não? Restam dois excipientes: uma Ferreira Leite mais conservadora, com algumas garantias e efeitos secundários; um Passos Coelho desenvolvido recentemente, com potencial inovador, de eficácia a comprovar. É caso para dizer: PSD, cura-te a ti mesmo.
[Foto: Artefacto recuperado durante a campanha para as autárquicas, c.2005. Não sei se acham bem lembrado um candidato personalizar uma caixinha-de-comprimidos para brinde eleitoral - eu acho hilário. E como factos são factos, convirá dizer que o candidato em causa ganhou.]
6 Comments:
Ainda bem que voltas a postar, moça. E parabéns pelo resutlado com esse tema tão pouco auspicioso.
Se não me engano, um excipiente é um produto-base de um remédio, um veículo sem efeitos clínicos, ou seja, não é um principio ativo.
Portanto, um excipiente não tem, em princípio, nem efeitos secundários nem eficácia.
Luís Lavoura
Carlos, Carlos, pouco auspicioso não sei porquê...
Luís,
se calhar a imagem não é perfeita, mas a intenção era a seguinte: um líder é, no meu entender, um 'excipiente' na medida em que ele apenas pode dar corpo ao 'remédio', necessariamente compósito, complexo; não é ele próprio o 'princípio activo'. Para mim, as ideias e acções - boas e más - de todos os que compõem um colectivo partidário é que são os seus 'princípios activos', o líder é conforme a situação, o seu aglutinador, ou o seu espessante, ou desintegrante, ou até 'flavorizante'.
Cláudia, Cláudia, pouco auspicioso precisamente pelo que escreves. E pelo PS no meu post.
então, essa laranjite não tem novo episódio agora?!
Como diria o Ericksson, vamoj ver, vamoj ver...não será cedo para apreciações?
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