O fim de uma extraordinária aventura

Etiquetas: filmes, Michelangelo Antonioni
um blogue desalinhado

Etiquetas: filmes, Michelangelo Antonioni
Ontem morreu Ingmar Bergman (1918-2007). Assisti apenas à estreia do último dos seus filmes, Saraband, sobre o qual escrevi aqui e aqui. Vi a maior parte dos seus outros filmes em peregrinações solitárias à Cinemateca, como adolescente e jovem adulto. Pertenço a uma geração intermédia, entre as dos anos 60 e 70, que discutiu Bergman nos cineclubes e após as estreias comerciais, e as gerações do século XXI que o descobrirão em DVD. Para algumas pessoas Ingmar Bergman terá sido moda e autor de referência. O meu professor de jornalismo no 10.º e 11.º anos, avesso a todas as espécies de moda, não deixava de sublinhar as afinidades entre algumas obras do grande autor e algumas telenovelas. Ou de denunciar o snobismo pseudo-intelectual de algumas pessoas que se sentiam na obrigação de ver e de dizer que tinham visto Bergman. Era de outro mundo que nos falava. Um mundo que a minha geração nunca conheceria em que a cultura era vista mais como uma variação do sagrado do que uma opção de consumo; uma via para obter status mais prestigiada do que a do dinheiro; um assunto mais sério do que a escolha do lugar onde passar férias. Para mim, Bergman era contra-cultura pura e dura, no contexto da geração yuppie que era o meu. Era também já o que continua a ser e será, um expoente do cinema e da arte. Etiquetas: filmes, Ingmar Bergman

Etiquetas: silly season, space cowboys

Etiquetas: Clássicos para o povo, D. H. Lawrence, O Amante de Lady Chaterley
Em 1992, no Rio de Janeiro, representantes de quase todos os países do mundo reuniram-se para decidir que medidas tomar para conseguir diminuir a degradação ambiental e preservar a existência de outras gerações.
A intenção, nesse encontro mais conhecido como a Cimeira da Terra, era introduzir a ideia do desenvolvimento sustentável, um modelo de crescimento económico menos consumista e mais adequado ao equilíbrio ecológico, ou seja, procurar os meios que permitissem conciliar o desenvolvimento social e económico com a conservação e protecção dos ecossistemas da Terra.

Etiquetas: D. H. Lawrence, filmes, O Amante de Lady Chatterley
O último filme de Manoel Oliveira retoma algumas personagens de «Belle de Jour» de Buñuel e pretende homenagear o realizador espanhol. O resultado é um filme palavroso, sem que o francês de Oliveira tenha o mesmo vigor do português de Agustina. As melhores sequências são alguns raros momentos em que as personagens não falam, apenas agem. Quase a completar cem anos de idade, Oliveira já domina a técnica do cinema mudo. Dêem-lhe mais cinquenta anos e torna-se um mestre do cinema sonoro.Etiquetas: Belle Toujours, filmes, Manoel de Oliveira

Etiquetas: Almanaque

Agora que está a tornar-se moda atacar a monarquia espanhola e o rei D. Juan Carlos I, há que lembrar a figura de seu pai. Ao contrário do que querem os sectários republicanos, a legitimidade de D. Juan Carlos I não lhe vem de Franco o ter nomeado sucessor nem sequer do juramento que o rei fez ainda dentro do regime franquista para se tornar chefe do Estado espanhol (ver aqui); foi a abdicação formal de D. Juan de Bourbon, conde de Barcelona, seu pai - numa cerimónia que se vê logo no início deste vídeo (e que teve lugar em 1977) - que o consagrou rei legítimo de Espanha. A entrada em vigor da Constituição de 1978, plebiscitada pelo povo espanhol, confirmou a monarquia constitucional e parlamentar e a dinastia reinante. Esta é a verdadeira base de legitimidade da Casa Real espanhola. Tudo o resto é incitamento ao ódio e à demagogia (mistura em que os anti-monárquicos são especialistas).

Etiquetas: Cabo Verde, Iberia, Saramago
Uma das ironias que passou despercebida no devaneio de Saramago da Jangada de Pedra, é que ela reproduziu à esquerda, quarenta anos depois, um sonho de Salazar. Após a queda dos fascismo durante a II Grande Guerra, o ditador português tentou construir uma aliança diplomática entre as ditaduras ibéricas e o Estado Novo de Getúlio Vargas que resistisse aos ventos de democratização no mundo latino. Pedro Teotónio Pereira foi colocado como Embaixador no Brasil com essa esperança. Teve azar. No início de 1946 Eurico Gaspar Dutra tomou posse como Presidente da República eleito, sucedendo ao ditador Getúlio Vargas. Em 15 de Janeiro desse ano, Pedro Teotónio Pereira tentava consolar-se escrevendo a Salazar: «Algumas pessoas sensatas com quem tenho falado, são da opinião que o General Dutra usará de medidas violentas para restituir um pouco de serenidade e disciplina a este meio em ebulição. Parece que a febre actual vem mais pronunciadamente dos últimos meses de Verão e que foram os fumos democráticos que deram com esta gente em doida.»Etiquetas: Jangada de Pedra, Salazar, Saramago
A defesa por Saramago da fusão de Portugal e de Espanha numa «Ibéria» causou visível irritação patriota. A publicação, há mais de vinte anos, da Jangada de Pedra parece que foi recebida sem grande polémica. Saramago ainda não era Nobel, ainda não tinha deslocalizado a produção literária para Lanzarote. Era apenas um entre muitos outros escritores, distinguindo-se por Memorial do Convento e O Ano da Morte de Ricardo Reis terem saído há poucos anos e ser um autor em fase ascendente. Mas outra razão pesava para que Jangada de Pedra fosse recebida com benevolência. Uma década após o fim do PREC e um ano depois da assinatura do tratado de adesão de Portugal à CEE, o romance era o esboço de uma utopia geopolítica em alternativa ao capitalismo que nos chegaria inevitavelmente da Europa. A Península Ibérica descolava-se dos Pirinéus e lançava-se ao Atlântico, rumo a uma América Latina onde ainda era o socialismo revolucionário ainda parecia possível.Uma hora com o melhor candidato presidencial norte-americano: o republicano libertário Ron Paul (médico e membro da Câmara dos Representantes pelo Texas). O senhor Paul é "o" fenómeno político depois de Margaret Thatcher. Este candidato tem ainda um alto valor pedagógico para todos os liberais: é consequente na forma como defende o valor da liberdade individual, sem se enredar nas armadilhas da dicotomia esquerda/direita, rebate com os mesmos argumentos o "welfare" e o "warfare". No senhor Paul é como se visse Alexandre Herculano a candidatar-se à presidência dos E.U.A. É, como ele diz, o candidato constitucionalista.
Via A Arte da Fuga. (Actualizado)
A criação e aplicação de um sistema de avaliação de cuidados de saúde em Portugal será um esforço inquestionavelmente relevante por parte da Entidade Reguladora da Saúde. Mas que dizer de uma anunciada simplificação em estrelas? Talvez que, do ponto de vista desta utente, não soa a grande coisa. Primeiro - e passando por cima do desagrado que instintivamente provoca a comparação entre unidades inevitavelmente associadas ao lazer a unidades inevitavelmente associadas ao sofrimento - porque ao transmitir tal informação aos cidadãos se comunicam valores sobre os quais estes não poderão propriamente exercer livre escolha (pelo menos no domínio público, no qual se insta todo o utente a não se dirigir a um hospital por qualquer razão, mas onde, por outro lado, o acesso às unidades básicas do SNS é limitado por inscrição a uma única, a da zona de residência), o que só os frustra. Depois, porque se invoca esse clássico legitimador, o precedente estrangeiro, sob a forma de um "à semelhança do que já existe no Reino Unido e nos Estados Unidos", que nada esclarece: afinal, irá ser o nosso sistema de avaliação mais semelhante ao dos rankings publicados por empresas certificadoras cotadas em NASDAQ, ou ao das fundações sem fins lucrativos? Ou será que é para acontecer o que aconteceu no Reino Unido, onde o star rating [público, já que a entidade avaliadora não considerou ter capacidade para avaliar TODAS as unidades do país] da saúde durou pouco e, por insatisfatório, foi já abandonado?Etiquetas: Avaliação de Saúde
O professor Luís Salgado de Matos vai, amanhã e depois de amanhã, prestar provas de agregação para o Grupo de Ciência Política e Relações Internacionais. As provas serão realizadas na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, às 16 horas, Auditório 1, Piso 1, Edifício B.Etiquetas: Luís Salgado de Matos, provas de agregação
abre-se uma janela. Depois de uma sexta-feira treze a fazer pouco da superstição dos outros, um sábado catorze de terror tecnológico: lcd [de pc-portátil-filho-único] fatal e misteriosamente colapsado em momento laboral intenso e decisivo. Domingo de back-ups e ranger de dentes. Depósito para arranjo à segunda-feira, previsão de devolução em cinco dias úteis. Quarenta e oito horas depois, contacto para levantamento. Portátil como novo. Alívio. Gaúdio. Quasi-Histeria. Etiquetas: Assistência Técnica Informática; Eficiência
As eleições para a câmara municipal de Lisboa são, em termos ideológicos, uma vitória da esquerda e uma derrota da direita e, em termos pessoais, uma vitória de António Costa e de Helena Roseta. Sinalizam também uma grave crise da democracia representativa.Etiquetas: António Costa, Eleições municipais de Lisboa, Helena Roseta, Manuel Monteiro, Paulo Portas, PS


, ou melhor, saiu, mais precisamente em direcção a Tomar, a ver das famosas festividades em honra do Espírito Santo. Ainda passou por Vila Franca de Xira, mas em hora matutina toiro e lidadores de ocasião apresentavam-se bastante ensonados. A festa nabantina impressiona. Pelo esforço dos processionários, pela sazonal amenidade do rio, pelo brio dos anfitriões. Também pela concentração de visitantes. Sotaque vário, farnéis aviados, lugares guardados horas e horas, fatiotas domingueiras, catitas e totalmente desadequadas ao esforço de longas caminhadas e esperas ao sol, como é apanágio nacional. Gente mais velha, mais saudosa de antigas tradições, e gente mais nova, desligada do ritual, simplesmente curiosa. No final o Almanaque tinha café marcado com amigos de cinco nacionalidades; fizeram balanço positivo, mas manifestaram pena unânime por não ser visitável o Convento de Cristo, em tarde e noite de excepção como esta. Aqui fica a sugestão para 2011. 
É visitável até ao próximo dia 14 de Setembro, na Bibilioteca Nacional, uma mostra documental dedicada ao Professor António Oliveira Marques. Apesar de ser há vários anos leitora da biblioteca, só agora - perante a riqueza de um espólio feito de manuscritos, condecorações, brinquedos, insígnias, cadernos de escola e outra memorabilia - me apercebi de quão confrangedoras são as vitrinas que debruam uma das paredes da Sala e Referências, de tão desadequadas ao seu fim. Sendo que existem em outro piso dois espaços destinados a exposições, presumo que esta e as mais mostras aí realizadas o sejam pela proximidade com o público, que quase obrigatoriamente passa por esse espaço. Contudo, para uma biblioteca da dimensão desta, e numa sala de digníssimo pé direito e área franca, é motivo de verdadeiro embaraço uma fileira de expositores acanhados e de cor parda, onde tudo o que nos é dado a observar se confunde, se perde. Para quando, a pouco complicada alteração desta situação?Etiquetas: Oliveira Marques; Biblioteca Nacional de Portugal
Parabéns: ao Adufe, por quase trinta anos de blogosfera, e ao Memória Virtual, por outros tantos.Etiquetas: Almanaque