terça-feira, outubro 21, 2008
Se me pedissem para apontar uma actividade em que os portugueses têm sido consistentemente bem sucedidos ao longo da sua história, o meu indicador tomaria sem grandes hesitações a direcção da diplomacia. Por isso espero que por aí haja ainda alguma margem de manobra negocial (estabelecimento de protocolos de investigação a longo prazo, termos de aquisição de espólio, etc.) relativamente à nau quinhentista portuguesa achada ao largo da Namíbia. Pela sua espectacularidade, o caso tem sido debatido em jornais e blogues nos últimos dias, ao contrário do que se verifica no caso das (menos cinematográficas) descobertas ocorridas no nosso país. Exemplos recentes? A demanda em curso pela antiga cidade de Dipo, a identificação da maior inscrição da enigmática Escrita do Sudoeste, entre vários outros. Ora, sendo a arqueologia um dos domínios do conhecimento que geram verdadeiro entusiamo entre maiores e mais pequenos, não se compreende que ela permaneça um campo tão subestimado pelos media portugueses. Não vejo como possa ser perda de tempo apostar no acompanhamento um pouco mais aprofundado destes trabalhos por meio de grandes reportagens, da publicação de artigos com bom infografismo, de reconstituições. Por regra só temos disponíveis notícias curtas, sem sequência, sem pedagogia e quase nenhuma ilustração (indispensável nos casos de achamentos importantes mas com limitada expressão monumental). É ver o movimento nas bancas sempre que se oferecem fascículos e séries documentais do género, sejam italianas, inglesas, norte-americanas. Terreno por escavar, este da divulgação arqueológica.
*Lugar onde em meados dos anos noventa, a par de tantos outros estudantes de Arqueologia&História&História da Arte da FLUL, sob direcção dos professores Amílcar Guerra e Carlos Fabião, aprendi um pouco de teoria de mãos na prática. O empreendimento científico de Mesas de Castelinho comemora este ano o seu vigésimo aniversário. Daqui envio parabéns aos seus promotores, bem como a todos os que com persistência, generosidade e alegria mais para ele têm contribuído.
1 Comments:
Jon Stewart dirige-se a Paulson e a Bernanke: querem que vos demos quase um bilião de dólares para o entregarem a bancos falidos?
O secretário do Tesouro, , e o presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, foram ao Congresso americano pedir um empréstimo de 700 mil milhões de dólares. Jon Stewart, do Daily Show, faz o papel de avaliador de empréstimos, aproveitando as declarações dos distintos financistas:
Stewart: Com os mercados financeiro a transformar os gestores de fundos em criados de mesa, o casal mais poderoso da América, composto pelo secretário do Tesouro, Henry Paulson, e o presidente da Reserva Federal, Ben Bernanke, foram esta semana ao Congresso de mão estendida, para aquele que foi com certeza, o pedido de empréstimo mais embaraçoso de sempre.
Então, meus senhores, Paulson, Bernanke, é um prazer vê-los aqui… novamente.
Paulson: Quero dizer-lhe que esta não é uma posição na qual eu queria estar. Eu não queria estar nesta posição…
Stewart: Descontraia-se, meu caro… sendo avaliador de empréstimos ouço isto todos os dias. Agora passemos a algumas formalidades. Como foi a sua carreira profissional?
Paulson: Fui director executivo da Goldman Sachs desde… Janei… Desde Maio de 1999 até sair, para vir para cá, em meados de 2006.
Bernanke: Nunca trabalhei em Wall Street, não tenho esses interesses nem essas ligações.
Stewart: Não estejam nervosos rapazes. Ambos são brancos, ambos são ricos, logo é claro que isto não é um daqueles empréstimos “sub-prime” com que nós tivemos de lidar. Muito bem, chega de conversa fiada, passemos aos números. Quanto é que estão a pedir?
Paulson: 700 mil milhões de dólares.
Stewart: 700 mil milhões? É que, segundo os meus registos, já cá esteve quatro vezes este ano, a pedir 25 mil milhões para a indústria automóvel, 85 mil milhões para uma companhia de seguros, 200 mil milhões para umas tais de Fannie e Freddie não-sei-quantas…
Paulson: É preciso mais.
Stewart: Pois, bem… Só de aceitares um cheque, ó careca. Aliás, um cheque careca. Um cheque sem cabelo… Digo cobertura… Só mais uma perguntas, minha gente, para quem é que vai esse dinheiro? Para o povo, calculo?
Paulson: Uma vasta gama de instituições… Bancos grandes, bancos pequenos, de depósitos e empréstimos, cooperativas de crédito…
Stewart: Porque é que não disse logo? Eles são de confiança, vão devolver-nos o dinheiro, certo? Barbudo (Bernanke), tens estado para aí calado.
Bernanke: Vai ser recuperada uma percentagem substancial, mas se será o total é difícil saber.
Stewart: É difícil saber… Interessante. Normalmente exijo uma resposta melhor, mas tendo em conta que foram vocês que nos meteram nesta crise, não terei o mesmo grau de exigência. Vamos ver se percebi bem: querem que vos demos quase um bilião de dólares para vocês os entregarem a bancos falidos, geridos por tipos que usam notas para acender os charutos e o melhor que me conseguem dizer é que talvez nos devolvam algum do nosso dinheiro?
Bernanke: Os contribuintes americanos verão o seu dinheiro bem empregue. Não consigo prever o futuro e já me enganei diversas vezes.
Stewart: Sabem que mais? Que se f… levem lá o dinheiro. Mais um empréstimo perdido? Tanto faz.
Vídeo legendado em português - 3:35m
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