sábado, janeiro 31, 2009

Lost in Translation?

Ou então, que tal Manual de Instruções Para Crimes Contra-Ordenações Banais?

quinta-feira, janeiro 29, 2009

Rabbit running till the very end


FOTO: www.popculturemadness.com


Morreu John Updike. Pouco dado a entrevistas, valia sempre a pena lê-las, veja-se a última ao The Telegraph: «The Descent of Man».


Um dos mais apropriadamente chamados grande escritores americanos, com sublinhado no americano. Escreveu um dos meu livros preferidos.


Tornou-se uma companhia frequente nestes últimos anos a sua crítica de arte na New York Review of Books que muita falta me fará. Creio que os seus últimos textos foram escritos precisamente para a New York Review e vale a pena relê-los.


O último texto desta longa série artística discute, o mais apropriadamente possível, a velha e mesmo desusada questão, de se há algo de especificamente americano na arte americana, deixando-nos como resposta - The Clarity of Things.


Mas o derradeiro texto de Updike na Review é uma viagem poética e uma lamentação sobre as consequência de a Irlanda de se ter transformado num tigre céltico. Gosto sobretudo do finale. Aqui a deixamos:



A Wee Irish Suite



By John Updike




Paris–Dublin, at Night


Cobwebs of orange pinpricks tinge the void


beneath our roaring wings; myriad lives


give off their sullen glow. A brighter gnat,


a helicopter beaming traffic news,


slides sideways through the thickest of the swarm;


thin filaments connect the villages


that mar the perfect earth like jellyfish


who poison with their glow pure ocean depths.






The fertile fields of France, black lakes, give way


to Channel nothingness, an interval


too brief before the luminescences


of England spill bacillae everywhere.


The Irish Sea kills all, till Dublin's squares


of seaside lanterns shock us back to life.




Portrush, Northern Ireland



Smoking in this room, a notice at


the Royal Court Hotel proclaims, can lead


to a deep cleaning charge of £50.


The sea we see through rain-bespattered doors


that would, in summer, slide to give dead-white


new-marrieds access to a feeble sun


supplies, like loads of eternal laundry,


onrolling breakers cresting into foam.





In restaurants with themed cuisines, the young


of Anglo-Ireland make gay with their Guinness


and a dated rock's background of drowned-out noise,


but bare the still disconsolate dry wit


of the colonized. These people had a war,


and peace partakes of the sea's tedium




New Resort Hotel, Portmarnock



Too many plugs and switches in the room.


The reading lights are dim, however, and


the flat black plasma television screen


ignores the hand remotes, as does the safe


the combination I distrustfully


punch in. Too many outlets for the well-


connected businessman, too much Preferred


Lifestyle, here in formerly homely Eire.





The Celtic tiger still has crooked teeth,


the twinkle of the doomed-to-come-up-short.


Success's luxuries pair awkwardly


with golf's grim thrashing out upon the links,the shabby,


shaggy dunes where newborn rich


land helicopters, then can't find their balls.

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terça-feira, janeiro 27, 2009

Uma desilusão


O novo Woody Allen é de novo um filme menor, se bem que mais bem executado do que muitas coisas anunciadas com espavento que se sucedem nos ecrans. Talvez seja até esse o problema, é um filme executado quase friamente, como quem cumpre uma formalidade, em que os poucos traços «allenescos» estão pálidos e mortiços, com actores que cumprem o seu papel como autómatos, tudo inconsequente e demasiado longo (e isto num filme de hora e meia...). «Leaving New York is never easy», confirma-se.

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quinta-feira, janeiro 22, 2009

A seguir, sem demasiado interesse












A série continua, mas algo repetitiva. A escolha do «caso» também é repetitiva e, no caso de JPP, muito autojustificativa, agora que a morte de Arafat e a «democracia» palestiniana deu vantagens ao Hamas.



Mas, como documentam estas fotos da Fonte Luminosa (que escolha...), temos perspectivas bem mais próximas daquilo que se trata. A escassa qualidade gráfica deste post é inteiramente da responsabilidade do seu autor, pelo que se reproduz a «tese» da primeira foto: «um mundo melhor só por cima das cinzas deste».

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terça-feira, janeiro 20, 2009

Almanaque do Povo

Alerta Quê? Não era mal visto que, para além da genérica recomendação de agasalho, bebidas reconfortantes e cuidado com os aquecedores, a Protecção Civil tivesse aquela parte da sua página em linha que detalha a informação (risco, identificação dos responsáveis, etc) por distrito... preenchida?

Para os incondicionais: do mais que famoso poster criado por Shepard Fairey, aqui fica o site onde o podem personalizar, obamizando à vontade (encontrado no Jezebel).

São devidos: e daqui seguem, com grande satisfação, os nosso parabéns ao caríssimo amigo do povo Jorge Revez, que defendeu hoje com máximo sucesso a sua dissertação de mestrado (intitulada Os vencidos do catolicismo - militância e atitudes críticas: 1958-1974).

Para referências futuras (?)

Ou, para variar, num ano em que tantos (todos?) antecipam o regresso da violência política, o Abrupto vale a pena.

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quinta-feira, janeiro 15, 2009

Já foram vistos juntos?

O artigo no Público de hoje de Helena Matos não é apenas um monumento à ignorância futebolística* da sua autora, coisa que aliás pouco importa. Nem, sequer, um daqueles casos de inconsciência de classe a respeito de escolaridade e política a que já nos habituou. É, sim, de tal modo assombroso que é legítimo perguntar se a colunista será afinal apenas um pseudónimo do director do jornal.

*Assim como aqueles que se escandalizam com golos em fora de jogo no final de partidas e não se lembram de referir expulsões por fazer logo na primeira parte do mesmo jogo, digamos. Adorar Bruno Alves é isto mesmo...

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segunda-feira, janeiro 12, 2009

Depois queixam-se da ERC...

Depois de Santana, em Dezembro, ter imputado intenções ao PS quanto a eleições antecipadas (como as eleições de 2007 e 2008 correram muito mal ao PS é muito necessário...), depois de a comunicação social ter descoberto que realizar em conjunto duas eleições pouparia a cada eleitor 44 cêntimos (sim!), depois de na entrevista à SIC há uma semana terem sido os jornalistas a trazer o tema à discussão (e de o PM evitar optar por um cenário em exclusivo), depois de o Presidente ter rotulado os jornalistas de mentirosos (primeiro foi só Mário Crespo, agora foram todos...), o «jornalismo de referência» tira a conclusão lógica: foi Sócrates quem trouxe o tema para o debate, logo o comunicado é com ele...

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quarta-feira, janeiro 07, 2009

Plano provisional de leitura

Não é só a boa notícia do MEC de volta em boa forma (além de acessível na edição online do Público). Este, este, este, ainda este, mais este, sem esquecer este que anda silencioso, ao contrário deste, e, talvez sobretudo, este. Em grande medida rapinado, com o devido reconhecimento, aqui.
Adenda, a do Sueco Vociferante, com coisas destas.

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terça-feira, janeiro 06, 2009

Uma vez sem exemplo

Excepcionalmente, um post sobre o Prós e Contras, programa cansativo mas que ontem acompanhei até ao fim.
Notória a tendência para evitar jornalistas panfletários. Os três presentes foram (são) completamente mainstream. Mau para o programa, irrelevante para os espectadores, óptimo para os que acusam o Governo de querer controlar a comunicação social.
Os sociólogos (categoria agora próxima do endeusamento, pelos vistos), caso ambos o sejam de facto, valeram pela diferença. Adão e Silva sério, claro e tecnocrático, sinal de uma mudança evidente (mas nem por isso muito sensível) no PS, um «quadro» com ideias próprias. Joaquim Aguiar a fazer o que há muito se lhe conhece, ainda a semana passada (no jornal das 22 da RTP2, a propósito do discurso de Ano Novo do Presidente) o fizera: teses conspirativas concatenadas sem consequência, uma espécie de hegelianismo sem Espírito, que consiste em patentear o seu infinito desprezo pelo PM.*
Os políticos fiéis ao seus respectivos guiões, com Ilda Figueiredo muito bem no seu papel de Odete Santos e Rui Rio a gerir a sua agenda pessoal com bom humor. Santos Silva, longe de perfeito num papel que nem permite sê-lo, é claramente melhor que Silva Pereira ou Canas. Esteve muito bem ao confrontar os sofismas de Aguiar, que perdem os jornalistas por completo. Pena no final não ter tido ocasião para explicar ao público uma deturpação intencional que Aguiar fez de Zenha a propósito da tese do «partido-charneira» (numa questão que, aliás, envolve outros dirigentes da época, como Cardia e, claro, Soares).
Como de costume, o programa deixa tudo na mesma. Mas sempre dá um post independente da entrevista que o antecedeu e que também não alterou nada de relevante. Por muito que Joaquim Aguiar não goste, o único ponto em que tem razão é esse mesmo, os debates e entrevistas sucedem-se ao longo dos anos e o desgaste eleitoral do PS não surge nem em sondagens nem nas eleições que houve em 2007 e 2008...

*Bem entendido, falo do «mau infinito». O «bom infinito» de Aguiar brilhou a grande altura há 11 anos, no rescaldo do referendo à despenalização da IVG que a inviabilizou. Então no Expresso, e senhor de uma pose florentina, Aguiar falava da divisão Norte/Sul (contra e a favor) revelada nesse referendo como algo que só «o Princípe» devia conhecer e que devia ser resguardado dos olhos da plebe. Como se viu nesta legislatura, com o novo referendo que resolveu o problema, a questão era realmente dramática, mas só para quem elabora fantasias maquiavélicas para evitar dizer algo com qualquer ligação à realidade.

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segunda-feira, janeiro 05, 2009

Almanaque do Povo

Recém-chegados, como o ano: Fico Até Tarde Neste Mundo, blogue do autor de A Casa do Esquecimento, Fernando Dinis, vencedor do prémio Fnac/Teorema 2008; o colectivo Delito de Opinião, no qual alguns vossos conhecidos desta lide (mais que a slowblogger que vos escreve) botarão prosa escorreita. Quando puderem, espreitem.

Parabéns: na passagem do quarto dia de ano novo sobre a fundação do blogue Da Literatura há que agradecer a Eduardo Pitta e João Paulo Sousa. As suas intervenções têm contribuído grandemente para, como dizem os outros, puxar na lusoblogosfera (que tem os seus dias de lusoblogosfeira) os padrõezinhos cá para cima.

Ces gaulois: Sempre estilosos, os franceses; quando se fizer a história do nosso quotidiano e das suas preocupações estéticas, os blogues oferecerão muito material. O bom viver será seguramente abordado a partir de blogues de observadores-participantes como os que assinam o Cachemire et Soie, as Chroniques du Plaisir, o Garance Doré, o Chez Ptipois, e o Et Toque!

Divulgação: primeiro colóquio de 2009 do Centro de Reflexão Cristã acontecerá no próximo dia 13, terça-feira, às 18:30, como de hábito no CNC (Largo do Picadeiro, Nº10, 1º, Lisboa/Metro: Baixa-Chiado). José de Sousa e Brito e Luís Salgado de Matos discutirão Estado e Religiões - Liberdade, Autonomia e Laicidade. A entrada é livre.

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sábado, janeiro 03, 2009

A seguir

Na edição de Sábado (3 de Janeiro de 2009), o Público, no suplemento P2, dá à estampa uma entrevista com o sociólogo francês François Dubet. Muito centrada nas revoltas de rua em França e na Grécia, a sua utilidade é escassa para o caso português, a menos que tomemos como fácil de emprego (o que é frequente, demasiado) a noção de «realidades da Europa do Sul». Seja como for, perto do final (penúltima questão, P2 p. 7), o facciosismo militante do jornalismo do diário brilha a grande altura, pelo que vale a pena prestar atenção. O entrevistado refere que (em França) a violência de rua se divide entre «a violência dos subúrbios, a violência desordeira» e «por outro lado», «a luta da extrema esquerda que está ligada ao movimento de globalização». Explicando este outro lado, o sociólogo refere o «black bloc que tem uma tradição de guerrilha urbana». O perigo dessas manifestações de jovens, segundo o entrevistado, reside neste segundo aspecto, o dos jovens violentos com estratégias. Mas, na resposta, inserida pelo jornal (pela entrevistadora ou por uma editoria? Por simples ignorância ou por facciosismo deliberado?), lemos o seguinte esclarecimento, imediatamente a seguir a «black bloc»: «[grupos informais, espontâneos, que se formam numa manifestação]». Esta contradição explícita com o afirmado pelo entrevistado não é inconsequente, e dá boa conta da isenção de quem editou a entrevista, na linha aliás de outras peças (vale a pena reler o que o mesmo jornal noticiou sobre o confronto de rua em Lisboa no 25 de Abril de 2007).
Numa altura em que tantos temem, e outros tantos anseiam, o ressurgimento de violência física na política, como as previsões para 2009 bem revelaram (maxime Mário Soares), o próprio título da entrevista é eloquente: «Entrámos num ciclo em que as revoltas dos jovens vão crescer». Sigamos então as revoltas e as notícias/análises das mesmas. Mas sem eufemismos: se em breve este blog voltar a ter links desfeitos por hackers, como sucedeu em Abril de 2008, isso poderá ser informal, mas não certamente espontâneo. Na altura, ninguém ligou. E eu não gosto de me repetir.

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