Excepcionalmente, um post sobre o Prós e Contras, programa cansativo mas que ontem acompanhei até ao fim.
Notória a tendência para evitar jornalistas panfletários. Os três presentes foram (são) completamente mainstream. Mau para o programa, irrelevante para os espectadores, óptimo para os que acusam o Governo de querer controlar a comunicação social.
Os sociólogos (categoria agora próxima do endeusamento, pelos vistos), caso ambos o sejam de facto, valeram pela diferença. Adão e Silva sério, claro e tecnocrático, sinal de uma mudança evidente (mas nem por isso muito sensível) no PS, um «quadro» com ideias próprias. Joaquim Aguiar a fazer o que há muito se lhe conhece, ainda a semana passada (no jornal das 22 da RTP2, a propósito do discurso de Ano Novo do Presidente) o fizera: teses conspirativas concatenadas sem consequência, uma espécie de hegelianismo sem Espírito, que consiste em patentear o seu infinito desprezo pelo PM.*
Os políticos fiéis ao seus respectivos guiões, com Ilda Figueiredo muito bem no seu papel de Odete Santos e Rui Rio a gerir a sua agenda pessoal com bom humor. Santos Silva, longe de perfeito num papel que nem permite sê-lo, é claramente melhor que Silva Pereira ou Canas. Esteve muito bem ao confrontar os sofismas de Aguiar, que perdem os jornalistas por completo. Pena no final não ter tido ocasião para explicar ao público uma deturpação intencional que Aguiar fez de Zenha a propósito da tese do «
partido-charneira» (numa questão que, aliás, envolve outros dirigentes da época, como Cardia e, claro, Soares).
Como de costume, o programa deixa tudo na mesma. Mas sempre dá um post independente da entrevista que o antecedeu e que também não alterou nada de relevante. Por muito que Joaquim Aguiar não goste, o único ponto em que tem razão é esse mesmo, os debates e entrevistas sucedem-se ao longo dos anos e o desgaste eleitoral do PS não surge nem em sondagens nem nas eleições que houve em 2007 e 2008...
*Bem entendido, falo do «mau infinito». O «bom infinito» de Aguiar brilhou a grande altura há 11 anos, no rescaldo do referendo à despenalização da IVG que a inviabilizou. Então no Expresso, e senhor de uma pose florentina, Aguiar falava da divisão Norte/Sul (contra e a favor) revelada nesse referendo como algo que só «o Princípe» devia conhecer e que devia ser resguardado dos olhos da plebe. Como se viu nesta legislatura, com o novo referendo que resolveu o problema, a questão era realmente dramática, mas só para quem elabora fantasias maquiavélicas para evitar dizer algo com qualquer ligação à realidade.
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