segunda-feira, abril 21, 2008

Da crise do PSD e outras perguntas

Parece porventura uma banalidade dizer que a supremacia do ego é nos dias que correm a doutrina oficial. Podemos observá-lo em diversos aspectos da vida contemporânea. Mas o flagelo do egoísmo e do egocentrismo parece quase um mal irremediável que vai corroendo as nossas relações com os outros, no sentido mais largo que esta expressão pode ter. Isto não é o que está no fundo da crise do PSD? Barões ou populistas, nas cúpulas ou nas bases, o que está mal não é um profundo egoísmo ideológico, virado para os interesses próprios e pleno de "pessoalismos"? Não é a ausência de um sentido político de comunidade, de partilha, de bem-estar comum que está em causa na política actual? Não é isto a falência de qualquer modelo de governação? E isto não é novo, nem é de hoje. Mas a quem podemos afinal confiar a direcção da nossa comunidade? O que fazer da política? Como transformar as energias que emergem dos nossos egos e pô-las ao serviço do bem de todos? Como sermos mais com os outros e para os outros, sem ortodoxias nem fanatismos? Como nos libertarmos destas teias do ter e do possuir? Como organizar um partido que lute apenas pelo bem-estar comum, sem falsas utopias, sem ingenuidades, sem lógicas de partido único ou doutrinas absolutistas da vida em comunidade?

Perdoem os caros leitores tantas perguntas sem respostas.

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sexta-feira, abril 18, 2008

Não estou

Não estou na corrida para comentar a demissão de Luís Filipe Menezes. O que não quer dizer que não estarei na corrida para comentar a demissão de Luís Filipe Menezes. Em compensação, ontem à noite estive a rir-me com as notícias na SIC da demissão de Luís Filipe Menezes, estou-me a rir enquanto escrevo este poste, e é provável que ainda me venha a rir mais nos próximos dias com a novela enovelada da demissão de Luís Filipe Menezes.

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sexta-feira, março 14, 2008

Menezes não chega

Em entrevista à RTP, frente a Judite de Sousa, Luís Filipe Menezes mostrou-se mais consistente do que seria de esperar em relação à oposição interna do seu partido. Quanto às questões de política nacional, recorreu à táctica do toca e foge. E não tocou na questão mais controversa do momento, a da avaliação dos professores. Mostrou que tinha as sondagens na ponta da língua e as soluções para o país debaixo da língua. Convenceu os que já estavam convencidos. Manifestamente, não chega.

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quinta-feira, dezembro 06, 2007

A inconstância laranja

Não me precipitei a lançar mão da palavra «populismo» para caracterizar Luís Filipe Menezes. Conheço mal o político. Se tivesse que recorrer ao pouco que conheço para desenhar uma escala de populismo no PSD colocava no topo Alberto João Jardim; alguns pontos abaixo Pedro Santana Lopes. E Luís Filipe Menezes abaixo de Santana Lopes. A merecer o benefício da dúvida, portanto. O recente episódio de aprovação de um empréstimo na câmara municipal de Lisboa esclareceu as dúvidas no pior sentido. Não se percebe como é que o PSD aprova o Plano de Saneamento Financeiro, que prevê não só o empréstimo de 360 milhões de euros com o objectivo de pagar a fornecedores, mas também discrimina e justifica mais uma tranche de 140 milhões de euros, para depois se revoltar contra o empréstimo. Acresce que 98,2 por cento da dívida em causa fora contraída durante o exercício do poder camarário pelo PSD. A solução encontrada para a crise aberta pelo PSD é «morna», que é como quem diz, nem aquece nem arrefece, não é pão nem queijo, não afirma nem rejeita: o PSD acordou em abster-se se o montante do empréstimo encolhesse para 400 milhões de euros.
Quem sai bem desta crise é António Costa. Mostra-se pragmático sem abdicar de princípios e capaz de liderar um projecto numa câmara balcanizada, unindo uma esquerda fragmentada e neutralizando os adversários à direita. Não precisava de ameaçar demitir-se? A questão é que, até prova em contrário, estava mesmo disposto a demitir-se caso não tivesse condições de cumprir as promessas feitas aos eleitores. Uma atitude exemplar e meritória num país em que os políticos se viciam em mentir a si mesmos acerca do cumprimento de promessas.

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