Não me precipitei a lançar mão da palavra «populismo» para caracterizar Luís Filipe Menezes. Conheço mal o político. Se tivesse que recorrer ao pouco que conheço para desenhar uma escala de populismo no PSD colocava no topo Alberto João Jardim; alguns pontos abaixo Pedro Santana Lopes. E Luís Filipe Menezes abaixo de Santana Lopes. A merecer o benefício da dúvida, portanto. O recente episódio de aprovação de um empréstimo na câmara municipal de Lisboa esclareceu as dúvidas no pior sentido. Não se percebe como é que o PSD aprova o Plano de Saneamento Financeiro, que prevê não só o empréstimo de 360 milhões de euros com o objectivo de pagar a fornecedores, mas também discrimina e justifica mais uma tranche de 140 milhões de euros, para depois se revoltar contra o empréstimo. Acresce que 98,2 por cento da dívida em causa fora contraída durante o exercício do poder camarário pelo PSD. A solução encontrada para a crise aberta pelo PSD é «morna», que é como quem diz, nem aquece nem arrefece, não é pão nem queijo, não afirma nem rejeita: o PSD acordou em abster-se se o montante do empréstimo encolhesse para 400 milhões de euros.
Quem sai bem desta crise é António Costa. Mostra-se pragmático sem abdicar de princípios e capaz de liderar um projecto numa câmara balcanizada, unindo uma esquerda fragmentada e neutralizando os adversários à direita. Não precisava de ameaçar demitir-se? A questão é que, até prova em contrário, estava mesmo disposto a demitir-se caso não tivesse condições de cumprir as promessas feitas aos eleitores. Uma atitude exemplar e meritória num país em que os políticos se viciam em mentir a si mesmos acerca do cumprimento de promessas.
Etiquetas: António Costa, Câmara Municipal de Lisboa, PSD
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