Sampaio revisto e perdoado

Hoje é óbvio que estas mudanças na lei seriam irrelevantes. Santana Lopes foi eleito líder do grupo parlamentar do PSD com 70 por cento dos votos, depois de ter sofrido uma derrota eleitoral histórica, a qual deu pela primeira vez uma maioria absoluta ao PS. Pior: muita gente no PSD continuou a ver a dissolução do parlamento por Jorge Sampaio como uma manobra politiqueira, mesmo depois do sentido do voto do eleitorado ter justificado a posteriori a decisão do Presidente da República. Quanto às «elites» do PSD, chocadas com a eleição de Luís Filipe Menezes pelas «bases revoltadas», parecem ter-se esquecido que foi pela mão de uma centena de notáveis do partido que Santana chegou ao poder.
Sampaio foi um Presidente tranquilo que se mostrou à altura de duas grandes crises: a de Timor-Leste no primeiro mandato e a sucessão de Durão Barroso por Santana Lopes no segundo. Teve ainda um gesto diplomático hábil e simpático aquando da visita do Dalai-Lama a Portugal, favorecendo um encontro informal entre ambos no Museu Nacional de Arte Antiga.
Quanto à democracia representativa continua embrulhada e será preciso mais que duas ou três medidas para desatar este nó.
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