segunda-feira, outubro 26, 2009

Almanaque do Povo

[Almanaque Ilustrado d'O Século (1903): MundoLivro.Net]

Ouvir livros - Sei de algumas pessoas que costumam levar podcasts disto ou daquilo para o carro, o comboio ou o avião, mas consumidores de audiolivros acho que não conheço nem um. Tenho experimentado a coisa nos últimos meses, e devo dizer que a experiência é bastante positiva: em português de Portugal (aqui e aqui encontram-se algumas hipóteses) ainda não abundam as escolhas, mas quem se dê bem e até queira melhorar o seu inglês (em algumas livrarias lisboetas encontrei cd's da Penguin Readers por €5,00-€9,00) e francês tem oferta farta. Para quem já passa bastante tempo de olhos nos livros, poder ouvi-los é uma prazenteira alternativa.
Lavrar roupas - Makeshift é um projecto virtual-artesanal que se pode acompanhar num blogue. Até aqui, nada de novo. Natalie Purschwitz, a autora, deixa-nos espreitar a sua mais recente empreitada, iniciada no mês passado, e que durará um ano. O seu objectivo, esse sim, é temerário: é possível viver vestindo-se, calçando-se e ornamentando-se sem recorrer a uma peça que não seja feita pelas suas próprias mãos?
Pintar cheiros - Ora aqui está outra grande ideia: não haverá para aí um sprayer mais vanguardista que convença os grafiteiros das nossas cidades a seguir o Mitchell Heinrich, a instituir que a tinta já era, que tags de laranja, hortelã-pimenta e pinho pelas fachadas e esquinas das nossas ruas é que é?

segunda-feira, outubro 19, 2009

E muito lusitano...

Um Python menos afamado que o jogo de futebol entre filósofos, muito bem lembrado aqui.

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sexta-feira, outubro 16, 2009

Il Divo

A longa metragem «dedicada» a Andreotti dá que pensar, sobre política e cinema.
Como filme fica preso das suas próprias indecisões, ou idiossincrasias. Quer ser um pouco de tudo, em termos de géneros: documentário, filme denúncia, polícias e ladrões à moda antiga, comédia negra, sátira política. Isso nota-se desde logo em termos formais, na combinação desconcertante de uma montagem acelerada, banda sonora mesmo-muito-pop (e boa) e uso de legendas inspiradas no cinema britânico. Tanta, tanta coisa, acaba por criar um filme intenso e cativante, talvez um pouco longo (promete mais do que acaba por dar, preso por não escolher entre as diversas hipóteses do que podia ser), mas sem o equilíbrio e uma unidade como a do Caimão de Moretti.
Isso mesmo também o compromete politicamente. Enquanto Moretti conseguia «ser italiano» sem ficar paroquial, Il Divo retoma tão literalmente a vida político-judicial-mafiosa italiana que acaba por ser por vezes fastidioso segui-lo, mesmo para quem se interesse por política. O que é irónico para um filme que podia ter em Andreotti um arquétipo do político da Guerra Fria, agora que o tempo desta passou. Em vários momentos (entre os quais alguns dos melhores do filme), é nítida uma empatia com «Il Divo», fazendo justiça à complexidade e ao trajecto único de Andreotti. E, no entanto, esses momentos emocionantes do filme (nos quais brilha o underacting do actor principal, soberbo), diluem-se em momentos de verdadeira histeria e insinuação (mesmo acusação) unilaterais. O objecto cinematográfico híbrido distorce também a leitura política (o que não deixa de ser boa estratégia, aliás). Centrado em Andreotti, fica-se sem uma imagem dele, seja ela simpática, antipática ou ambígua. Isto porque a complexidade não nasce da sucessão (mais do que combinação, que verdadeiramente o filme não faz) de «quadros», ora empáticos ora aviltantes, nasce da matização entre todos esses elementos. E poucos momentos há, em todo o filme, nos quais essa complexidade seja devidamente focada. O que faz com que Andreotti não chegue a estar no filme apesar de o ocupar do princípio ao fim, nunca está nem quando é acusado de tudo (excepto das Guerra Púnicas...), tal como não está quando o vemos em conversas pessoais brilhantes. Simplesmente, está um boneco, magistralmente animado por quem o interpreta. Mais do que motivos para se sentir insultado, tem motivos para se sentir triste, o filme não está á sua altura. Nem podia, talvez. Gigante ou não, é demasiado para este filme.
Fica um objecto de entertainment que vale o preço do bilhete e uma viagem de montanha russa pela estrada sinuosa que é a vida política de Andreotti (mesmo de Itália, o que já é dizer tudo...). Da-da-da.

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quinta-feira, outubro 15, 2009

Momento Kodak

O debate "Prós e Contras" que a RTP transmitiu na segunda feira passada revelou-se interessante e um momento a recordar: os jornalistas deram-nos o privilégio de ver contrapostas diversidade de posições, afastando-se do monolitismo de defesa corporativa que parece ser uma regra sacrossanta.

segunda-feira, outubro 12, 2009

Excluído à partida?

Fala-se sempre do Iraque a respeito da presidência de W. Bush, em termos que reduzem esta ao que se passou em Bagdad e, assim, ignora-se as consequências das imensas mudanças internas efectivadas nesses dois mandatos (segurança interna, composição do Supremo Tribunal, apoio a grupos de pressão religiosos, entraves à pesquisa científica, desinformação sistemática por via de blogs e da Fox News, mais um longo etc.).
Do mesmo modo, as reacções, sobretudo as negativas, ao Prémio Nobel atribuído a Obama são exclusivamente pensadas em termos internacionais. Que o Prémio seja atribuído quando Obama enfrenta o maior risco da sua Presidência até agora (foi a reforma da Saúde que fez Clinton sofrer a sua primeira grande derrota), num clima interno de agressividade histérica de que os «birthers» são apenas uma das faces (e, não por acaso, um clima acicatado por meios de comunicação como a Fox News e editorialistas como Rush Limbaugh), parece ser irrelevante. Claro que o apoio dos «estrangeiros» (mais a mais, «europeus»), até irá contribuir para estimular esses ataques, bem mais desgastantes que as perguntas de Walesa, as opiniões de Chavez ou as ameaças dos talibans. Mas em todo o caso, se se quer fazer uma leitura política do Prémio (como aliás a Paz recomenda que se faça), convinha não excluir à partida o que ele transmite de apoio a um presidente envolvido em graves conflitos domésticos.
E não é preciso ser obamista para concordar com a escolha.

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quinta-feira, outubro 08, 2009

Dogmatismo feriado

O bicho carpinteiro foi de férias. Bem visto, depois de a teoria da derrota permanente do PS às mãos de Sócrates se ter convolado em tese de Cavaco Silva como Craveiro Lopes.
SIC (noticias) transit...

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terça-feira, outubro 06, 2009

Almanaque do Povo

[também conhecido por Almanaque Fontoura,um dos mais populares do Brasil novecentista, idealizado por Monteiro Lobato]

Tonificantes (para a crise): a verdade é que, havendo vagar, é possível sair e fazer algo interessante sem ficar de carteira vazia. O portal aborlix.com é prova disso; a sua consulta é bem útil na organização de terapias de entretenimento com baixo orçamento.

Bulas (eleitorais): um lugar nada menos útil é seguramente este, de Roberto Ortiz de Zárate, editor de biografias de líderes políticos do CIDOB. Com tantos países e tanta rotatividade, é bom ter instrumentos de pesquisa eficientes.

Elixires (misteriosos): Dobra é, como já saberão, o título do novo volume de poesia reunida de Adília Lopes, pela Assírio & Alvim. Informam-se os indefectíveis do costume que haverá recital por voz da própria (18:30h) e lançamento da obra no dia 7 de Outubro, no Anfiteatro 1 da UCP-Lisboa. Essa tarde (15:00h-18:30h), sob o mote o cheiro de Deus - trânsitos da crença na poesia de Adília Lopes, ser-lhe-á também dedicada, por iniciativa do Projecto Bíblia, Comunicação e Arte (UCP/FT/CERC/UCPER).