
Não fui aluna da Secundária Padre Alberto Neto, mas digamos que andei na mesma escola que
Pedro Lomba. Explico: não fui colega do Dani, do Melão ou da Ana Sofia Vinhas, muito menos da Teresa Salgueiro ou do Nuno Santos
[fico por aqui, que o et caetera relativo ao ex-Liceu Nacional de Queluz seria longo], e contudo a minha experiência é muito semelhante à descrita na crónica do DN; acho que não erro em dizer,
RAF, que o
insight sociológico do PL reflecte a experiência de milhares de outros da geração de setenta. Caracterizar essa experiência é perder-se numa apologia? A mim parece-me que é tentar perspectivar o sistema que permitiu essa mobilidade social que (consensualmente) se constata.
Mas se não chega aduzirmos à questão educativa o nosso testemunho, também não chegará lutarmos por uma ou outra convicção ideológica sem o conhecimento do que ensino em Portugal até agora foi. Porquê? Porque esse mesmo caminho determinou a sucessão das tão (também consensualmente) criticadas reformas pedagógicas das últimas décadas. A boa notícia é que muito já se escreveu e conhece em termos históricos e sociológicos acerca do último século e meio de ensino; agora era integrar essa informação no debate mediático. Facto é que o mínimo denominador comum de conhecimentos que o Estado português tem ministrado aos seus cidadãos importou muito para o processo de consolidação de si próprio. Quanto à transmissão desses conteúdos, público e privado coexistem (há muito), e assim deve ser num país democrático; já a definição e supervisão daqueles, se quisermos continuar a usufruir da coesão social característica de um estado-nação (liberal ou socialista), implica a existência de um órgão superior, politicamente responsabilizável. Em termos estruturais, continuamos a preocupar-nos mais com a reinvenção da roda do que com o seu regular movimento.
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