(Isto não é bem um ) Almanaque do Povo

Lembrei-me bastante dele já no princípio desta década, quando fiz o estágio educacional. O panorama social era aparentemente semelhante, mas a minha nova situação levava-me a interrogar o motivo pelo qual, quando era aluna, quase todos nós reconhecíamos autoridade àquele homem baixo, magrinho e sexagenário. Desse novo lado da sala aprendi não se chegar nem perto do objectivo sem a combinação de preparação científico-pedagógica, resistência psicológica e empenho no que se está ali a tentar fazer. Quem não tem isto não está apto para ensinar no básico e secundário, e o Leal tinha-o. Mas o que eu recordava do meu melhor professor não me deu chave para lidar com uma outra geração, claro, nem com situações de volatilidade na fronteira entre a indisciplina e a violência em contexto escolar. Felizmente, nesse período, nunca um aluno me fez pior que insultar (ser-se mandado para o car###o chega e sobra), tendo dos procedimentos disciplinares decorrentes surtido efeito positivo.
Faço votos para que tudo o que se tem visto (até à náusea) e falado nestes dias ajude a inverter a situação de proscrição do mainstream político-pedagógico de conceitos como castigo, expulsão, reprovação, etc. Não para repôr nenhum tipo de autoritarismo, mas marcar a fronteira entre o aceitável e o ilícito. Espere-se muito de quem ensina, sim, tal é indispensável, mas também - tão ou mais importante para o tempo que há-de vir - de quem aprende. Os alunos são indivíduos dotados de inteligência, consciência, (em boa medida) responsabilizáveis. Um jovem é uma pessoa a caminho da idade adulta, não é uma pessoa em potência.