Ensaios de Micro-História

Aproveitando os cem dias sobre o início de funções de uma nova administração norte-americana, recomendo a leitura do também norte-americano Portraits of an Economy. A ideia, posta em marcha desde Fevereiro por Rebecca Woolf (argumentista em início de carreira, blogger experimentada na Costa Oeste), não podia ser mais simples: recolher e dar a conhecer alguns dos relatos de quem viu muita coisa mudar de um dia para o outro. Lá estão a surpresa, o desalento, o calafrio, o balanço, a temperança, e o mais que toma quem muito faz para se manter à tona.

[Foto: acampamento de novos-sem-abrigo improvisado em Sacramento, Califórnia; série completa no Boston.com.]

James Graham Ballard, 1930-2009

Só ontem soube da morte de Ballard, autor que ainda conheço pouco mas de quem já gosto muito. Suponho que iremos andar bastantes anos de volta das suas prospectivas distópicas, que de inverosímeis parecem ter cada vez menos. Porreiro era alguém da RTP se lembrar de repetir transmissão do  Aparelho Voador a Baixa Altitude (2002), uma bela e subestimada variação fílmica realizada por Solveig Nordlund (entrevista sobre a adaptação encontrada aqui) a partir  de um dos contos da sua obra, com uma Tróia que também já não existe por pano de fundo. 

[Ilustração: Kyle T. Webster/L.A. Weekly]

Fé e Ciência

Terá início daqui a pouco, pelas 18:30h, mais um colóquio do CRC, desta feita em torno de Charles Darwin e do seu legado intelectual. Um diálogo entre Fé e Ciência é o mote. Ouvir-se-ão as intervenções doP. João Resina e do Prof. João Caraça, a que se seguirá, como habitualmente, um momento de debate. A entrada é livre.

Local: Centro Nacional de Cultura (Galeria Fernando Pessoa)

   Largo do Picadeiro, Nº10 - 1º. Lisboa (Metro: Baixa-Chiado) 

Captain Funk hits again?*

O infotainment não é estimável, mas há excepções. Os spots publicitários da SIC-notícias são um achado, sobretudo o que sobrepõe uma lengalenga de Herman José a imagens de Durão, Santana e Sampaio.

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A mentira

Hoje em dia, a mentira é vista como utilitária socialmente, contribuindo para a formação de uma ordem social harmónica, coexistindo com a verdade de uma forma misteriosa e, de certo modo, atractiva. Será que a mentira é mesmo uma das bases essenciais da civilização contemporânea e não se confina meramente ao dia 1 de Abril? Será a mentira necessária para a consistência da vida em comum?

"Gosto da verdade. Acredito que a humanidade precisa dela; mas precisa ainda mais da mentira que a lisonjeia, a consola, lhe dá esperanças infinitas. Sem a mentira, a humanidade pereceria de desespero e de tédio."

FRANCE, Anatole in A Vida em Flor