quarta-feira, junho 21, 2006

Comédia política recomendada à atenção do Bloco


O Bloco continua claramente concentrado, como fica demonstrado pela voz de um dos seus mais autorizados porta-vozes, no essencial para a vida do país no momento actual: o protocolo de Estado!

Fico satisfeito, naturalmente. Pois vejo assim confirmada a minha análise anterior de que para o BE a revolução agora começa no protocolo. (E particularmente, anti-catolicismo primário assim obriga, por derrubar da sua cadeira protocolar Sua Eminência Reverendíssima o Excelentíssimo Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa).

Fico a aguardar o passo lógico seguinte da parte do grupo parlamentar do BE (talvez até com o apoio de alguns deputados do PS à procura da juventude perdida): pedir o agendamento urgente de uma interpelação a respeito do fim lugar protocolar da Primeira Dama!!!

A Primeira Dama!? Mas o que é isso, Deus meu? Quem é que a elegeu? Que representatividade é que ela tem? Até o próprio nome é um atentado aos direitos da mulheres! (E que melhor vingança para o veto presidencial às quotas para as senhoras!) Parece-me absolutamente evidente que a Primeira Dama não tem qualquer lugar no protocolo de Estado. Absolutamente nenhum. Absolutamente evidente. (Já o Primeiro Cavalheiro, não sei, teremos de ver na prática como funciona). Fico a aguardar ansiosamente por mais esta iniciativa revolucionário do BE.
IMAGEM: A primeira dama de França, Maria (neste caso Antonieta), a caminho da guilhotina. Um método quiçá algo radical, mas altamente eficaz de resolver problemas de protocolo.

7 Comments:

Blogger João Miguel Almeida disse...

Não percebo estas «guerras de Alecrim e Manjerona» em volta do protocolo. Nesta caso, Bruno, não vejo grande diferença entre as propostas do BE e do PS...Estou a ponderar se escrevo um post sobre a questão da Igreja Católica porque ia dar muita discussão neste blogue e eu ando sem tempo e ainda por cima vou passar o fim-de-semana afastado da «Rede». Mas em relação à representação dos descendentes da família real escrevo já um comentário curto: se eu fosse monárquico ficava indignado. Tal inclusão no Protocolo de Estado representava o reconhecimento do regime republicano pelo pretendente ao trono e, simbolicamente, a sua subordinação hierárquica ao Presidente da República. Como sou republicano, sou contra mas não me indigno. Acho uma proposta ridícula. Era a mesma coisa que, numa monarquia, reservar um lugar a um representantes dos revolucionários republicanos.

10:15 da manhã  
Blogger Luís Aguiar Santos disse...

João, que eu saiba, esse lugar protocolar do duque de Bragança já não é novo. Acontece também que o duque de Bragança (ao contrário de alguns supostos "lealistas") não é um revolucionário e sempre aceitou a legalidade do actual regime. Este, por seu lado, reconhece nele o representante de uma instituição histórica (a casa real), que já teve um importante papel político, e que a república, na sua maturidade, não exclui da representação simbólica que faz da realidade nacional em actos protocolares. Sou lealista (ou "monárquico" como é mais comum dizer-se) e acho este equilíbrio interessante. Pouco sectário, do meu agrado. E julgo que esta atitude é exactamente a que deveria prevalecer em relação a, pelo menos, dois dos prelados católicos romanos em Portugal: o arcebispo de Braga e o patriarca de Lisboa.

11:52 da manhã  
Blogger João Miguel Almeida disse...

Luís, acho o Duque de Bragança uma pessoa estimável e sem dúvida respeitador da legalidade e representante de uma instituição histórica. Mas não deixa de ser também o pretendente ao trono português em caso de restauração da monarquia. Não estou por dentro das minúcias protocolares, mas pelas notícias que li pareceu-me que a proposta do PSD e do CDS era no sentido de lhe dar um lugar protocolar que não possuía.
Acho que o poder simbólico do Duque de Bragança podia e devia ser aproveitado de outra maneira, por exemplo em missões diplomáticas. Acho natural que o Protocolo de Estado lhe reconhecesse um lugar por exercer determinadas funções de interesse público.

9:25 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

parece haver aqui algum equívoco, mas o Bruno deverá certamente saber que o Bloco de Esquerda não apresentou nenhuma proposta para alterar o protocolo de Estado.

A ser justa, esta crítica deveria ser endereçada ao PS, PSD e PP que apresentaram propostas nesse sentido e à comunicação social que lhes tem dado amplo espaço de destaque.

A não ser, claro, que isto seja apenas uma forma de o Bruno ajustas contas antigas com o Daniel, neste caso por intermédio do Bloco do qual ele faz parte...

12:53 da manhã  
Anonymous Anónimo disse...

Bruno, o Bloco não apresentou qualquer proposta sobre o Portocolo. Nenhuma, nada. Assim, dificilmente pode dizer que se trata de uma prioridade para o Bloco.

Eu fiz uma piada sobre uma proposta que me parece patética. Isso também não faz do assunto uma prioridade do Bloco. As prioridades dos Bloco não são apresentadas em posts humoristicos de blogues. E eu não costumo definir os meus comentários pelas prioridades do Bloco. É uma coisa que o Bruno nunca vai perceber: que as pessoas podem estar num partido, ser militantes e dirigentes desse partido, e, ainda assim, não pedirem autorização ao partido de cada vz que escrevem.

Ia continuar a argumentar mas temo que, ao falar do Bruno, ele fique a achar que ele próprio é uma prioridade para o Bloco de Esquerda. Capaz disso era ele.

4:43 da manhã  
Blogger Pedro Picoito disse...

Olha, olha, desta vez foi o Daniel Oliveira a cair na sopa... Capaz disso é ele.

2:18 da tarde  
Blogger bruno cardoso reis disse...

Caro Daniel

Continuas a ter problemas em aceitar que se possa fazer piadas sobre as tuas opções políticas. É um privilégio pelos vistos reservados para uma vanguarda da agitprop como tu.

As piadas não têm exactamente que ter o rigor de uma notícia de um jornal de referência, mas em todo o caso a informação que aqui me chegou pela imprensa portuguesa (de referência, a tal isenta e imparcial que ouve sempre os dois lados de uma história), se bem me lembro, foi que o Bloco de Esquerda apresentou uma interpelação parlamentar sobre o lugar protocolar do Excelentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal Patriarca de Lisboa. Isto, antes do grupo parlamentar do PS ter a ideia ridículo de legislar sobre o protocolo seguindo (pouco mais ou menos, tanto quanto alguém consegue perceber) a deixa do Bloco. (Devem estar a ver se conquistam a minoria absoluta!)

E portanto os parlamentares do PS têm direito a uma piadazinha neste poste, no lugar subordinado e de arrasto - uma palavra particularmente apropriada - que conquistaram nesta questão.

Ou seja, continuas sem perceber que eu posso apoiar um governo do PS sem apoiar necessariamente tudo o que o partido (sobretudo) ou até o governo fazem. Compreendo. No Bloco não deve ser bem assim. Deve ser mais do género da social-democracia de tipo centralismo democrático com uns pós pós-modernos.

Mas fico à espera do esclarecimento sobre o pedido de esclarecimentos do Bloco no parlamento: existiu ou não? O Bloco quer SER o Senhor Cardeal Patriarca fora das cerimónias públicas ou não? Espero que sobre o teu partido sejas uma fonte de informação rigorosa.

E sobre o estatuto da "Primeira Dama"? Nada a dizer?! Não me digas que não achas um escândalo anti-democrático, um atentado à razão que precisa urgente se ser resolvido!? Mais uma causa a precisar do Bloco? Não?

11:53 da tarde  

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