A Vaca do Vasco II
Em primeiro lugar, por causa do delírio megalómano – dar vacas a pobres? Mas quem é que o fez em nove séculos de História? Onde é que estão os nomes dos ministros e dos beneméritos proprietários, industriais ou banqueiros? O que eu sei é que a mulher de D. Dinis dava pães aos pobres, às escondidas do marido. Não eram de certeza pãezinhos de leite mas foram argumentos a favor da sua santidade.
Depois a irracionalidade do acto: se dessem um boi a uma família que já tivesse uma vaca, o mais provável é que esta esperasse pelos vitelos. Se quisessem avaliar as capacidades de trabalho e de paciência de um pobre que nunca teve nada de seu, dessem-lhe umas galinhas e uns coelhos, animais de criação baratos e que se reproduzem depressa. Para quê tentá-lo com uma vaca? Ainda, por cima, com alguma dose de sadismo, dizem-lhe para esperar pelo boi. O pobre não pediu a vaca nem o boi, se pediu alguma coisa foi esmola pequena. Mas há-de pensar: se querem que eu fique com os dois animais, por que é me não mos dão logo? Hoje passou-lhes pela cabeça darem-me a vaca, amanhã pode passar-lhes pela cabeça não me darem o boi. Quem sou eu, que toda a vida fui pobre e tenho apenas, por sorte, uma vaca, para lhe exigir o boi prometido?
6 Comments:
:)
Uma coisa é certa. Os amigos do João, e se calhar também o João, acham que os textos do Vasco Pulido Valente no Público têm cada vez menos ponta por onde se lhe pegue, mas desde ontem não se fala de outra coisa aqui no amigo do povo. Mata-se o Vasco, mata-se o João, masta-se a vaca, mata-se o (ou a?) hmbf, ou mata-se a minha humilde pessoa?
P.S.: Isto já para não falar nas vacas sagradas do Bruno e do Luís e das vacas que os chineses comem pouco - quem o diz é o João, mas eu não estaria assim tão seguro.
Henrique Manuel Bento Fialho, B.I. n.º 9541104, para que não haja confusões. P.S.: não é o Vasco quem está em causa, é a anedota da vaca contada pelo Vasco. Quanto ao Vasco, para mim são todos bem vindos... os folgazões! Desde que não se venham a mim… Ups, raça de língua portuguesa!
Quanto à pergunta de quem é que se mata, mais vale matar a vaca...Apesar de achar a vaca um animal simpático. Como sou um burguês urbano com sensibilidade ecologista até prefiro, teoricamente, carnes magras. Na prática todas as carnes me sabem bem.
Quanto ao Vasco Pulido Valente, apesar da sensação cada vez mais frequente de "já lido", não tenho dúvidas de que vou continuar a lê-lo. E comprar a biografia do Paiva Couceiro. É com os mestres que se aprende a criticar os mestres.
Ontem na FNAC de Lisboa já não havia a biografia do Paiva Couceiro. Se fosse outro qualquer a escrevê-la, ainda estava nas prateleiras... Quanto ao VPV, o que me parece é que, contrariamente a certo mito, se contradiz sem vergonha nenhuma: ora desanca no Estado, que é para "cortar", ora critica os cortes nas pensões do funcionalismo público... Ou seja, quer comer a vaca sem a matar.
Queria dizer na FNAC do Chiado...
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