O novo transporte público
Pensei em escrever este post há cerca de um mês, quando andava por Barcelona. Entretanto surgiram notícias nos jornais do envolvimento da Federação Portuguesa de Cicloturismo na campanha de António Costa e o candidato fez declarações acerca da possibilidade de uma «ciclovia de Belém até ao Parque das Nações.» O meu desafio aos candidatos à Câmara Municipal de Lisboa é que fossem mais longe e pensassem na bicicleta como um novo transporte público de Lisboa, mais saudável e não poluente, que pudesse ser utilizado por quem não pode ou não quer investir dinheiro na compra de uma bicicleta e/ou guardá-la num pequeno apartamento.
É verdade que há muitos clichés adversos à implantação da bicicleta como transporte público em Lisboa: a cidade das sete colinas, a ameaça da chuva, etc. Lembro que a bicicleta é um meio de transporte utilizado em cidades com piores condições atmosféricas do que Lisboa, como Amesterdão e Copenhaga. Barcelona também não é tão plana como por vezes imaginamos, basta pensar que a sua principal Avenida, as Ramblas, sobe da Praça Colombo para a Praça da Catalunha. Se a rede de metro de Lisboa não chega a toda a parte, a rede de bicicletas também podia evitar os grandes declives e concentrar-se em zonas planas ou de declives suaves, como ao longo do Rio, ou do Lumiar ao Saldanha.
A combinação num mesmo cartão do acesso a diversos transportes públicos permitiria que os utentes, desesperados com a expectativa de terem de esperar para entrar num autocarro como uma sardinha espera para entrar numa lata, pudessem optar por uma bicicleta à mão. Ou, em dias de maior calor, em vez de se sentarem nos grandes volvos ao pé das janelas desenhadas para aproveitar a escassa luz do dia sueco, poderem apreciar a aragem de um passeio em pedais e duas rodas.
Etiquetas: transportes públicos; Câmara Municipal de Lisboa; bicicleta
3 Comments:
Sou completamente a favor da bicileta e gosto de praticar. Só acho que, com ou sem ciclovias, já é possível, hoje, fazer vida dentro da cidade só com transportes públicos e... a butes! Antes das bicicletas privilegiaria as vias para transportes públicos e a fiscalização do seu respeito pelos senhores automobilistas compulsivos.
O problema com as bicicletas e ciclovias em Portugal - e você toca no assunto - é o facto de serem encaradas como um elemento lúdico do espaço urbano e não como um meio de transporte legítimo.
Parabéns pelo texto!
A bicicleta percorre um trecho urbano a 18 km por hora, velocidade semelhante ao trãnsito de carros em São Paulo, Brasil. Não ha a menor dúvida que a medida é extremamente correta. VIVA BARCELONA !
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