Os portugueses são atrasados?
A sesta é um hábito saudável que os espanhóis tiveram a sabedoria de conservar e partilham com alguns portugueses, principalmente do Sul e do interior. Há estudos científicos provando que a sesta permite ganhos consideráveis de produtividade. A falta de pontualidade, especialmente na «história» do anúncio, significa apenas falta de profissionalismo. Para quem ainda não leu a «tira de banda desenhada», que aparece não só em cartazes como também em páginas inteiras de jornais, devo explicar não se tratar de um «pequeno atraso». O que se vê é um homem de negócios espanhol, com ar sério e uma reunião marcada para as nove e meia. Espera pela chegada do seu interlocutor português das 9.25 às 12.45 para ouvir da secretária: «O Dr. está mesmo a chegar.»
Curiosamente, desta vez, os meus voos ibéricos desmentiram não só o anúncio como experiências minhas anteriores: o voo Lisboa-Barcelona partiu a horas e o Barcelona-Lisboa atrasou-se quarenta minutos. Mesmo que os portugueses fossem sempre menos pontuais do que os espanhóis, justificava-se este exercício de auto-flagelação lusitana? Ou a absurda auto-indulgência de que deviam ser os estrangeiros a adaptarem-se aos nossos atrasos e não nós a esforçarmo-nos por ser mais pontuais? Não seria melhor empregar o dinheiro numa campanha contra a falta de pontualidade? Não deveriam os homens do marketing e da imagem preocupados com a conservação das nossas idiossincrasias concentrarem-se na defesa da petinga, ameaçada pela burocracia de Bruxelas?
Etiquetas: Publicidade institucional; imagem de Portugal; sesta; pontualidade; cartaz infeliz
1 Comments:
Um post perfeito sobre o estado de miséria a que chegou a auto-estima portuguesa. Também escolho a defesa da petinga, do leitão, da colher de pau e, já agora, da fruta-que-antes-tinha-sabor. Etc.
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