sexta-feira, outubro 13, 2006
Eu votava em Pamuk para o Nobel! Ou talvez (egoistamente) não, porque sempre me irritaram as razões políticas do Nobel e a perda de tesouros escondidos (além claro, de não ser nem sueco nem membro da respectiva Academia).
"Conheci" Pamuk por via de uma colega turca na fria Inglaterra, há uns anos atrás. Dele recomendo o terrível Neve (Snow) sobre a violência política nos confins da Turquia (ou noutro lado qualquer). Ou ainda o magnífico O Meu Nome é Vermelho (My Name is Red) – o melhor livro que li sobre atracção e repulsa entre civilizações tão próximas e tão frequentemente inimigas: Oriente e Ocidente - que começa com um cadáver a apelar à nossa simpatia e tem no vermelho uma personagem suficientemente bem esgalhada para ser bem merecedora de figurar no título. Um policial pós-moderno (ou será pré-moderno?) e uma reflexão sobre a arte que tornou mais fascinada a minha ida a Istambul.
Recordo uma declaração de amor de Pamuk ao romance e às paragens ocidentais de onde ele veio, publicada há uns tempos, creio que nas páginas culturais do Guardian, mas cujo linque perdi. Para compensar deixo-vos aqui: um extracto das suas memórias de homem na (sua) cidade de Istambul; e um divetido texto sobre uma visita a Teerão, pretexto para uma reflexão sobre onacionalismo e o código da estrada que talvez ajude a explicar alguma coisa da nossa própria sinistralidade rodoviária. A Turquia, o Irão, tão longe e tão perto...
Pamuk é um romancista turco. E só isso faz dele uma ponte agitada entre dois mundos. Lê-lo será das contribuições menos custosas - para quem gosta de literatura - para o tão afamado diálogo de civilizações.
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