O meu nome é Vermelho
Assim começa o magnífico romance de Orhan Pamuk. Falar de realismo mágico ou (des)estrutura pós-moderna é dizer qualquer coisa, mas não muito: clichés não puxam carroça. Mas é o livro mais interessante que me ocorre a pretexto da actual querela das imagens.
É uma estória de Istambul no final do século XVI, de traição, assassínio, amor – a faca e alguidar do costume, portanto.
Aquilo que torna o livro interessante e especialmente actual é o facto da «acção» se centrar na comunidade de iluminadores que trabalham para o sultão otomano. De todos os velhos temas de paixão e morte estarem demolhados em problemas tão actuais como as trocas culturais entre civilizações, a fascinação e ódio entre Oriente e Ocidente. De ser central no enredar do texto o problema da representação e da arte como acto estético, mas também (algo que só raramente nos ocorre nos tempos que correm) político e religioso. Em suma, como viviam estes iluminadores, estes produtores de imagens cada vez mais tentados pela pintura ocidental, na capital de um império islâmico? Resposta curta: perigosamente.
A linguagem arcaizante e um pouco embrulhada para olhos ocidentais pode não atrair à primeira (a mim atraiu). Mas vale a pena perseverar.
PS – Quem quiser um versão compacta da questão das imagens e iluminuras no Islão (que vi primeiro referida aqui e aqui) pode ficar-se pela BBC. Um ponto curioso é que uma das razões porque se podia defender que as iluminuras não desafiavam a proibição islâmica de criar imagens era o seu aspecto estilizado e o pequeno tamanho. Ora isso parece pertinente para as caricaturas da discórdia, não?
2 Comments:
Epá! Bom blog este, bou ler o libro desse home, pa ber o cão! Mas o que mais me chama a atenção é o nome deste blog, o amigo do povo! Visite também este aqui:
www.caramelosapiens.blogspot.com
São também uns verdaderos amigos do pobo, esse que unido jámais será vencido!
eu li meu nome é vermelho e achei interessante mas dificil. a tradução para o portugues nao ajudou. estou pronta para iniciar uma segunda leitura...
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