No vale de Elah
Paul Haggis bem pode dar entrevistas a dizer que não quis realizar um filme com uma mensagem sobre a guerra do Iraque. O último plano do filme não podia ser mais explícito na mensagem que transmite: a bandeira norte-americana colocada de modo a significar um apelo de ajuda internacional, como é previamente descodificado. A questão é que o filme de Haggis, não se reduz a uma obra de propaganda, como Peões em Jogo, de Robert Redford. Tal como Redacted de Brian De Palma, Haggis também recorre aos vídeos feitos por militares norte-americanos no Iraque. Mas a estética e a construção cinematográfica de Haggis vai no sentido oposto ao de Brian De Palma: sobriedade em vez de exuberância formal; silêncio em vez de gritos e explosões; o cinema como meio de dar uma perspectiva mais ampla, decifrar os estilhaços de vídeo, em vez de uma espécie de mosaico gigantesco de diferentes registos audiovisuais.A interpretação de Tommy Lee Jones, um antigo polícia militar que investiga o desaparecimento do filho, recém-chegado do Iraque, é o eixo do filme, bem secundado por Charlize Theron, no papel de polícia civil. Foi no vale de Elah que David venceu Golias. A metáfora não vale em termos de relações internacionais: foram os Estados Unidos a entrar no Iraque como super-golias - império incomparável e imbatível. É antes uma metáfora da luta que cada homem trava no seu íntimo com os seus gigantescos monstros. Aqueles que só olhando de perto se pode vencer.
Etiquetas: filmes, Paul Haggis, Tommy Lee Jones

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