domingo, abril 08, 2007
Daniel Oliveira, o português mais inteligente da blogosfera e último representante do radicalismo moderado da esquerda lusa, iniciou uma cruzada com o intuito de que em Portugal, e ao contrário daquilo que é normal em todo o mundo civilizado, a extrema-direita, por mais abjecta que seja nas suas ideias, possa ser silenciada, perseguida e enjaulada. Isto é, quer que o nosso regime democrático seja tão intolerante como qualquer regime ou formação política fascista ou “social fascista.” Daniel Oliveira, tal como no tempo da outra senhora, refere-se a “crimes políticos” quando fala da extrema-direita portuguesa. Poder-se-ia pensar que não sabe o que está dizer. Mas sabe. Quem andou pelo PCP aprende e nunca esquece. Como há criminalidade política, Daniel Oliveira arma-se em inspector da Judiciária ou em agente dos serviços de informação (ou da PIDE dos tempos da “longa noite fascista”) e quer meter toda a extrema-direita portuguesa na cadeia. Esquece-se que além de tal procedimento não ser nada democrático, rapidamente se tornaria na melhor maneira não apenas de criar umas quantas vítimas e até alguns mártires na dita extrema-direita mas, e sobretudo, uma forma de começar a matar o regime político nascido da Constituição portuguesa de 1976. O Daniel Oliveira sabe muito bem que uma das principais virtudes da democracia e dos democratas, além de uma das suas principais forças, está justamente em permitir que outros digam tudo aquilo que, desde logo por princípio, não se gosta de ouvir. Ou seja, a democracia pode e deve permitir que neguem publicamente a democracia e os seus próprios fundamentos políticos, ideológicos e morais. Ora é justamente por isso que Daniel Oliveira não só não é democrata como quer dar todo e qualquer contributo para acabar com ela onde quer que seja.
Mas mais ainda, Daniel Oliveira, e outros como ele, veja-se o caso do “historiador” Rui Tavares do Público, não percebem que, da extrema-esquerda à extrema-direita, todos devem ter um lugar no sistema político e na sociedade portuguesa. Devia reconhecer publicamente, como em privado certamente já o fez há muito, que parte da violência da extrema-direita não é “genética”. Ela é consequência da marginalização de que tem sido vítima – embora não unicamente vítima. Para bem da democracia portuguesa, portanto, devemos aceitar cartazes como os PNR na Rotunda contra os imigrantes, como devemos aceitar reuniões políticas, espectáculos rock, ou o que quer que seja, independentemente das "mensagens" que nela passem. Se não for assim, cada vez mais a democracia portuguesa se assemelhará mais ao Estado Novo do doutor Salazar. De qualquer modo, e como é óbvio, caso a lei seja infringida então as autoridades que ajam em conformidade. Finalmente, se o Daniel Oliveira tem provas de que o PNR está ligado a actividades ilegais ou que as autoridades portuguesas, por razões totalmente ilegítimas, não investigam acções criminosas cometidas pelo PNR ou por outras organizações que funcionam na sua órbita, melhor será que de forma rápida denuncie e apresente provas. Ficaremos todos, a começar por mim, felizes e satisfeitos com tamanho acto de coragem e de civismo. De resto, e como o Daniel "Salvador" Oliveira não vai poder provar nada – aliás nem quer –, bom será que a democracia portuguesa ignore todos aqueles seus salvadores que vêm do estalinismo, prontos a usar métodos estalinistas, mas que não se sabe exactamente para onde vão. Ou será que se sabe?
2 Comments:
Confesso que não tive paciência para ler mais do que 10 linhas do seu texto. Tem demasiados adjectivos e eu nunca me dei muito bem com este tipo de escrita de tribuno de aldeia.
Fica só a informação: sou contra a disposição constitucional que torna os partidos fascistas ilegais. Defendo que fenómenos políticos se combatem com argumentos políticos, incluindo o direito à indignação. E defendo, como suponho que defende, a investigação de crimes. Não de crimes políticos. Apenas de crimes comuns: homicídios, tráfico de armas, tráfico de droga, espancamentos. É isso que eu quero que se investigue nos membros do PNR.
Se soubesse alguma coisa sobre a extrema direita portuguesa saberia do que estou a falar. E se tivesse lido o que eu escrevi saberia o que tenho defendido. Mas não o critico por não me ler, já que também a mim me falta a paciência para o ler a si.
Excelente post. Vou ver se aranjo tempo para o comentar. E ficamos a saber que o Daniel Oliveira considera o tráfico de droga um crime. As coisas que tu o obrigas a dizer...
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