segunda-feira, julho 31, 2006
Quem quiser perceber as tácticas de Israel contra o Hizballah deve ler esta obra (já) clássica de David Omissi sobre o uso da aviação nas tarefas de policiamento imperial pelos britânicos no período entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial. Preocupados com a questão de manter um princípio de força mínima necessária os britânicos desenvolveram, a partir de 1920, tácticas de destruição de infra-estruturas e de aviso prévio às populações civis - visto que os guerrilheiros se misturam sempre e por sistema com elas - mediante o lançamento de panfletos a avisar para abandonarem uma determinada povoação ocupada por guerrilheiros que seria atacada dali a pouco. Tal como no caso de Israel, isso não evitou desastres: populações que não sabiam ler (sequer árabe, daí ter-se recorrido a gravuras); ou que simplesmente não tinham como ou para onde ir, ou vontade de sair. Sobretudo, o que parecia força mínima nos anos trinta, deixou de parecer, por exemplo, quando nos anos sessenta os britânicos tentaram recorrer a tácticas semelhantes no Iémen. A norma internacional sobre o uso da força tinha mudado - nomeadamente com as várias Genebras - como se explica aqui.
Israel está agora a confrontar-se com os custos disso mesmo e com as dificuldades de responder proporcionalmente a um inimigo irregular que, há partida, está mais disposto a sofrer baixas militares e civis. Mas se conseguir uma força de interposição internacional e o acordo do Hizballah (e da Síria e Irão) a uma retirada das suas forças da zona de fronteira terá alcançado uma grande vitória. Só não vejo bem porque é que os sírios (ou iranianos) iriam nisso, neste momento, em que aparentemente (mas as aparências frequentemente iludem) ninguém está a falar com eles.
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