terça-feira, julho 18, 2006

Católico quase mata Hitler: 18 de Julho de 1944


Claus Schenk, Conde de Stauffenberg, foi o oficial profundamente católico - e explicitamente inspirado pela doutrina de tiranicídio de São Tomás Moro - que colocou a bomba que quase matou Hitler em 18 de Julho de 1944 e liderou o golpe para o derrubar. Foi executado. Ele e mais umas centenas. (O embaixador alemão na Santa Sé só escapou porque os Aliados tinham ocupado Roma). Cerca de metade das vítimas do Holocausto pereceram depois desta data.
Estas redes clandestinas estavam em contacto com o papa Pio XII desde o final dos anos trinta. Foi assim que o papa soube antecipadamente da ofensiva alemã de Maio de 1940, tendo prevenido as neutrais Holanda, a Bélgica, o Luxemburgo, e depois de uns dias de hesitação, a Grã-Bretanha e a França.
Suponho que haja quem considere estes actos uma escandalosa violação da separação entre a Igreja e o Estado.

PS - Não estou disposto a assumir o manto da histórica apologética. Mesmo num blogue não me interessa andar a servir de advogado de defesa ou acusação. Prefiro procurar perceber o que se passou nas circunstâncias da época, na sua complexidade. Mas tendo em conta a quantidade de propaganda virtual que tem obscurecido esta questão, tentarei colocar, para equilibrar, alguns postes com exemplos factuais ou citações documentais do tipo de posições vaticanas e de católicos que se opuseram ao nazismo. Para quem quiser aprofundar o conhecimento das redes de resistência a Hitler, uma obra de referência é: Peter Hoffmann, The History of the German Resistance 1933-1945.

6 Comments:

Blogger Luís Aguiar Santos disse...

Mas então não foi a aristocracia alemã (e austríaca!) que abriram o caminho ao nazismo? No Blasfémias, há não muito tempo, diziam que sim...

5:52 da tarde  
Blogger Pedro Picoito disse...

Belo post.

12:48 da tarde  
Blogger mch disse...

É importante diferenciar a aristocracia "germânica" católica, da Áistria, Baviera e Renânia de outras da Saxónia, Prússia etc. O recente livro de Fernando Amaro Monteiro sobre "Salazar e a Rainha" tem a documentação de como, Otão de Habsburgo e as Infantas da linha de D. Miguel de Bragança e os Turn e Taxis entre outros eram anti-hitlerianos, alguns presos.

3:24 da tarde  
Blogger João Pedro disse...

E não esquecer igualmente que a família real bávara teve de se auto-exilar precisamente por causa da sua oposição ao nazismo.

2:00 da manhã  
Blogger Luís Aguiar Santos disse...

Eu estava a ser irónico, como é obvio!

É bom saber que o Prof. Mendo nos lê...

10:23 da manhã  
Blogger bruno cardoso reis disse...

Caro Luís e Pedro obrigado. Caro João Pedro e caro Professor Mendo de Castro Henriques concordo que a maioria da aristocracia católica foi, provavelmente, mais activamente, ou pelo menos mais visivelmente anti-nazi do que os restantes católicos alemães.

Hitler tinha, aliás, uma particular sanhar contra os Habsburgos.

Sobretudo há que ter o cuidado de generalizar. Por exemplo, diz-se que a aristocracia militar prussiana tradicional - os junkers - foi um grande apoio de Hitler. E é verdade que muitos (em que percentagem?) parecem tê-lo sido. Mas mesmo aí é possível encontrar importantes opositores. Por exemplo, o Conde Moltke, neto e bisneto de famosos generais foi dos mais activos nesta rede de resistência a Hitler.

10:28 da manhã  

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