domingo, julho 16, 2006

Revista de Imprensa ou a Silly Season volta a atacar

Um emigrante à terra tornado tem sempre vontade de saber as novidades, as fofocas. Naturalmente vira-se para a imprensa lusa. Virei-me primeiramente para a imprensa de referência que não está disponível fora de portas. (Salva-nos o DN). E só o Público chegou para escrever a presente prosa.
O Público está cada vez mais gralhado. Já só falta mesmo gralhas flagrantes chegarem aos títulos da primeira página. Mas, como toda a gente sabe, vale pelos textos de opinião (sem link, claro, vão ler às bibliotecas).
Pacheco Pereira (no Público de 13 de Julho) disserta como tem sido habitual sobre os intelectuais, o povo e o futebol. JPP acha que esta vaga de amor intelectual ao futebol só é explicável pelo desejo da intelectualidade conquistar o povo. (Nós aqui não fazemos segredo do que o nosso objectivo é realmente ganhar a amizade do povo. Mas isso é uma tarefa de todos os dias e não apenas a respeito do futebol.) Quando ao dito cujo futebol gostaria de sugerir a JPP uma hipótese revolucionária: que haja intelectuais - ou seja, pessoas que escrevem - que realmente gostem de futebol (como o povo), assim como gostam de outras artes performativas como o ballet ou a ópera.
Eduardo Prado Coelho (no Público de dia 14) confessa que nunca leu blogues. O que não o impede de tratar mais este tema que desconhece. São, confessa, demasiado confessionais e juvenis para ele. Prefere fazer silêncio sobre o assunto escrevendo sobre ele. Há quem possa estranhar tal amor ao silêncio e gosto pela reflexão aturada no autor de uma crónica diária das mais confessionais da imprensa portuguesa (o que é dizer muito). Eu vi a coisa como uma inconsequente confissão veraneante de adolescente (a idade não tem a ver com os anos).
Finalmente, o texto mais divertido de todos. O ilustre comissário central do PCP Vítor Dias (no Público de dia 14) resolve exigir ao papa que peça perdão pela ditadura de Franco! Isto vindo do PCP que apoiou - e até agora nunca pediu desculpa pelo facto - os mais criminosos regimes do século XX que mataram milhões de crentes em crenças várias, e continua a defender a Coreia do Norte, ou a China ou Cuba. Deve estar à tua espera, camarada! E fica uma ideia revolucionária para um comunista: que tal deixar espaço para se fazer história a sério sobre estes temas do passado, em vez de atirar com propaganda barata e mal alinhavada?