sábado, julho 15, 2006

Mãe Rússia



Em tempos que já lá vão, ainda o muro de Berlim vivia, alimentei o projecto de visitar a periferia da Rússia - então União Soviética - entrando, qual Lénine em Abril de 1917, de comboio a partir de Helsínquia e alojando-me por uns dias na então Leninegrado (hoje São Petersburgo). Eram os tempos – penso que áureos – do Inter-rail. Problemas de saúde que me apoquentaram ano após ano obrigaram-me a adiar para sempre a viajem.
O meu fascínio pela Rússia vem-me não sei de quando e mas sei de quê: da sua literatura excelente e única, da sua história política, dos filmes de Eisenstein, do PCP e de Álvaro Cunhal, ou de Júlio Verne e Miguel Strogoff. Estupidamente, por preguiça, nunca me pus a aprender russo.
Hoje de madrugada, para matar a insónia, andei pelo blogue de José Milhazes, esse misterioso português na Rússia. E por lá, além de mais um texto sobre a difícil relação entre Maniche e o Dínamo de Moscovo, de outros sobre a cimeira do G8 em São Petersburgo, a repressão na Bielorússia e a política de Putin para o Cáucaso, encontrei um link para uma visita virtual ao Kremlin. Não é o Palácio de Inverno na capital do norte mandada erigir por Pedro Grande para modernizar o seu império emulando a Europa central e ocidental. É uma incursão por aquilo que há de mais belo e oriental na história da Rússia dos czares que precedeu Pedro o Grande ou que, já depois deste, preferiram a velha Rússia tradicional e tradicionalista que, como no tempo dos sovietes, desconfiava profundamente do, e às vezes odiava o, Ocidente não cristão ortodoxo ou não comunista.