quinta-feira, maio 25, 2006
Num texto exemplar, no Diário Económico, João Rosas vem recordar o essencial sobre o momento político actual em Portugal:
As oposições montaram um discurso que visa convencer-nos de que tudo aquilo que o Governo anda a fazer é “mera propaganda”. Segundo as oposições, o Governo teria jeito para o ‘marketing’ político, mas estaria abaixo do zero em política séria. Este dispositivo retórico aproveitou-se do facto de o Governo apresentar com pompa e circunstância muitas das suas medidas e programas de reforma. Esquece que nenhum governo no seu perfeito juízo faria propaganda de medidas impopulares. (E daí... Pode-se dizer que até dessas Sócrates faz alguma propaganda. Não se lhe pode negar coerência.)
Rosas recorda sobretudo alguns factos essenciais, começando pelo mais evidente: a oposição de direita reclama agora todas as medidas que não teve o engenho e a arte de implementar quando estava no poder, tanto com Durão Barroso como com Santana Lopes. Vão lá ler o resto do texto que vale a pena.
Realmente a profundidade do nosso jornalismo e comentário político (médio) é estonteante. Há anos que exigiam reformas de fundo - daquelas que pela sua natureza demoram tempo a produzir resultados. Ao fim de um ano estão cansados de esperar e querem resultados salvíficos! Brilhante. O que não significa que não seja preciso mais. Mais esforço de todos. Mais reformas (ainda) no sector público, mas sobretudo no privado. Mais investimento. Mas sobre como conseguir isso, ouve-se pouco.
ILUSTRAÇÃO: Detalhe de Sócrates em A Escola de Atenas. Fresco de Raffaello Santi [Reproduzido por caridade de Sua Santidade o Papa].
1 Comments:
O facto é que estamos a escorregar em todos os indicadores, enquanto os nossos parceiros nos vão ultrapassando: divergimos em vez de convergirmos. O governo está obcecado com o aumento da receita, mas não mostra sinais de estar disposto a reduzir a despesa pública ou, pior, de não aumentá-la, levando isto para um caminho sem saída. Bem, agora vem um intelectual dizer o contrário; mas não é isso que o governo nos diz todos os dias?
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