Menção Horrorosa
Que Zapatero e muitos socialistas – dentro e fora do Governo de Madrid – pensem que negociando com a ETA resolverão de uma penada dois problemas – o do terrorismo e o nacionalismo basco – pode merecer todas as críticas e todo o aplauso, dependendo afinal da forma como nos posicionemos. Mas revelador do carácter de Zapatero e do seu cinismo político é a proposta que fez para justificar aquilo que muitos espanhóis consideram moralmente injustificável. Segundo Zapatero os espanhóis, e em particular as vítimas do terrorismo, fecharão os olhos ao diálogo que a todo o custo quer levar a cabo com os terroristas da ETA, uma vez que já avisou, muito comovido, que irá propor que se inclua, no preâmbulo da Constituição espanhola, uma menção que recorde as vítimas do terrorismo. Porque é que tão brilhante ideia não ocorreu antes a líderes políticos de países democráticos, a braços com o flagelo do terrorismo, é algo que nunca saberemos. Excepto, claro está, no caso de ter sido Blair a soprar-lhe a inspiração. É que acho bastante provável que tenha sido sua a ideia. Faltava-lhe, porém, a Constituição onde colocar tão honrosa menção quando decidiu começar a conversar com o IRA.
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