sábado, abril 29, 2006

25 de Abril é quando um homem quiser


É curioso que o Fernando considere este meu poste como uma resposta a duas perguntas de um poste dele. Curioso porque eu não faço no meu texto qualquer linque para o dito poste. É normal que depois de se fazer uma pergunta do tipo - o que é que se festeja no 25 de Abril? - qualquer poste sobre o 25 de Abril seja lido como uma resposta. Como é normal que isso não me condicionasse minimamente em escrever sobre o tema. (Espero que não fosse o objectivo, uma espécie de pergunta retórica/ataque preventivo).
Aliás, aproveito para acrescentar que acho tristemente cómico que para falar da liberdade de não se celebrar o 25 de Abril, o Fernando tenha escolhido evocar a figura grotesca de Alberto João Jardim e o único território português que ainda não pode ser considerado como uma democracia plena. Veja-se o espetáculo recente de uma maioria parlamentar do PSD abusar do seu poder para insultar caceteira e chavascamente a oposição madeirense ao requerer formalmente a avaliação da sua sanidade mental!!! Como se criticar o PSD-Madeira fosse uma loucura. (É, eu sei, mas no sentido figurado). Como se o parlamento regional fosse: ou um programa cómico de gosto mais do que duvidoso; ou então, e se a coisa é para levar a sério, apenas não tirasse daí as lógicas consequências porque os "colonialistas do Continente" (ainda?) não lhe deram competências e dinheiro para instalar hospitais psiquiátricos prisionais à boa maneira soviética. Isto ainda me deixa mais perplexo porque o Fernando se mostra tão preocupado com os problemas de dissolução da unidade nacional na vizinha Espanha. O que diria ele se a Catalunha ou o País Basco decidissem unilateralmente não celebrar um feriado nacional espanhol?

Sobre o novo poste do Fernando quer-me parecer que é ele que ainda está no pré-25 de Abril. No tempo da Velha Senhora é que, dizem, os meninos das escolas, como membros da Mocidade Portuguesa, eram obrigados a acenar bandeirinhas nos celebrações oficiais. O 25 é celebrado porque quem quer. O feriado não obriga ninguém à festa. Quem quiser pode perfeitamente fazer como eu e trabalhar nesse dia.

Concordo com o Fernando em dois pontos essenciais. O primeiro é que o 25 de Abril marece ser discutido e analisado historicamente. Mas não vejo o que é esta tentativa da direita para o demonizar tenha alguma coisa de positivo para contribuir para isso. Fico, por exemplo, um pouco desapontado que o juízo de Samuel Huntington sobre o papel histórica da revolução democrática portuguesa seja descartado como uma previsível avaliação da revolução pela "esquerda". (Huntington, esquerda?)

E concordo também que temos feriados a mais em Portugal. A maior parte deles devia ser extinto. A melhor maneira de mostrar patriotismo nos tempos que correm é trabalhar mais e, se possível, melhor. Mas se faz sentido que algum feriado fique é o 25 de Abril. Tal como festejamos o dia em que nascemos (uns mais do que outros), é normal que o regime actual celebre o dia do seu nascimento.
Além disso, de entre as datas históricas políticas nacionais e internacionais o 25 de Abril parece-me ser das mais merecedoras de celebração oficial e popular. Do 4 de Julho da independência americana, até ao 14 de Julho da queda da Bastilha, passando pelo nosso 1 de Dezembro de 1640, vejo poucos ou nenhuns feriados nacionais que se saiam tão bem em termos do que significaram em termos de violência, custos económicas e liberdade.
Finalmente, não consigo perceber o que é que um liberal (alguém como a Sophia de Mello Breyner Andresen, por exemplo) pode ter contra o 25 de Abril. A não ser, claro, se for mais de direita do que liberal.
[CARTAZ : Cortesia do PPD/PSD]

3 Comments:

Blogger Fernando Martins disse...

Bruno,
Texto fraquito!
Um abraço.

3:13 da tarde  
Blogger bruno cardoso reis disse...

Mas espero que pelo menos do cartaz do PPD/PSD gostes! Um abraço.

7:01 da tarde  
Blogger Fernando Martins disse...

Nem por isso! Mas suponho que o puseste com a melhor das intenções.

10:53 da manhã  

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