Pesos e medidas
O Daniel Oliveira coloca no Aspirina B a questão da equivalência entre as caricaturas na origem de toda esta polémica e caricaturas sobre o Holocausto. Acho bem que a coloque, pois vale a pena analisar as diferenças. Eu não sou a favor de uma liberdade de expressão ilimitada – e já o provei neste blogue apagando um comentário racista sobre muçulmanos. Entendo é que a «susceptibilidade religiosa» é um limite demasiado vago, que facilmente leva o feitiço a voltar-se contra o feiticeiro. Até porque os muçulmanos são muito mais parecidos com os católicos do que geralmente se pensa.
Deve haver um limite à liberdade de expressão: o racismo. Aceito discutir se a fronteira deve ser entregue à ética ou ser definida pela lei, mas recuso qualquer equivalência moral entre caricaturas de agressores e caricaturas de vítimas. Não me indigno com a caricatura de um terrorista islâmico pelas mesmas razões por que não me indigno com a caricatura de um fanático judeu invocando a sua religião para justificar o massacre de palestinianos. As caricaturas do Holocausto são tão obscenas como qualquer caricatura do extermínio de populações árabes ou muçulmanas. Em suma: pode gozar-se com os que promovem a violência, abusam do poder ou incitam ao ódio, seja qual for a sua raça ou religião. Devem respeitar-se as vítimas. Todas as vítimas.
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