terça-feira, abril 15, 2008

Coisas que só a mim me ocupam*

1. No último fim de semana, fonte habitualmente suspeita (Público, mais a mais VPV) dava conta de uma empresa de funerais de luxo. Parece que os entes queridos guardam cabelos do falecido . Mas, esperem, isto não é tudo, muito menos é fetichismo; os cabelos são guardados depois de a funerária os ter processado de modo a se tornarem diamantes de várias cores. Isto não é profanação de cadáver?


2. Também no último fim de semana, os Obamitas voltaram ao noticiário em Portugal. Reportagem na RTP informava que no You Tube (eis uma desinvenção que seria urgente...) fazem enorme sucesso vídeos com criancinhas sub-verbais a dizerem «O-ba-ma». E, como se fosse preciso explicar, a voz off lá dizia que isso se devia à facilidade das crianças pronunciarem o nome. Bem sei que é sempre o pessoal que não é de Esquerda que «gosta de Obama» (eis toda uma política), mas isto não devia ser considerado exploração infantil?


3. Esquerda por Esquerda, que dizer da tendência alegrista do PS, que agora anuncia debates (coisa nunca vista, pois quando Alegre não aparece eles não o são...) como se fizesse uma revelação? «O dever dos socialistas é continuar a perguntar», pois então.


4. Claro que, para bem perguntar, convém começar por perceber. Há quem não perceba e quem se contente em citar quem não percebe. (Certas coisas, como a duplicidade do PCP no que toca a eleições no Zimbabwe ou à situação dos Direitos Humanos na China, em Cuba, na Colômbia ou na Coreia do Norte, já para não falar de Angola, deixaram há bastante tempo de suscitar perguntas.) Mas o facto é que a vacuidade de certas «perguntas» explica-se bem pelo esquecimento do que é óbvio: o socialismo da nossa autoprocalamada «verdadeira esquerda» não pretende ser colectivista (aliás, a definição de «trabalho» naqueles posts até Max Weber a aceitava), é distópico.


5. E, como observava no último fim de semana (sim, post pescadinha-de-rabo-na-boca), o distopismo cresce (gosto muito de o Público só nos dar a opção de achar os artigos interessantes). Foi muito fácil atacar «os políticos» (sobretudo do PS, agora espantem-se com o Ribau, vá...) de «pressões», não foi? Agora sobra apenas a melhor corporativite jornalística na defesa da Srª Sócrates, outrora conhecida por Fernanda Câncio, que por alguma carga de água tem um espaço fixo de opinião no seu jornal para perorar sobre coisas que não estudou a título de opinião (coisa, não por acaso, cada vez mais comum no jornalismo português - o link é o mesmo do ponto 4). Enquanto o PSD não protesta contra as opiniões da Srª Seara (perdão, Drª Jornalista Judite de Sousa) nos jornais desportivos, vamos vendo a distopia a crescer. Não será apenas em Abril.



*título copiado daqui

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