Eastern Promises
Não percebo os fiéis de Cronenberg que vêem neste filme uma traição. Ele não só se encontra intimamente ligado à longa-metragem anterior, como dá continuidade a movimentos passados do universo do autor: Spider (2002) foi uma primeira incursão no cenário londrino; M. Butterfly (1993) abordava o tema da espionagem entre Estados, o qual em Eastern Promises é transposto para as relações entre Estados e crime organizado.
Uma das obsessões de Cronenberg – o corpo e as suas transfigurações – marca presença neste filme, numa sequência antológica da sua filmografia – o atentado na sauna. Desta vez o corpo é visto com uma ambivalência inquietante: as tatuagens são máscaras que tanto podem identificar como esconder.
Viggo Mortensen, na pele de Nicolai, volta a ser uma peça fulcral na história contada pelo realizador canadiano. É uma grande interpretação, que se distingue da de Uma História de Violência pelo processo de interiorização. As motivações da sua personagem nunca são plenamente desvendadas ao espectador, como se a sua conduta fosse explicada por uma promessa silenciada, que fará tudo para cumprir. É um filme que cintila na sala de cinema como a neve na noite escura.
Etiquetas: David Cronenberg, filmes, Viggo Mortensen
2 Comments:
Eu, que nem sou crítico de cinemas, proponho uma leitura deste filme em Promessas Perigosas, Cronenberg, 2007
Já li o texto. Concordo e recomendo a sua leitura, juntamente com os comentários adicionais, aos cibernautas que passarem por esta caixa de comentários.
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