Business as usual?: É curioso verificar que nos países mais ricos a relação entre quadra natalícia e transacção de tudo o que é bugiganga tem vindo a ser crescentemente posta em causa. Ainda há pouco,
via Atlântico, dei com mais um
site anti-compras-de-natal, neste caso promovido por um grupo de canadianos anabaptistas. Tal
ideia não é, nesses países, de
agora, e tem estado predominantemente associada ao humanismo céptico
[veja-se, a título de contexto, esta crítica ao conhecido livro de Tom Flynn]. Por cá, afirmo-o do alto da minha sociologia de comboio, a crise que ataca muitos lares e tem levado a um considerável corte nas despesas da época anda já a ser verbalizada como posição de princípio contra o desperdício, o materialismo e a poluição. Nos anos noventa, pelas vacas gordas, no comboio escutavam-se pais que discutiam
leasings de carros a dar aos filhinhos. Por que será que somos tão oito ou oitenta?
Regressos: para os mais distraídos, voltaram recentemente ao blogo-convívio a Susana Bês, no
Lida Insana, e o Miguel Silva (sim, do
Tempo dos Assassinos), agora no
Bios Politikos. Ainda bem.
Divulgação: A segunda edição do ciclo de colóquios 2007-2008 organizado pelo
Centro de Reflexão Cristã terá lugar na próxima terça-feira, dia 11 de Dezembro, como de costume pelas 18:30, no auditório do
Centro Nacional de Cultura. Este colóquio tem por mote "Jesus de Nazaré segundo Ratzinger / Bento XVI". Nele confrontarão perspectivas sobre a mais recente obra do actual Papa o Prof. José Luís de Matos e o P. Henrique Noronha Galvão.
2 Comments:
"a crise que ataca muitos lares e tem levado a um considerável corte nas despesas"
Talvez. Mas recentemente, em conversa com a minha dentista, ela dizia-me que esta época é má para os dentistas: as pessoas gastam todo o dinheiro disponível em compras de Natal e adiam a ida ao dentista, pelo que nesta época os dentistas têm falta de clientela.
Fico espantado e estarrecido com a atitude de pessoas que preferem gastar o seu dinheiro em compras de Natal a gastá-lo com a sua saúde.
Luís Lavoura
Luís,
parece-me que todas as pessoas que não têm grande margem de manobra monetária necessitam (por vezes, em diferentes momentos do ano) de fazer esse tipo de opções: em Setembro, com os livros e material escolar; nas períodos de férias; na altura de pagar impostos; numa situação extraordinária (acidente, pequeno roubo,compra extraordinária de utensílio doméstico, etc. ). Se muita gente dá valor à oferta de uma lembrança de Natal aos mais próximos enquanto expressão de afecto e agradecimento, de comunhão do que tem, isso não me parece nada fora do razoável. O que me parece absurdo é a prenda por obrigação social, ou a prenda de grande valor monetário como afirmação de determinado estatuto, a prenda superior ao que se ganha e tem; isso é do domínio do disparate, claro.
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