Concordo com o
Fernando, a série documental
"A Guerra" começou bem. As declarações de Joaquim Furtado tinham-me provocado alguma reticência -
na linha do que, como o Bruno apontou, foi repetido por vários participantes no Prós&Contras, Furtado decl
arou ao CM que "apesar de já se terem passado quase 40 anos, [a guerra colonial/de libertação] nunca foi tratada e esclarecida como deveria", etc., etc., como se a antropologia e a historiografia ainda não tivessem pegado no assunto - por isso vi com atenção este primeiro episódio. Pareceu-me sobretudo bem sucedida a contextualização geográfica, a par e passo, do deflagrar do conflito: sem a percepção do território, do tipo de povoamento e etnias em presença, da economia da região e da sua comunicação com espaço envolvente, dificilmente se podem perspectivar as investidas da UPA e a resposta política e militar e portuguesas. Eu não tinha a exacta noção de que o povoamento daquela zona do norte de Angola era tão disperso e tão esparso, nem de que as forças portuguesas da região estavam tão pouco armadas, ou de que a UPA foi abastecida de material bélico por militares tunisinos pertencentes a um contingente da ONU. Achei surpreendente que populações tão próximas da fronteira, com algum contacto com o Congo, ouvissem boatos de insurgência independentista e nela fossem tão descrentes. Por último, a forma como os antigos membros da UPA falaram das investidas contra os colonos espantou-me.
Vasco Lourenço [ora aqui está alguém que não me imaginava a citar] já o disse: ainda que nada inédita, a postura serena e desprendida de Holden Roberto, ao descrever a chacina que incentivou, reportando-se ao assassínio de mulheres e crianças como quem fala de uma acção de guerra legítima, é para mim difícil de inteligir.
Quanto a uma contextualização histórica mais alargada, talvez a sua omissão se explique por ter o autor desejado colocar o espectador no lugar de quem viveu os acontecimentos; ou talvez ela venha a acontecer a par e passo, ao longo dos próximos episódios. A ver vamos. Deste primeiro episódio gostei.
[embarque de tropas portuguesas: Wikimedia Commons]
3 Comments:
Simon Wiesenthal – onze milhões de mortos no Holocausto
Portanto onde é que Wiesenthal foi buscar o número onze milhões, incluindo cinco milhões de não-judeus?
Numa conversa privada, Bauer colocou-lhe essa questão. E Wiesenthal contou a Bauer onde fora buscar esse número. Wiesenthal contou-lhe que o tinha inventado. É verdade, ele tinha-o fabricado! E porque o tinha ele inventado? Wiesenthal inventou-o, escreveu Bauer em 1989, "para fazer com que os não-judeus se sentissem como se fizessem parte de nós." Wiesenthal já tinha manifestado a um repórter do Washington Post em 1979, quando lhe disse que "Desde 1948 eu procurei com outros líderes judeus não falar dos aproximadamente seis milhões de judeus mortos, mas antes de onze milhões de civis mortos, incluindo seis milhões de judeus."
AQUI
Pessoalmente, gostaria de saber o que se passou desde os anos 30 a 61 para melhor perceber o inicio da Guerra colonial,sou um ex combatente (anos 69/70/71)e penso que está a passar a ideia que todos os colonos eram uns benfeitores e que foram para lá só para ajudar os indigenas,pelo que vim acho que não é bem isso ,
no final dos episódios que vão passar pode acontecer que fique esclaracido.
Caro anónimo,
também eu espero ver melhor contextualização histórica nos próximos episódios; caso isso não aconteça, permita-me que recomende o livro de Pedro Aires Oliveira, anunciado num post mais acima "Os Despojos da Aliança", que trata a questão da colonização/descolonização a partir da relação luso-britânica.
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