Guerra Colonial/Guerras de África/Guerras de Libertação/Guerras de Descolonização - os "Jovens" e a História
Tendo em conta o que foi dito no Prós e Contras - sempre muito interessante, infelizmente nem sempre pelas melhores razões - parece que há uns mais velhos a precisar de ler uns quantos historiadores (mais ou menos "jovens").
Aliás, o mais curioso foi que boa parte do programa foi ocupado a discutir coisas sobre as Guerras da Descolonização Portuguesa que estes veteranos não sabiam por as terem testemunhado, mas sim por as terem lido em qualquer lado ou ouvido a alguém. Alguns até diziam, mas olhe que eu não sou historiador!
Deixo só uns exemplos de coisas que escaparam... A ideia de que Salazar não sabia que ia haver guerras de guerrilha nas colónias portuguesas é completamente falsa: ele começou documentadamente a preocupar-se e a preparar-se para isso desde 1957. O exército português começou a combater em Angola 1961 mais preparado (ou pelo menos prevenido) para a guerra de guerrilha do que o exército britânico na Malásia ou no Quénia, para não falar do exército francês na Indochina e na Argélia. (Sendo que todos os exércitos convencionais têm muitas dificuldades em adaptar-se a este tipo de combate não-convencional). Aliás quase sempre que se compara a descolonização ou a guerras com outros países sai asneira. A ideia de que Portugal vivia das colónias em 1974 ou em 1960 é mais um completo mito. O peso económico das colónias sempre foi marginal na economia portuguesa; ao contrário do das importações e exportações para a Europa Ocidental, que sempre foi central, como todas as estatísticas mostram.
Claro que os testemunhos têm muito interesse. E é com interesse que vou seguir a nova série de Joaquim Furtado que irá começar amanhã. Mas será pedir muito à RTP, que tanto diz que se preocupa com a história (e com os jovens), cuidar de ter pelo menos um historiador nestes programas? E nem precisava de ser jovem.
Etiquetas: País das Maravilhas ; Guerra Colonial
1 Comments:
Nem mais, nem menos, Bruno. É impressionante como se faz um programa cheio de gente (o que só por si, é meio-caminho para se não conseguir discutir em condições) e só há testemunho, não há perspectiva. Muita citação avulsa, não-identificada, muita emoção, muita necessidade de (re)afirmação. Um parlatório, não um debate.
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