quarta-feira, setembro 12, 2007

O Dalai Lama em Lisboa

Só uma personalidade rara como o décimo quarto Dalai Lama pode estabelecer uma ponte entre uma cultura tão exótica e remota como a do budismo tibetano e a cultura global em que vivemos. Ler o LivroTibetanos dos Mortos e Ética para o Novo Milénio permite compreender esse trajecto fascinante. Escrevi sobre o Dalai Lama e o seu projecto ético logo no início deste blogue, aqui.
É paradoxal que o 11 de Setembro e a luta contra o terrorismo sejam invocados para negar uma recepção oficial ao Dalai Lama pelos máximos responsáveis políticos portugueses. O Dalai Lama é um exemplo de resistência não-violenta a um Estado opressor; de conciliação entre a fidelidade a uma tradição religiosa muito particular e de defesa de valores universalizáveis; de empenho na libertação do medo e do ódio, as sementes do terror. Arnold Schwarzenneger recebeu-o como Governador da Califórnia e Sócrates recusa-se a recebê-lo como primeiro-ministro de um Governo Socialista. O antigo «exterminador» pode olhar de cima este país de «brandos costumes».

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3 Comments:

Blogger João Miguel Almeida disse...

Caro anónimo,

A quem interessa negar o direito à autodeterminação dos povos?

O seu comentário é longuíssimo, vou centrar-me nas «três questões básicas». As duas primeiras, que dizem respeito ao facto de considerar que o Tibete faz parte da China à 700 anos e era uma sociedade extremamente opressiva antes de 1950 dão-lhe pano para mangas. No entanto, encerram uma contradição: se o Tibete faz parte da China há 700 anos, então a China é responsável pela horrível sociedade tibetana antes de 1950. Se pelo contrário, a China nada tem a ver com esse extremo de opressão social, isso prova que o Tibete não faz parte da China há 700 anos.
Por fim, pergunta: «o que é melhor para as nacionalidades chinesas e para os povos do mundo nas vésperas do século XXI: a divisão e o dilaceramento da China, ou a preservação de sua unidade estatal e o progresso conjunto de suas nacionalidades?»
Trata-se de uma pergunta muito abstracta que esconde uma questão concreta: o que é melhor para os tibetanos? A minha opinião é que os tibetanos é que devem responder a esta pergunta.
Há outra pergunta que deve ser feita: qual a responsabilidade do actual Dalai Lama na situação? Ele tem defendido o legado espiritual tibetano e sublinhado o que pode existir de universal neste legado, não defendido qualquer modelo sócio-económico ultrapassado. A sua via tem sido a da não-violência, em contraste com as opções de outros independentistas pelo terrorismo.
Não sou um especialista em História do Tibete, mas como cidadão português apoiei o movimento a favor da independência de Timor-Leste. Quase todas as questões que se colocam em relação ao Tibete podiam colocar-se em relação a Timor-Leste. Não por acaso o Dalai Lama foi também recebido por Ramos Horta.
Na actual conjuntura em que se propõe uma «aliança de civilizações» em alternativa à «guerra de civilizações» não faz sentido invocar o 11 de Setembro e o terrorismo para negar uma recepção oficial a um líder não-violento.
Claro que existe uma proximidade cultural entre tibetanos e chineses, mas cabe-lhes decidir que tipo de relações políticas querem estabelecer entre si.

4:03 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Obrigado, Rouxinol!

1:57 da tarde  
Blogger Espiga disse...

"O que é o Zen?" com sensei Amy Hollowell

Em Coimbra, palestra, sexta-feira dia 28 de Setembro, às 19h
Local: no edifício da Associação Académica de Coimbra, auditório Salgado Zenha entrada livre

No Porto, sábado dia 29 de Setembro, das 10h às 17h
Programa: introdução ao Zen, introdução à prática da meditação
Local: UBP Porto, rua da Restauração, 463, 2.º Porto
Contribuição: €30 (estudantes e membros €25)

Em Lisboa, domingo dia 30 de Setembro, das 14h30h às 17h30
Programa: introdução ao Zen, introdução à prática da meditação
Local: UBP Lisboa, Calçada da Ajuda, 246, 1o dto 1300 Lisboa
Contribuição: livre

http://zenscribe.ovh.org/
http://zen-pt.blogspot.com/
http://uniaobudista-porto.blogspot.com/

6:22 da tarde  

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