Títulos no País das Maravilhas
Dizem que este problema dos títulos na sua encarnação universitário-político começou com a catedrocracia do Professor Doutor Oliveira Salazar. E eu a pensar (excesso de leituras, bem me tinham dito) que se podia pelo menos remontar a Mestre Julião (o quase eterno chanceler do nosso D.Afonso Henriques, D.Sancho I e D.Afonso II); e que uma nova e importante vaga veio com os doutores que tomaram conta da República, em 1910, e a quem faltavam outras titulaturas.
E agora? E hoje em dia! Não há dúvida de que o caso parece muito sério. O hábito consagrado de chamar engenheiro a qualquer bacharel de engenharia tem de acabar!!! Parece que um simples licenciado em engenharia não registado na Ordem deixa de ser engenheiro?!? (Quantas vidas destruídas, Deus meu! Quantas empresas abaladas!!)
E fica a grande questão: estará iminente o dia em que qualquer reles licenciado sem doutoramento deixará de poder ser tratado (com o respeitinho devido) por doutor?! O que será deste pobre país (moderno, evidentemente)?! Uma crise seríssima, sem dúvida!!! Espero que a imprensa de referência continue a publicar pedidos de esclarecimentos sobre pontos obscuros nas suas reportagens de investigação afrontando heroicamente os assessores de imprensa do governo relativamente a uma questão tão essencial. Censura nunca mais!!! (Um governo preocupado com a sua imagem, onde é que já se viu isso!?!)
Estou certo aliás que a imprensa rejeita todas as pressões e não faz fretes, a começar pelos seus patrões. Parece que o único (doutor?engenheiro?) patrão que manda na imprensa é o governo no caso da RTP e da RDP. Parece que, por uma qualquer razão que convirá explicar, só aí os heróicos jornalistas se deixam mandar. O que sendo mau, é menos mau, já viram se fosse assim em todo o lado?!
Enfim, junto a minha à vossa voz, povo amigo, é preciso que o primeiro-ministro esclareça! Direi mesmo mais: esclareça cabalmente, provando que está inocente!! (Quanto ao deficit parece que vai melhorzinho: 3.9%. Mas que importa isso no país do títulos?!)
Mas quem pede esclarecimento sobre títulos também os deve dar. Isto, apesar da minha vontade de tomar conhecimento (sequer de vista) da polémica entre o Fernando Martins e o Daniel Oliveira ser nula. (Em todo o caso, ainda bem que o Daniel tinha à mão o CV do Rui Tavares, pois é um historiador e articulista de muito talento, que muito aprecio – com ou sem aspas, perdão, com ou sem barba – e não tinha referências de toda a sua obra.) Dizem-me, no entanto, que o Fernando Martins terá feito um apelo para eu esclarecer o Daniel e o Mundo sobre a acusação que este último lhe faz de ele, Fernando, ser uma inexistência. Bem sobre isto o que se me oferece dizer é que, ainda que eu defenda a tese (admito que contestável, mas é a minha) de que o Mundo não se reduz apenas às pessoas e lugares que o Daniel Oliveira conhece, creio que é evidente para todos que o Fernando Martins é, essencialmente, uma personagem virtual, um nickname deste blogue. Portanto, sendo O Amigo do Povo, ainda por cima, um blogue expressamente desalinhado, e fazendo o Fernando Martins parte da facção direitista, não é a mim que devem ser pedidas contas. É à Universidade de Évora que tem na sua lista de professores do departamento de história um dito Doutor Fernando Martins. É ao Professor Doutor Fernando Rosas (que o Daniel Oliveira provavelmente conhece e de cuja existência, portanto, talvez não duvide) que terá orientado o dito Fernando Martins na sua tese de doutoramento, concluída vai para um ano. É a várias revistas académicas que aceitaram publicar artigos do referido "historiador" Fernando Martins. É a eles e não a mim que devem ser pedidas contas, esclarecimentos, uma notazinha à imprensa.
A mim só me resta terminar com um grande bem hajam meus senhores, doutores, engenheiros, historiadores (com e sem aspas) etc., etc., etc.! É aproveitar enquanto durar, qualquer dia vem a revolução e acabam-se os títulos!
Etiquetas: País das Maravilhas
1 Comments:
eheheh... Vá lá que a gente ainda se diverte com isto.
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