domingo, março 25, 2007
A gala dos “Grandes Portugueses”, que a RTP apresentará hoje à noite, continua a alarmar muitos nossos concidadãos de boa vontade, amantes da democracia e da liberdade, além de incondicionais do regime. Escudando-se algumas vezes no absurdo da iniciativa, por não a considerarem séria do ponto de vista histórico e historiográfico, ao mesmo tempo que defendem, por exemplo, que uma escolha como aquela ou não pode fazer-se ou, ao menos, não pode ser concurso e, portanto, entretenimento, na verdade arrepiam-se pelo facto de Oliveira Salazar poder vir a ser o escolhido. Isto depois de, surpreendentemente (?), ter ficado entre os dez finalistas. Ou seja, as consciências políticas e históricas críticas do evento, de modo totalmente inesperado, levaram mais a sério o concurso do que os seus próprios promotores, gente que o usou com o singelo objectivo de conquistar boas audiências e, consequentemente, produzir uma vez mais “serviço público” de altíssima qualidade na televisão do Estado e de todos os Governos. Mas tirando a preocupação manifestada por aqueles que constituem indiscutivelmente a reserva moral da nação, e vêem os “Grandes Portugueses” como um acontecimento político da maior transcendência, sobram naturalmente umas poucas interrogações. Seria melhor que o concurso não se fizesse? Que se fizesse apenas com candidatos da linha justa? Que só pudesse escolher os “Grandes Portugueses” gente “esclarecida”?
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