Foi aprovada pela Câmara dos Comuns a decisão de renovar o armamento nuclear britânico. A questão nuclear é de há muito controversa entre os trabalhistas, que tinham tradicionalmente – e tal como sucedia com os sindicatos – uma forte relação com o militante e bem organizado movimento pacifista britânico. Este tema sempre foi, por isso, um teste à autoridade dos primeiros-ministros trabalhistas, à sua capacidade de impor a disciplina partidária face a convicções pessoais e interesses militantes. A derrota de Blair – que só conseguiu passar a lei com o apoio dos Conservadores – confirma e acentua a erosão do seu poder. Ele é, afinal e declaradamente, um primeiro-ministro com os dias contados.
Mas a votação tem implicações mais vastas. A ogiva atómica independente britânica na verdade está dependente da tecnologia norte-americana, dos mísseis vindos dos EUA, para chegar a qualquer lado. Ao ser renovada nestes termos a política nuclear britânica, fica garantido por mais umas décadas que o cordão umbilical que liga Londres a Washington só muito dificilmente poderá ser cortado. Quem deseja uma política de externa e de defesa europeia concertada e independente com a participação de Londres (como eu) terá provavelmente muito que esperar.
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