terça-feira, março 20, 2007

Tariq Ramadan e o Bloco na peugada do Profeta


Veio a Portugal Tariq Ramadan, um dos principais teólogos e pensadores muçulmanos na Europa. Para se perceber o seu impacto é importante saber que ele é neto de Hassan al-Banna, o fundador do principal movimento islamista a nível mundial: a Irmandade Muçulmana. E que se tem destacado por procurar argumentos religiosos para modernizar e democratizar o Islão, para o fazer mais europeu.

Há quem se queixe que não chega, há quem exija críticas e mudanças mais radicais. Mas eu tendo a valorizar a importância e coragem deste esforço a partir de dentro, e a apreciar as dificuldades da emergência de uma democracia islâmica.

Dito isto, não deixa de ser interessante ter sido o Bloco de Esquerda a convidá-lo a vir a Portugal. Tariq Ramadan teve problemas com os EUA de Bush e os neo-conservadores? Teve. Mas também os teve com a França, estado laico, e os laicistas de serviço. Espero que os tenha explicado aos seus anfitriões do Bloco como o fez há uns tempos atrás numa entrevista: o que está errado num laicismo de estado como o francês não é a sua hostilidade ao Islão, é a sua hostilidade às religiões em geral. E, pelo vistos, não são só as velhas religiões que encerram contradições, o novo multiculturalmente correcto também as tem.