O (outro) País das Maravilhas
Desculpa, Fernando, exactamente qual é que era a tua questão? É que estava distraído com o facto do Fernando Collor ter sido eleito senador por Alagoas. Ou pelo Alckmin já estar à procura do apoio do PMDB para o "segundo turno".PS - Será mesmo que preferes aos cépticos, divertidos e geralmente bem informados diplomatas britânicos (se bem que, por vezes, admito, um bocadinho racistas), por exemplo, os diplomatas dos EUA - da Indochina ao Iraque - que achavam que lá bem no fundo somos todos americanos a tentar saltar cá para fora, e que democratizar é simples, barato e dá milhões (assim toda a gente siga os seus conselhos)?! Estou a estranhar-te.

5 Comments:
Bruno,
Não faço nem coloco "questões". Faço perguntas! E se não as percebes não sei porque razão lhes respondes.
Mas se o problema no Brasil é o sistema político, então não tenho dúvida de que o Lula tem feito tudo para mudá-lo praticando um populismo infrene ao mesmo tempo que fomenta a corrupção nos termos exactos de uma frase que ficou famosa nestas eleições brasileiras, embora proferida por outro candidato e com a qual tu concordas: “Eu roubo mas faço”. De qualquer modo, e quando me refiro à corrupção, nem sequer estou interessado nos escândalos mais badalados. Estou apenas a falar dos votos que se compram a preço de saldo à custa da miséria moral e material de muitos eleitores. E mesmo que não seja apenas o PT a praticá-la, como não é apenas no Brasil que se compram votos aos mais pobres promovendo benfazejas políticas sociais, a verdade é que a mim esse tipo de práticas repugna-me (peço desculpa pela franqueza e pela ingenuidade). Daí que, e naquilo que respeita ao apoio que manifestaste à social democracia brasileira praticada no primeiro mandato de Lula, veja da tua parte uma profunda simpatia por grandes políticos cá do burgo como o major Valentim Loureiro, Mesquita Machado, Isaltino de Morais ou Alberto João Jardim, para falar em muitos outros da mesma estirpe que por aí andam e de que ninguém fala. Finalmente, e vista a tua abertura e compreensão para com uns truques que apenas têm como finalidade fazer o bem ao povo matando-lhe a fome ao mesmo tempo que matam a democracia, suspeito existir uma vocação escondida.
Quanto à diferença que estabeleces entre diplomatas britânicos e norte-americanos, e fosse eu, por exemplo, oposicionista do Estado Novo entre 1933 e 1974, então era óbvio que preferiria o discurso e a prática dos diplomatas norte-americanos. Tu, pelo contrário, viverias deslumbrado com o "realismo" dos britânicos esquecendo porém uma coisa que qualquer pessoa minimamente bem informada sabe que nunca lhes passou pela cabeça: legar aos ex. colonizados as instituições que tinham em casa.
Se a política no Brasil hoje á mais virtuosa deo que há 10 anos atrás - o que é duvidoso - isso se deve muito mais aos 8 anos de poder de Fernando henrique Cardoso do que aos quatro de corrupção generalizada de Lula.
Não consigo perceber a lógica aqui inerente, de que há corrupção mais aceitável do que outra. Não se deveria condenar todos os corruptos?
Meus caros
Dou-me mal com o moralismo em politica e na analise (seja de diplomatas ou de outros). Principios sim, sao indispensaveis, mas nao devem servir de desculpa para nao encarar a realidade.
Se fazer politicas sociais e o mesmo que distribuir electrodomestico a eito realmente nao ha muito terreno comum para discutir.
Sou, como toda a genta, contra a corrupcao. Qual e que e a novidade disso? Suponho que toda a gente seja em principio contra o homicidio, o que nao quer dizer que seja facil acabar completamente com ele. Alguem acredita no Alckmin quando tem como grande bandeira eleitoral acabar com corrupcao? Se isso nao e populismo, e o que?
Eu nao sou a favor da compra de votos de deputados, limitei-me a dizer que isso para mim, tendo em conta a forma como funciona ha dois seculos a politica brasileira, nao chega para anular o lado positivo do governo do Lula.
E condenar a corrupcao nao implica deixar de pensar a fundo sobre o assunto. Alguem contesta que o nivel de corrupcao e o nivel de pobreza e desigualdade sociais estao relacionados? A Suecia e menos corrupta que o Brasil so porque uns sao moralmente mais limpos do que outros?
Nao e pelo facto de se querer muito uma coisa que ela acontece, sobretudo se isso implica fechar os olhos a realidade (veja-se os falhancos estrondosos e muitas vezes sangrentos da politica externa americana.)
PS Caro Fernando aquilo de nao perceber a pergunta/questao era uma ironia.
Caro Bruno
É óbvio que a corrupção - assim como a violência - grassa em países com uma desigualdade social como a do Brasil.
Agora partir desta constatação para classificar todos os políticos do Brasil como corruptos e assim desculpabilizar a roubalheira generalizada do governo Lula, é que constitui um erro.
Alckmin está longe de ser o homem ideal para a Presidência. Mas o certo é que nos muitos anos que governou o Estado de São Paulo - o mais rico do país - nunca montou uma «rede» como a que Lula e o PT pôs a circular em Brasília.
Quanto à prioridade social do governo Lula, longe de constituir uma política de fundo, está muito mais próxima de um assistencialismo inconsequente e a médio prazo insustentável.
Naturalmente que para quem tem fome, análises macro-económicas são retórica, mas quando se analisa a fundo a última década o que se vê, é que foram os anos FHC - e não os de Lula - que conseguiram retirar mais gente da linha da extrema miséria e reanimar a quase falida economia brasileira.
E isso sem a profusão de mensalões, dólares nas cuecas, enriquecimento de filhos, compra de dossiers, etc, etc, etc
Um abraço
Caro Alexandre,
Respeito a sua posição. E, embora mantendo algumas minhas dúvidas, aprecio a sua análise que, sem dúvida, merece consideração.
Um abraço
B
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