sábado, setembro 30, 2006

Ainda o Brasil de Lula

O post do Bruno aqui no Amigo do Povo e o artigo de António Costa Pinto publicado hoje no Diário de Notícias trouxeram-me à memória muitos dos relatórios escritos na década de 1930 por diplomatas britânicos colocados em Portugal e nos quais descreviam e analisavam sobranceiramente as peripécias da vida política lusa. É certo que o Bruno Cardoso Reis e o António Costa Pinto não chegam a ser racistas como os funcionários do Foreign Office. Porém revelam um paternalismo e uma condescendência para com a corrupção brasileira na versão Partido dos Trabalhadores e uma compreensão para com o estado em que se encontra do regime democrático no Brasil que, na minha modesta opinião, os brasileiros, ricos, pobres ou remediados, não merecem e, sobretudo, não necessitam.
O pior que pode acontecer ao Brasil e à sua democracia é que se compreenda e desculpe tudo o que de mal vai sendo feito por causa do "mito" das circunstâncias ou do "contexto" (para citar o título de um pequeno-grande livro de Karl Popper e de um ensaio aí inserto). O Bruno e o António Costa Pinto – que sacrifica a política à diminuição da desigualdade na distribuição de riqueza –, pensam, no fundo, que a baixa qualidade da democracia é pior que a ausência de democracia – com o que concordo –, mas também parecem pensar que esta democracia coxa parece condenada a apenas melhorar – e com esta dedução implícita eu discordo totalmente. É que uma má democracia mais facilmente se torna numa outra coisa qualquer do que numa boa democracia.Quanto às responsabilidades morais dos cientistas, falar-se-á delas numa outra oportunidade.