Obituário de um historiador
Nunca li o prefácio à última edição da biografia de Hitler publicada, salvo erro, no ano 2000, e que ao que parece, segundo algumas notícias, insiste em termos menos ortodoxos na natureza não excepcional do nazismo. Mas li - aliás nunca li mais nada escrito por Fest, excepto pequenos excertos da sua biografia de Albert Speer – a edição em língua inglesa da aclamada biografia de Hitler. Noutros tempos dei excertos do livro a ler aos meus alunos de história contemporânea. São passagens que merecem ser conhecidas por merecerem compreendidas e discutidas. Um dos mais importantes e surpreendente excerto dessa biografia a caminho da meia idade é o prólogo intitulado "Hitler and Historical Greatness". Aí, e recorde-se que o prólogo foi lido pela primeira vez na Alemanha em 1973, Fest inicia a sua prosa afirmando que a “História não regista nenhum fenómeno como ele” e que, portanto, nos devemos interrogar e discutir se Hitler merece o adjectivo de “grande”. E conclui que caso o cabo austríaco feito chanceler da República de Weimar em Janeiro de 1933 tivesse morrido cinco anos e meio depois de ter chegado ao poder ninguém lhe regatearia o adjectivo. Isto apesar de Mein Kampf, do programa anti-semita e de conquista do poder mundial com recurso à força das armas ali expresso. E depois Fest termina: “Podemos chamar-lhe grande?”
Nota final: Três obituários de Joachim Fest estão aqui, aqui e aqui.
3 Comments:
Bom post, vou linkar (até por me sentir menos culpado por não ter escrito sobre fest ontem...)
Obrigado!
Recentemente também soube, por alguns naturais de Munique, que a pena de Hitler por causa do putsh falhado em 1923, na Baviera, era de cinco anos de cadeia. Só cumpriu alguns meses. Tivesse ido até ao fim, e a história seria diferente.
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