domingo, setembro 17, 2006

O Papa e o Islão


Quando Ratzinger foi eleito, em Abril de 2005, deixei claro no Barnabé - numa das tais homilias que tanto ofenderam certas almas anticlericais mais sensíveis - que não me parecia que este papa tivesse sido grande escolha, nomeadamente pela sua falta de sensibilidade para o diálogo inter-religioso.

Viu-se agora o resultado. Bento XVI não terá querido, no agora famoso discurso de Rastibona, ofender deliberadamente o Islão, e nele argumentou até explicitamente a favor do diálogo entre religiões e tradições culturais. Mas a sua escolha de citações mostra que ainda não percebeu que não está a dar aulas ou a admoestar teólogos, está a ser escutado, se bem que nem sempre com grande atenção às nuances, pelo mundo!

Dito isto, não deixa de ser triste que a indignação entre os muçulmanos que sentiram ser injusta a acusação da sua religião promover a violência, tenha resultado precisamente em mais actos violentos. E não deixa de ser lamentável que dirigentes de países islâmicos onde se pratica a discriminação legal dos cristãos, ou até mesmo a proibição da prática pública da fé cristão e em que a apostasia dos muçulmanos é punida por lei, venham agora dar lições de tolerância.

Apesar de tudo isto convém lembrar que estes gestos violentos foram a reacção de uma pequena minoria do 1 bilião de muçulmanos. O «Choque de Religiões» tem de esperar! Seria bom, no entanto, que os diplomatas do Vaticano - sempre tão criticados quer por católicos progressistas, quer por católicos tradicionalistas - tivessem alguma mão no papa antes de ele falar, e não apenas depois, como neste caso.

8 Comments:

Anonymous Anónimo disse...

Excelente post, Bruno. Muito bem!!!

Luís Lavoura

3:50 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Mas quem disse que as boazonas têm que pensar? Esta sexagenária marchava bem, ora se marchava, com tampões nos ouvidos.

5:38 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Convinha que o bruno não fizesse figura de 'frei' bento, que não bolsasse sobre o que não leu. E é tão fácil, está aqui aquilo que irritou, vá-se lá saber porquê, os barbudos desmiolados:
http://www.vatican.va/holy_father/benedict_xvi/speeches/2006/september/documents/hf_ben-xvi_spe_20060912_university-regensburg_en.html

5:41 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

ó carago, a boazona era a Mena Mónica e não os barbudos desdentados...

5:44 da tarde  
Blogger Rui Fernandes disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

7:26 da tarde  
Blogger Rui Fernandes disse...

Este comentário foi removido por um gestor do blogue.

7:28 da tarde  
Blogger Rui Fernandes disse...

Bruno o teu post vai no bom sentido e é especialmente de louvar quando é um católico a escrever. A esmagadora maioria dos nossos laicos da blogosfera não tiveram metade da honestidade e clarividência que demonstrastes no post. Só não coincido 100% contigo porque acho que realmente o papa quis ofender o islão deliberadamente, isso ou está senil. E as ofensas vão muito além das citações, e mais, a parte do discurso que expressa a opinião pessoal do papa termina por evidenciar que concorda com as tais citações. De qualquer forma parabéns pelo post, já que dada a temperatura do ambiente bem o mereces.

7:30 da tarde  
Blogger bruno cardoso reis disse...

Caro Anónimo e Rui, obrigado. Caro Anónimo (bis) eu li o texto e chamo a atenção no poste para o facto de o papa até concluir com um apelo ao diálogo entre religiões e diversas tradições culturais. (Qual a sua opinião pessoal sobre o Islão é - provavelmente felizmente - impossível de saber).

Dito isto, a citação da polémica foi evidentemente mal escolhida em função desse objectivo papal. Mesmo que se admita que de má fé, a verdade é que ela permitiu aos radicais islamistas ter mais uma bandeira para agitar. Precisamente aquilo que o papa deveria quer evitar.

1:37 da tarde  

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